Ataques marcam primeiro debate entre presidenciáveis na Band

27-08debateSão Paulo – A 40 dias da eleição, o primeiro debate da campanha de 2014 entre candidatos a presidente, ontem na TV Bandeirantes, tornou a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, alvo prioritário de seus dois principais adversários: o ex-governador Aécio Neves (PSDB) e a ex-senadora Marina Silva (PSB).

Logo no início do bloco que permitia perguntas entre os candidatos, pelo menos um tema uniu, em perguntas distintas, Aécio e Marina contra Dilma: a situação da economia.

Levando para o debate ecos das manifestações de junho de 2013, Marina citou os pactos pela mobilidade urbana e pelo controle da inflação.

– Por que eles não foram cumpridos? – questionou Marina.

A presidente reagiu, afirmando que considerou os pactos cumpridos, que “a inflação está sendo sistematicamente reduzida”, e que tem cumprido o compromisso com a estabilidade econômica. A candidata do PSB reagiu à resposta, com um ataque direto à gestão Dilma, cobrando a reforma política para o país, com uma frase de efeito.

– Esse Brasil que a presidente apresentou, quase cinematográfico, não é o Brasil que existe. Nós continuamos parados esperando os ônibus – disse Marina.

Medo do futuro

As críticas à política econômica voltaram, depois de uma pergunta que a própria Dilma fez a Aécio Neves. Garantindo que, em seu governo, teve “a menor taxa de desemprego da história”, a presidente provocou o adversário ao perguntar a ele que medidas impopulares tomaria, a exemplo das que teriam sido tomadas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso:

– Eu me sinto lisonjeado em a senhora me olhar e ver o ex-presidente Fernando Henrique. Quem olha para o passado tem medo do futuro. No seu governo, 1,2 milhão de postos de trabalho foram fechados. É um país que não cresce, que não gera emprego. Que tem um conjunto de ações desastradas e desconexas em vários setores como o de energia. O governo do PT surfou nas reformas do Fernando Henrique.

Mediado pelo jornalista Ricardo Boechat, o debate reuniu os sete presidenciáveis. O nome do ex-governador Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo há duas semanas, foi citado apenas por Marina Silva, que ocupou seu lugar como candidata à Presidência, logo na apresentação do debate.

Ao abordar a questão da economia em sua pergunta para Aécio, Dilma aproveitou também para criticar as altas taxas de desemprego no governo Fernando Henrique Cardoso.

Mantendo as fortes críticas, Aécio declarou que o governo Dilma não inspira confiança e que não tem credibilidade por conta de ações que considera “desastradas e desconexas”, além de um intervencionismo forte na economia. E disse ainda que o governo do PT se aproveitou de reformas feitas no governo FH.

– É preciso que a senhora reconheça que o país não cresce e não gera emprego. O governo que a senhora comanda, infelizmente, perdeu a capacidade de inspirar confiança, credibilidade por um conjunto de ações desastradas, desconexas, um intervencionismo absurdo em setores como o de energia. A grande verdade é que o governo do PT surfou nas reformas feitas no governo do presidente Fernando Henrique. Mas a bendita herança acabou, e os brasileiros estão preocupados com o futuro – afirmou o tucano.

Em resposta aos ataques, a petista criticou a gestão tucana à frente do Palácio do Planalto, dizendo que o PSDB quebrou o Brasil e citou números de geração de empregos dos dois governos petistas. Dilma afirmou que, apenas em seu governo, já gerou mais empregos no país do que nos oito anos de Fernando Henrique na Presidência:

– A verdade é que o governo do PSDB quebrou o Brasil três vezes. Propôs aumento de tarifa, propôs que não se desse aumento de salários, tivemos redução salarial terrível nesse período. No meu governo, geramos mais empregos do que vocês geraram em oito anos. Estou gerando 5 milhões e 500 mil empregos, os números não podem ser enganosos, e o governo do PSDB cortou salários e deu tarifaços.

Manifestações de junho foram lembradas

Aécio Neves pediu que a presidente Dilma tivesse um “gesto de grandeza” para reconhecer que os programas sociais do governo do ex-presidente Lula tiveram o embrião nas gestões tucanas. E ironizou o fato de Dilma, ao assumir, ter mandado carta a Fernando Henrique elogiando os feitos na economia.

