“Vou ser jogador do Nacional”, afirma aluno da Escolinha Barbosa Filho

Agora no Nacional sei que é minha chance
Agora no Nacional sei que é minha chance
Agora no Nacional sei que é minha chance

Manaus – Família acredita que a oportunidade na escolinha de futebol do Mais Querido é a chance para garoto de 10 anos, mostrar sua habilidade com a bola.
Filho de pais separados, Eduardo Henrique dos Santos de Oliveira, foi criado pelos avós. O pequeno de apenas 10 anos de idade, afirma com toda convicção. “Vou ser jogador do Nacional”.

O garoto conta que sempre quis jogar no Leão, mas faltava oportunidade. “Quando meu avô me levava nos jogos do Naça, no Sesi, eu me imaginava fazendo aquelas jogadas, aqueles gols. Esse é o meu sonho e eu vou realizar”.

A decisão do neto, conforme relata o avô, a quem Eduardo chama de pai, veio desde criança, quando ele ainda nem falava ou andava direito. “Desde muito pequeno a paixão dele foi a bola. Foi o primeiro presente que ele ganhou, uma bola e eu que dei”, relembra seu João Malheiros dos Santos, 56.

Soldador aposentado, seu João dedica o tempo à esposa e aos netos, principalmente a realizar o sonho de Eduardo ou Dudu, como carinhosamente é chamado pela família e amigos. “Eu sonhei ser jogador, meus filhos sonharam também, mas por falta de um lugar para treinar e incentivo, não conseguimos e o Dudu é que vai nos realizar. Eu sei que ele tem potencial e eu estou disposto a ajudar no que for preciso. Quero vê-lo feliz e se é isso que ele quer, é o que nós queremos”, ressalta.

Para a avó, Mary Pereira do Nascimento, 50, ele merece todo incentivo por ser uma criança obediente, estudiosa e dedicada, mesmo tão apaixonado por uma “brincadeira” que é o futebol. “O Dudu vive futebol, nunca brincou de outra coisa. Ele mostra que esse é o sonho dele e eu quero que ele cresça nessa profissão. Eu só posso incentivar e estou preparada para vê-lo representar nosso Estado em outros lugares”, afirma.

D. Mary conta que devido a insistência de Dudu em ser jogador, eles têm um cuidado redobrado para que o neto esteja sempre bem orientado, principalmente devido à pouca idade do garoto. “Aos quatro anos o Dudu saia escondido da escola para jogar bola num campinho do bairro e quando cobrado, a resposta era a de sempre: “Eu quero ser jogador”. A avó se comovia com o que o neto dizia. “Nessa época, dei a ele a primeira chuteira, desde então já foram quatro chuteiras”, disse.

O Dudu é um dos alunos mais esforçados da Escolinha, afirma o professor Jairo Seixas. “Ele é daquele tipo de pessoa que sabe o que quer. Ele é insistente, não desiste de nenhuma bola. Somos conscientes da qualidade técnica e da vontade que esses alunos possuem. O Dudu tem futuro”, garante.

O avô sonhador

O homem que criou o garoto apaixonado por futebol, também é um amante desse esporte que mexe com a emoção dos brasileiros. Seu João conta que sonhou um dia se tornar um grande jogador, mas que por falta de patrocínio não seguiu carreira.

“Eu levava jeito, era um atacante que não costumava perder gol. Cheguei a jogar pelo Rio Negro e participei de muitos times no interior, mas eu não tinha dinheiro para pagar as despesas”, disse.

As despesas as quais seu João se refere é justamente o básico: uniforme (camisa, calção, meia e chuteira). Mas para o avô de Eduardo, o básico seria uma casa para morar ou um prato de comida. Esse desejo é de um homem que foi roubado do seio de sua família na cidade de Manaus e abandonado em Recife/PE, quando tinha apenas quatro anos de idade.

Cinquenta e dois anos se passaram, mas seu João relembra exatamente o que lhe sucedeu. “Eu não tinha nome, documento, nem família. Não sabia de onde tinha vindo. Me chamavam de Juca e aos 12 anos um senhor me convidou para vir a Manaus. Aqui, dormi embaixo de carretas, me cobri com papelão. Quando conheci um açougueiro quem me deu comida e um lugar para dormir”, conta.

Aos treze anos, ele conheceu um juiz de direito, que lhe deu um nome e o adotou como filho. No entanto, alguns anos depois o Magistrado faleceu e o sonho de ser jogador de futebol foi junto com o pai adotivo.

Ele tentou jogar no interior do Estado, mas não seguiu carreira. Aos 20 anos casou- se com d. Mary, com quem teve sete filhos, sendo uma adotada. São 11 netos e criam como filho três deles, entre eles o Dudu.

Seu João diz que tem vontade de conhecer sua própria história. “Não conheço muita coisa, já me apontaram várias mulheres como sendo minha mãe, mas nenhuma se concretizou. Porém, não tenho do que reclamar, sou muito feliz com a vida que levo. Tenho uma esposa dedicada, filhos maravilhosos e netos carinhosos. Não tenho inveja de ninguém, acredito que Deus só dá o que merecemos. Por isso, sei o que o Eduardo será um jogador de futebol, ele vai realizar o sonho dele e o nosso”, finaliza.

Os obstáculos

A família mora no bairro Armando Mendes, na Zona Leste de Manaus, a zona mais populosa da cidade, o local possuía apenas uma quadra de esporte, onde Eduardo juntamente com seus amigos jogava futebol, mas a prefeitura da capital imobilizou o local. Retirando o único espaço de diversão e lazer das crianças daquele lugar.

O garoto que sonha ser jogador de futebol diz que a ausência desse campo diminuiu as brincadeiras. “Eu e meus amigos jogávamos todas as tardes lá. Muitos deles jogam bem e cada treino a gente melhorava. Mas agora no Nacional sei que é minha chance e eu não vou desperdiçar”.

Campeonato no Nacional

Eduardo está há pouco tempo na Escolinha de Futebol Barbosa Filho, no entanto já é um dos alunos que irá participar do campeonato interno realizado pelo clube, com início no dia 16 de agosto.

A competição terá 17 equipes, divididos nas categorias: mirim, infantil e juvenil. Todas as equipes serão patrocinadas por empresas de diferentes ramos da cidade de Manaus. A grande final será realizada no Centro de Treinamento Barbosa Filho.

Por: Ennas Barreto – NFC

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