Thiago de Mello é homenageado pelos 50 anos de “Os Estatutos do Homem”

09-05tiagoManaus – O poeta e diplomata amazonense Thiago de Mello recebeu, nesta quinta-feira (8), na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), várias homenagens em comemoração aos 50 anos do poema ‘Os Estatutos do Homem’. O poema foi escrito no Chile, em abril de 1964, assim que o artista tomou conhecimento do golpe militar no Brasil. Uma placa comemorativa foi entregue pelo deputado estadual Sidney Leite, autor da proposição.

A obra, com subtítulo “Ato Institucional Permanente”, em oposição ao Ato Institucional nº 1 editado naquele ano no Brasil, é considerada um hino da liberdade e da esperança e foi divulgada pelo Correio da Unesco, em 1982, além de ser traduzida para mais de 30 idiomas. “É uma homenagem do povo do Amazonas a quem serve de inspiração e exemplo não só em vários lugares do mundo, onde esse poema foi traduzido, mas para quem luta pela liberdade, pelo direito à vida, contra a opressão do dinheiro e do poder. O poeta Thiago de Mello e sua obra nos ensina que o índio, o negro, o branco e o amarelo, somos todos iguais”, disse o deputado Sidney Leite, presidente da Comissão de Educação, Cultura e Assuntos Indígenas da Aleam, durante a abertura da sessão solene.

A programação teve início às 14h, no hall de entrada da Casa Legislativa, onde o poema está gravado em placas de metal. Em seguida, já no plenário Ruy Araújo, a cantora Ellen Mendonça interpretou o poema musicado “Faz escuro, mas eu canto”, de autoria do poeta.

O professor Tenório Telles, da Editora e Livraria Valer, também compareceu ao evento e apresentou uma homenagem ao diplomata amazonense. “A despeito da desesperança, da violência, deste mundo virtual em que vivemos, estamos aqui reunidos para celebrar a poesia, uma das maiores criações do homem e que eu acredito, serve para fazer nascer a flor da utopia no coração da humanidade”, disse o professor.

Alunos do Centro Cultural Thiago de Mello e da Escola Estadual Altair Severiano Nunes encenaram o poema em uma apresentação o poema Os Estatutos do Homem. O poeta e escritor Dori Carvalho também recitou versos da obra de Thiago de Mello.

O representante dos Correios no Amazonas, Raimundo Souza, entregou aos presentes e ao poeta, um álbum com uma edição especial do selo comemorativo em homenagem aos 50 anos do poema. “Ainda não sou o homem que gostaria de ser. Ainda luto por isso e sigo o conselho da minha mãe, desde que tinha nove anos de idade e perguntei para ela o porquê da existência da injustiça social. Ela me disse: você vai crescer para entender isso e fazer a sua parte. Eu sigo fazendo a minha parte neste que é o canto mais verde do mundo, para que tenhamos uma sociedade mais igual”, declarou o poeta Thiago de Mello ao final da solenidade.

Histórico

O poema ‘Os Estatutos do Homem’ nasceu no Chile, no período em que o poeta amazonense estava como Adido Cultural do Brasil, no país vizinho. Contrariando a orientação da Embaixada, Thiago de Mello continuava recebendo todo brasileiro perseguido pela ditadura. O poema, dedicado a Carlos Heitor Cony, foi um dos primeiros manifestos públicos contrários à ditadura.

Na solenidade inaugural da Constituinte de 1988, o poema foi apresentado em forma de oratório, com música do também amazonense Claudio Santoro, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

O Poeta

Amadeu Thiago de Mello nasceu em 30 de março de 1926, em Barreirinha (a 331 km de Manaus). Mudou-se com a família para Manaus em 1931. Dez anos mais tarde, seguiu para o Rio de Janeiro e, em 1950, matriculou-se na Faculdade Nacional de Medicina. Durante a década de 1950, colaborou em jornais de oposição ao governo de Getúlio Vargas.

Chegou a dirigir o Departamento Cultural da Prefeitura Municipal da Cidade do Rio de Janeiro, em 1959. No ano seguinte, assume o posto de Adido Cultural do Brasil na Bolívia e, posteriormente, em 1963, no exercício da mesma função, transfere-se para Santiago, Chile, onde conhece o poeta Pablo Neruda (1904 – 1973), de quem faz a tradução de uma antologia poética.

Em 1965 volta ao Rio de Janeiro, mas, em 1968, perseguido pelo governo militar, viaja para Santiago, onde permanece exilado por dez anos, período em que publica ‘Faz Escuro Mas Eu Canto’, onde está contido ‘Os Estatutos do Homem’. Retorna do exílio em 1978 e, ao lado do cantor e compositor Sérgio Ricardo (1932), participa do show ‘Faz Escuro Mas Eu Canto’, dirigido pelo cronista e dramaturgo Flávio Rangel (1934-1988), apresentado em dez capitais brasileiras. Nesse mesmo ano, fixa-se no município de Barreirinha, onde vive até hoje.

A poesia de Thiago de Mello vincula-se à terceira geração do Modernismo e é marcada pelo engajamento político e pela preocupação social, características também presentes em suas crônicas.

Texto: Assessoria do Deputado Sidney Leite

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