– Não tivesse havido governo do presidente Fernando Henrique, com estabilidade da moeda, sempre contra apoio do PT, modernização da economia, privatização de setores que deveram estar fora do estado, não teria governo do presidente Lula.

Foram os programas sociais do governo Fernando Henrique que levaram aos do presidente Lula. Reconhecer é gesto de grandeza que tem faltado a seu governo – alfinetou.

No mesmo bloco, Dilma e Marina Silva também foram para o embate. Primeira do bloco a perguntar, a ex-senadora escolheu questionar a petista sobre o que deu errado, já que, segundo ela, as propostas feitas por Dilma depois das manifestações de junho de 2013 não saíram do papel. A presidente respondeu que avalia que todas as propostas deram certo, que fez cinco pactos, entre eles a destinação de 75% dos royalties do petróleo e fundos do Pré-Sal para a Educação. Ela afirmou ainda que prometeu e cumpriu a implementação do programa Mais Médicos, e que a reforma política foi enviada para votação do Congresso, mas não passou:

– Eu considero que tudo deu certo, veja você. Fizemos também um compromisso com a reforma política, enviamos ao Congresso e não foi aprovada. Acredito que a reforma vai exigir a consulta popular através de plebiscito.

Partindo para o ataque, Marina Silva respondeu dizendo que o Brasil “cor de rosa” e “cinematográfico” apresentado por Dilma simplesmente não existe:

– Uma das coisas mais importantes para que a gente possa resolver os problemas é reconhecer que existem. Quando a gente não reconhece, não passa esperança para a população de que serão enfrentados à altura. Esse Brasil colorido, quase cinematográfico que Dilma mostrou, não existe na vida das pessoas. A gente continua parado no trânsito, a reforma política virou troca de ministros em troca de apoio e tempo de televisão.

No primeiro bloco, todos os presidenciáveis responderam a uma mesmo questionamento sobre Segurança Pública. Em sua vez, o presidenciável tucano seguiu a linha que adotou, de concentrar críticas ao governo federal. Ele afirmou ser preciso uma política nacional de segurança e citou o tráfico de drogas e armas, que passa pelas fronteiras.

– É preciso uma articulação definitiva do poder central com os estados. O tráfico de drogas e armas é uma responsabilidade da União – provocou o tucano, citando que é preciso uma reforma do Código Penal.

Dilma cita segurança durante a Copa

Por sorteio, Dilma falou sobre o tema depois do tucano e aproveitou para defender seu governo, em contraposição ao que citou Aécio anteriormente. Ela citou que, durante a Copa do Mundo, foram criados centros de coordenação para atender a demanda de Segurança Pública e que a iniciativa deu certo:

– Fomos capazes de ter um resultado muito efetivo no que se refere tanto a apreensão de drogas quanto de articulação das Forças Armadas com as polícias – afirmou. – A Segurança Pública, como todos sabem, é por competência atribuição dos estados.

Acreditamos que isso deve ser alterado porque deve ser compartilhado entre União e estados. A União e os estados não podem atuar mais de forma fragmentada, justamente porque o crime organizador age de forma coordenada em todo o território nacional.

Antes de falar sobre o tema proposto, Marina Silva lembrou que herdou a candidatura num momento de consternação, com a morte de Eduardo Campos. Em seguida, disse que queria trazer a mensagem da esperança.

– Cerca de 52 mil pessoas são assassinadas por ano em função da falta de apoio para que a Segurança Pública tenha, não apenas os recursos, mas os meios para que se tenha uma ação integrada.

Luciana Genro ataca principais candidatos

Já Pastor Everaldo lembrou que seu irmão morreu ao ser baleado na Avenida Brasil, no Rio de Janeiro.

– Vamos criar o Ministério da Segurança Pública capacitando a polícia de todos os estados – prometeu o candidato.

A candidata do PSOL, Luciana Genro, aproveitou o início de seu tempo para atacar Dilma, Aécio e Marina. Afirmou que foi expulsa do PT pela “turma do ex-ministro José Dirceu” e, ao falar de Marina, disse que ela se vende como terceira via, mas que tem uma banqueira tradicional em sua campanha, se referindo a Neca Setúbal, do Itaú. Já Levy Fidelix (PRTB) disse propôs privatizar as prisões. Eduardo Jorge (PV) defendeu a legalização das drogas, esvaziando boa parte das prisões, e fazendo com que a polícia se ocupe em investigar crimes mais graves.

Amazonianarede – Agência Globo

 

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