A Associação Clara Campoamor, grupo feminista espanhol de apoio a vítimas de violência de gênero, pediu ao Conselho Geral do Poder Judiciário investigação de uma juíza que fez perguntas “totalmente ofensivas” a uma vítima de estupro. De acordo com a organização, a magistrada questionou a uma mulher que pedia ordem de restrição contra seu suposto agressor se ela havia “fechado as pernas e todos seus órgãos femininos”.
De acordo com o jornal espanhol “El Local”, a vítima, grávida de quatro meses, foi a uma delegacia na cidade de Vitoria-Gasteiz, no País Basco, no dia 16 de fevereiro para registrar queixa contra um homem que repetidamente a abusava “sexualmente e psicologicamente”. No dia seguinte, ela foi chamada para depor perante a juíza.
“(A magistrada) mostrou descrença óbvia no testemunho da vítima, a questionou sem deixá-la responder, com perguntas conduzidas e ofensivas”, afirmou Blanca Estrella Ruiz, presidente da Associação Clara Campoamor, em comunicado. “Claro exemplo dessa atitude foi a juíza questionar repetidamente se a vítima fez alguma tentativa de resistir à agressão, incluindo se ela ‘fechou suas pernas firmemente’ ou se ‘fechou todos os seus órgãos femininos”.
“Tais questionamentos são não apenas desnecessárias a investigação, mas completamente ofensivas e violam a dignidade da vítima”, disse Blanca.
De acordo com o diário “El Mundo”, não é a primeira vez que essa juíza é acusada de procedimentos pouco usuais em casos de violência de gênero. Em uma oportunidade, ela chegou a interrogar, ao mesmo tempo, a denunciante e o denunciado, criando um ambiente de intimidação para a mulher.