Em 2 meses PIM acumula demissões e polo de duas rodas trabalha no vermelho

Atividades industriais no PIM
Atividades industriais no PIM

Manaus – O Polo Industrial de Manaus (PIM) registrou cerca de 2,5 mil demissões de trabalhadores somente de janeiro a fevereiro deste ano. O número de operários demitidos nesses dois primeiros meses já representa 41,7% dos desligamentos de todo o ano de 2014, quando 6 mil postos de trabalho foram perdidos no setor industrial da capital. As dispensas de trabalhadores são atribuídas à crise do setor de Duas Rodas e também nas empresas que fabricam aparelhos de ar-condicionado.

A Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) avalia que as demissões ocorrem pela sazonalidade do mercado e a baixa atividade econômica.

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (SindMetal-AM), no ano passado foram homologadas cerca de 28 mil demissões pela entidade. Desse total, 6 mil postos de trabalho foram perdidos durante a rotatividade de contratações e demissões.

“Duas fábricas praticamente geraram essas demissões: a Lenovo (antiga CCE) que demitiu quase 2.500 pessoas no ano passado, que não retornaram. A Philco e o setor de Duas Rodas demitiram muito também”, comentou o presidente do SindMetal-AM, Valdemir Santana.

No primeiro bimestre de 2015, as demissões se concentram no setor fabricante de condicionadores de ar, apesar da fase otimista que o segmento vem registrando. De acordo com a entidade sindical, as fábricas da Philco e Electrolux no Polo Industrial de Manaus dispensaram profissionais, contribuindo no volume de 2.500 demissões registradas até fevereiro. O número ainda pode aumentar para 3 mil demissões até o final deste mês.

“O setor de ar-condicionado é uma situação que depende muito das vendas da empresa e quando o clima está frio há uma retração. O que depende muito do mercado, que está equilibrado. Esse setor no ano passado de 4 mil empregos e subiu para quase 12 mil na fabricação de ar-condicionado Split”, justificou o presidente do sindicato.

O economista Luiz Bacellar avaliou que o volume expressivo de demissões é reflexo do momento de stress econômico que o Brasil vem passando. “Aumento de juros, inflação elevada e aumento de impostos são alguns dos ingredientes que estão contribuindo para isso. Neste momento, a demanda por produtos oriundos do Polo Industrial deve diminuir. No entanto, esse aperto monetário é necessário para ajustar as contas do país e tentar melhorar a credibilidade do Brasil perante investidores estrangeiros”, ressaltou o especialista.

Para o economista, as demissões são um movimento natural quando a indústria passa a produzir menos, principalmente aquelas que dependem do consumo interno e de crédito como, por exemplo, o setor de Duas Rodas no PIM e automobilístico no Sudeste.

O gov. José Melo, em visita ao PIM
O gov. José Melo, em visita ao PIM

Redução da produção

Em setembro de 2009, a empresa chinesa Lenovo Group anunciou a compra da CCE, numa transação de R$ 300 milhões (combinação entre dinheiro e ações da companhia para adquirir 100% da empresa). Na época, a nova proprietária da CCE disse que não realizaria cortes no quadro de colaboradores no Polo Industrial de Manaus. Entretanto, desde o final de 2014 havia no mercado rumores de que a maior fabricante de computadores do Brasil e do mundo estava reduzindo a produção de computadores na unidade da capital amazonense.

Agora a própria Lenovo confirmou que remanejou linhas de produção de bens de informática do PIM para a fábrica em São Paulo, com o intuito de promover o crescimento sustentável e manter o equilíbrio no momento econômico vivido no Brasil. A medida integra uma série de iniciativas envolvendo as instalações fabris da Lenovo na Zona Franca de Manaus.

“Inicialmente, a companhia balanceou sua força de trabalho, transferindo as linhas de PCs para a sua nova fábrica, em Itu (SP). Essa medida permitirá que a companhia ganhe eficiência operacional e financeira na unidade. Neste momento,  a Lenovo reforça o seu compromisso com Manaus, que segue como importante polo industrial.

A área de recursos humanos está centrando todos os seus esforços para atender e orientar os trabalhadores que estão sendo desligados, com apoio também dos Sindicatos. A Lenovo informa que vai honrar todos os seus compromissos com clientes, funcionários e fornecedores”, divulgou em nota.

A Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) atribui as demissões à crise mundial e ao período sazonal do Polo Industrial de Manaus. “Nesse momento temos que minimizar as demissões, pois é difícil controlá-las porque a atividade econômica está caindo.

Com exceção do início do ano passado que estava com aquecimento da produção e vendas de TVs para Copa, existe uma sazonalidade no PIM e é normal no início do ano. Só esperamos que não se agrave e até a metade do ano o número de empregos vai voltar a subir”, afirmou o superintendente interino Gustavo Igrejas.

O G1 procurou a Philco e Electrolux, mas até publicação desta reportagem as empresas não tinham respondido as solicitações de esclarecimentos.

Vendas no vermelho

Polo de duas rodas trabalha no vermelho
Polo de duas rodas trabalha no vermelho

Há cerca de dois anos mergulhado em uma crise e enfrentando sucessivas perdas, o segmento de Duas Rodas tem sido considerado o “vilão” do equilíbrio do PIM. O setor – responsável pela fabricação de motocicletas, ciclomotores, motonetas, bicicletas e similares – tem desacelerado a produção devido ao acúmulo de produtos nos estoques. O principal fator apontado por especialistas envolvem as operações de financiamento.

“Os bancos financiam a motocicleta com juros muito altos, maiores do que os do carro. Geralmente quem busca comprar motocicleta é autônomo e não tem a garantia do pagamento, o que acaba dificultando as vendas das concessionárias”, explicou Santana.

Uma intervenção nas operações financeiras das vendas das motos continua sendo a solução sugerida pelos especialistas. O SindMetal-AM afirmou que é preciso os governos federal e estadual disponibilizar linhas de créditos nos bancos de fomento para tirar do vermelho o Setor de Duas Rodas.

“Aqui no Amazonas, por exemplo, o governo poderia financiar a compra de motos para mototaxistas e motofrete. O governo estadual tem que chamar os empresários e os trabalhadores para fazer um Processo Produtivo Básico (PPB) local, gerará mais empregos em Manaus e no estado”, sugeriu Valdemir Santana.

Apesar de visualizar mais demissões em massa, o Sindicato dos Metalúrgicos informou que os fabricantes de motocicletas darão férias coletivas para os trabalhadores em junho e julho.

“Em compensação esse ano a LG e a Samsung admitiram quase mil pessoas. No balanço geral está equilibrado, pois umas empresas demitiram e outras admitiram. Não vejo que ocorrerão novas demissões em massa, pois como não tem estoques de celulares, tablets e televisores, acho que vai melhorar”, avaliou o líder sindical.

Já o economista Luiz Bacellar disse que com uma queda de -0,5% no PIB brasileiro (recessão) e queda de -0,35% na Produção Industrial, as projeções não são animadoras para o PIM. “Com base nisso o projetado é que talvez aconteçam mais demissões no PIM.

Lina há de produção de eletro-eletrônicos
Lina há de produção de eletro-eletrônicos

A diminuição do consumo no país afeta diretamente os produtos produzidos por aqui, bem como os aumentos de impostos sobre o combustível e sobre o credito impactam diretamente essa demanda deixando os produtos aqui mais caros”, enfatizou.

Amazonianarede´Transcrição G1AM- Adneison Severiano

 

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