Bibiano Fernandes recusou o UFC e virou astro do MMA na Ásia

Amazonense vive no Canadá há 11 anos, fez carreira na Ásia, mas não se esquece de suas origens amazonenses
Amazonense vive no Canadá há 11 anos, fez carreira na Ásia, mas não se esquece de suas origens amazonenses
Amazonense vive no Canadá há 11 anos, fez carreira na Ásia, mas não se esquece de suas origens amazonenses

MANAUS, AM – Há 11 anos, Bibiano Fernandes deixava Manaus, cidade onde nasceu e iniciou sua trajetória no mundo das lutas, rumo a uma experiência no Canadá. Agora, ele colhe os frutos de uma decisão acertada: está invicto há mais de cinco anos, virou astro do MMA no mundo asiático, e vive uma fase profissional tão segura que lhe permite não colocar o Ultimate Fighting Championship (UFC), maior organização de MMA do mundo, como meta de vida.

“Não tenho o sonho de lutar no UFC. Eu sou um cara com objetivos na vida, meu objetivo era chegar aqui, e eu cheguei”, afirmou  o atual campeão dos galos do One FC, em entrevista por telefone à reportagem do DIÁRIO.

Não que ele esnobe o UFC. O contato até houve, anos atrás, mas a proposta não foi das mais vantajosas, segundo Bibiano. Na época, ele já tinha tido uma trajetória marcante pelo Dream, onde foi campeão dos penas e galos. “Eu já tinha minha casa, minha família, estava bem estruturado. Falei pra eles: ‘não acho certo o jeito que vocês estão negociando comigo, eu não vim lá de trás. Se quiserem fazer negócio comigo, façam uma proposta que aí eu vou’”, relembrou o amazonense, que logo em seguida foi procurado pelo One FC e ouviu a palavra tão esperada: valorização.

“O One veio e disse que o que o UFC quisesse negociar, eles pagariam o triplo, porque eles sabiam do meu valor”, afirmou ele, revelando um dos motivos que o fez seguir no mercado asiático e deixar de lado a organização de Dana White e dos irmãos Fertita. “Hoje, eu prefiro pensar na família. Conquistei muitas coisas, é a vez das crianças, da esposa”.

Desde a decisão pelo One, foram seis vitórias consecutivas e mais um cinturão pra coleção. Na última defesa, em janeiro deste ano, o amazonense superou Kevin Belingon, por finalização, e manteve a supremacia no peso-galo da organização.

De volta ao Canadá, – ele vive em Vancouver -, Bibiano dedica seu tempo à família, às aulas de jiu-jítsu e também aos estudos. Mas ter feito boas escolhas pessoais e profissionais e contar com o apoio incondicional da família – a sogra cuidou dos três filhos de Bibiano quando ele viajou com a esposa para lutar na China – não bastam para obter sucesso. Tudo isso só é possível com a mentalidade e dedicação necessárias. E isso o amazonense tem de sobra. “O atleta tem que ter a cabeça no lugar. Se quiser ficar saindo em balada,  não chega a lugar nenhum. Tem as escolhas que você pode fazer. Eu escolhi me dedicar. A primeira vitória é que vem de dentro de mim”.

E nesses treinos Bibiano tem um companheiro bastante respeitado no cenário mundial. É Demetrious Johnson, campeão dos moscas do UFC, de quem Bibiano virou amigo nos últimos anos. “A gente se ajuda muito, eu ajudo muito ele no grappling. Comecei a ter amizade com ele na primeira luta dele com o Dominick Cruz. É um moleque muito gente boa”, disse Bibiano, revelando que o amigo não faz pressão para que ele vá para o UFC. “Ele até diz que queria me ver lá, mas eu não sei mais quanto tempo tenho de carreira. Deixo nas mãos de Deus”.

Do calor de Manaus para o frio canadense

Das ruas do Coroado, onde costumava brincar de futebol no asfalto quente,  para o severo frio canadense. Bibiano lembra que já enfrentou temperatura de 40 graus negativos, mas, hoje, já está adaptado ao clima do País. “Um amigo meu até falou: ‘Como pode tu estar aqui, né’? Mas com certeza é um mistério que Deus tem para nos dar. Estou aqui para evoluir”.

Mas o calor amazonense faz falta. “Tenho muita saudade daquela quentura, com certeza. De abrir a porta do carro e sentir aquele calor sinistro”, lembra ele, que também sente falta dos tradicionais peixes da Amazônia no cardápio.

Mesmo com saudades, o lutador, que começou no jiu-jitsu aos 14 anos e completa 36 de idade  no fim deste mês, tem a certeza de que seguir para o Canadá foi a melhor decisão que poderia ter tomado.
“A gente tem que abrir mão de muita coisa pra ir adiante. Sinto falta de muitas coisas, mas Deus já me deu outras coisas aqui. Eu tive uma vida no Brasil, hoje tenho uma vida no Canadá, mas cresci muito como pessoa aqui, principalmente no lado mental”, avalia.

Certo de que seu lugar hoje é o Canadá, ele não deixa de exaltar suas origens nas lutas. Sempre que tem um combate, Bibiano estampa o nome da cidade de Manaus na camisa e no material de luta. Mas diz que não recebe um centavo por isso. “Eu faço isso por amor, ninguém me paga por isso. Eu coloco que é para todo mundo saber onde eu nasci, de onde eu vim”, afirmou ele.

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