Transporte de passageiros é tema de estudo

(Reportagem: Ana Aranda)

Principais vias de acesso da Amazônia, os rios da região transportam milhares de pessoas todos os dias, em condições precárias na maioria das vezes.

Para saber como é feito este serviço e levantar suas deficiências, a Antaq (Agência Nacional de Transporte Aquaviário) realizou, juntamente com a Universidade Federal do Pará, o estudo “Caracterização da Oferta e da Demanda do Transporte Fluvial de Passageiros na Região Amazônica”, que analisa de forma detalhada os serviços de 317 linhas regulares, com 9 milhões de passageiros por ano.

Os dados são preocupantes: 81% dos terminais hidroviários estão em péssimas condições e as embarcações, em grande parte, estão velhas, já sem condições de oferecer conforto e segurança para os viajantes. Os motores antigos aumentam o custo das viagens e poluem o ambiente, afirmou o superintendente de Navegação Interior da agência, Adalberto Tokarski, que esteve em Porto Velho para lançar o estudo.

Segundo Tokarski, este é o primeiro estudo finalizado sobre o assunto “e abre uma caixa preta”. Com o trabalho, a Antaq pretende que sejam buscadas soluções para os problemas. “Estamos fazendo, internamente, uma análise de competências para a melhoria da prestação de serviço. A situação é grave e só vai ter uma solução com a participação dos governos federal, estadual e municipal. Tem município com 150 anos que não possui um terminal hidroviário, só rodoviário. Isso precisa ser melhorado”, afirma Tokarski.

O estudo feito pela Antaq e a Universidade Federal do Pará é disponibilizado aos interessados e deverá ser apresentado na Câmara dos Deputados e no Senado. A ideia é que ele seja atualizado sistematicamente. Durante o lançamento do estudo, o superintendente ressaltou que o órgão não está na Amazônia para fiscalizar, mas também para propor mudanças. “O transporte de passageiros na Amazônia é o mesmo feito nos séculos passados, precisamos investir e modernizar o setor, para oferecer mais dignidade aos passageiros”.

Presença do estado no porto

Com a construção do Terminal Hidroviário do Cai N`Àgua, foram tomadas medidas para disciplinar o uso das margens do Madeira que contrariam moradores antigos da região. Uma delas foi o fechamento de pequenos portos que funcionavam informalmente no local. E, recentemente, a Secretaria Municipal de Transportes (Semtran), cavou uma vala para impedir o estacionamento de veículos em uma área que serve de acesso para a família de Maria da Conceição Braga Soares. Ela tem tem um flutuante no local há 30 anos. Em parte dele, mantém um pequeno bar e restaurante e do outro lado mora o filho com os netos e a nora. Na última semana, uma equipe da Semtran esteve no local e multou os veículos estacionados. Dona Conceição está revoltada com a situação e espera que a prefeitura conceda a ela o direito de viver no local da mesma forma como viveu nas últimas três décadas.

Cai N`Àgua será administrado pela Antaq

O Terminal Hidroviário do Cai N`Água, localizado em Porto Velho, está incluído no estudo da Antaq e atende a praticamente todos os aspectos analisados no levantamento da Agência. No terminal, operam 11 linhas regulares, que ligam as capitais de Rondônia e do Amazonas, passando pelos rios Madeira, Amazonas e Negro. A administração do porto atualmente está sob a responsabilidade da prefeitura, mas, como se trata de uma linha interestadual, deverá ser assumido pela Antaq, em outubro, de acordo com o diretor do Cai N`Água, Gabriel Bruxel. Com isso, o porto vai contar com 25 funcionários e espera-se uma significativa melhoria dos serviços.

O número mensal de passageiros gira entre 3.500 a 4.000 e as embarcações também transportam cerca de 2.500 toneladas de cargas por mês, de produtos que abastecem as pequenas comunidades e cidades localizada ao longo dos rios. No último sábado, um grupo de viajantes aguardava há dois dias que a carga ficasse completa para iniciar a viagem até Manaus.

Nestas embarcações mistas, as cargas sustentam as viagens, que são caras, com despesas altas de combustível, tripulação e outros gastos. A passagem é de R$ 200 e nos quatro dias de viagem até Manaus, são servidas três refeições diariamente – café da manhã, almoço e janta -, mas a tendência é de que estas refeições passem a ser cobradas separadamente, como também já acontece no estado do Pará.

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