Ofícios solicitam o uso da aeronave de combate a incêndio da Força Aérea Brasileira, que foi encaminhada para queimadas em São Paulo
Manaus – Durante a apresentação do trabalho das últimas 72 horas da Operação Tamoiotatá no combate ao desmatamento e a crimes ambientais no Amazonas, o secretário Juliano Valente, do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), cobrou uma atenção maior do governo federal para a Amazônia diante das queimadas. Em um ofício assinado em conjunto com os secretários de segurança pública da região Norte, Valente falou sobre a sensação a Amazônia se “sentir desprotegida”.
No ofício, os secretários solicitam o uso da aeronave de combate a incêndio da Força Aérea Brasileira para atuar nas queimadas da região destacando que grande parte da fumaça que chega em Manaus está vindo do Sul do Amazonas.
“No dia de hoje nós acabamos de emitir um ofício encaminhado ao ministério através do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal onde assinaram os secretários de segurança do Acre, de Roraima, do Amapá, do Maranhão, Mato Grosso, Pará, Tocatins e Rondônia. Nós, juntamente com o Amazonas, acabamos de assinar esse ofício solicitando que o governo federal, no caso o ministro Levandowski, faça uma gestão política junto ao ministério da Defesa e que ele possa deslocar a aeronave de combate de incêndio da Força Aérea Brasileira para atuar na região de Humaitá, Labrea e no Acre e Rondônia. Que é o ponto mais afetado hoje de incêndio na nossa região. A grande parte da fumaça que está chegando em Manaus vem do sul do Amazonas”, disse Valente.
O secretário do IPAAM também falou do fato da aeronave ter sido encaminhada para o combate de incêndio nas queimadas do interior de São Paulo alegando que a situação na Amazônia não recebeu a mesma atenção do governo federal.
“Essa aeronave vinha sendo utilizada no Mato Grosso e, em seguida, ela foi encaminhada para São Paulo e a fala que nós fizemos lá foi justamente essa da visão que nós temos enquanto Amazônia de não sermos olhados com a mesma atenção. Uma simples queimada que se deu no interior de São Paulo e aqui nós estamos dizendo que ‘não merecia atenção’, mas de imediato todos os esforços nacionais foram enviados a São Paulo”, indicou Juliano Valente.
“E aqui na Amazônia nós nos sentimos desprotegidos, essa é uma fala conjunto de todos os secretários de segurança pública da região Norte e nós assinamos conjutamente mediante obviamente a orientação dos nossos governadores. Não é um pedido esdrúxulo, muito pelo contário, é um pedido de atenção da mesma foram que falam que ‘amam a Amazônia’ e que verdadeiramente ajam para proteger a Amazônia”, completou o secretário do IPAAM.
Balanço das ações
Sobre o balanço da operação durante as 72 horas, entre 30 de abril e 5 de setembro, em todo o estado, foram registradas 174 prisões e detenções de pessoas pela prática de crimes ambientais. As prisões foram realizadas pelas policiais Civil (PC-AM) e Militar (PMAM), por meio do Batalhão de Policiamento Ambiental.
Durante este período foram apreendidas 25 armas de fogo, 116 munições, 18 motosserras, 20 carros, 68 caminhões, 24 escavadeiras e similares, 12 motocicletas e 5 embarcações.
Nesta semana, nas cidades de Manacapuru e Iranduba (respectivamente, a 68 e 27 quilômetros de Manaus), foram detidos oito suspeitos por crimes ambientais, resultando na prisão de quatro deles. Dois deles foram presos por manterem serrarias clandestinas.
As outras duas pessoas foram presas, na quinta-feira (5), em Iranduba, onde estavam acompanhados de mais quatro pessoas praticando desmatamento, no Ramal Granja do Sol, no quilômetro 19 da rodovia AM-070.
Nessas ocorrências, duas serrarias foram fechadas e foram apreendidas serras elétricas, quatro motosserras, um caminhão, e madeiras extraídas de forma clandestina.
Todos os suspeitos foram conduzidos à Delegacia Integrada de Polícia (DIP), nos respectivos municípios, onde assinaram Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCO), por Crimes Contra o Meio Ambiente e também, por condução de veículo sem Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Os outros quatro suspeitos detidos em Iranduba foram liberados.
O Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM) também combateu um grande incêndio em um trecho da AM-070, em Iranduba. Na ocasião, 50 mil litros d’água foram usados para não propagar para uma região de área de mata.
Segundo o CBMAM, é o segundo incêndio registrado na área em 30 dias. “É o segundo incêndio de grandes proporções só nesses últimos 30 dias. A gente pede da população que evite o uso de fogo para qualquer tipo de situação no que tange à vegetação está proibido”, disse o comandante geral do Corpo de Bombeiros, Alexandre Gama.
Outras apreensões
Na cidade de Itacoatiara, na comunidade Santa Luzia, na quinta-feira (5), a Polícia Civil realizou, por meio da operação Águas Segura, a apreensão de 5 mil litros de combustível, armas e munições.
“Uma pessoa foi presa, até porque, além do combustível não declarado, não conseguiu apresentar nota e, portanto, era combustível irregular; tinham armamentos, duas pistolas, uma espingarda com vários cartuchos; sabemos que essas embarcações que ficam nessas comunidades, são levadas às vezes para garimpo ou até para abastecer algumas embarcações que fazem roubos e furtos. Foi feita a prisão dessa pessoa e o procedimento foi encaminhado para a justiça de Itacoatiara”, explicou o delegado adjunto da PC, Guilherme Torres.
Ao fim da coletiva, o secretário também solicitou um pouco mais de sensibilidade em relação a população do interior para que não façam queimadas: “As vezes pensam que é só um mato no quintal, mas tudo isso somado gera essa intesidade de fumaça gigantesca nunca vista na história do nosso Amazonas. Então, ao vizualizar casos assim denunciu atrvés do 181”.
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Da Redação com Assessoria Portal d24am