Situação dos imigrantes haitianos ainda preocupa autoridades

Rio Branco – A entrada de imigrantes haitianos pela fronteira do Brasil com o Peru e Bolívia continua sendo uma grande preocupação para as autoridades acreanas. O governo do Estado tem investido para melhorar a estrutura do abrigo em Brasileia e atender melhor essas pessoas.

Equipes da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) e Secretaria de Desenvolvimento Social (Seds) permanecem no local e atuam diretamente no encaminhamento dos haitianos e senegaleses aos serviços públicos essenciais.

O governo federal tem gastado nove mil reais com alimentação todos os dias, são mais de quatro mil refeições diárias entre café da manhã, almoço, lanche e jantar. Após a ampliação e melhora nas instalações do acampamento a entrada de haitianos pela fronteira aumentou significativamente. São 15 banheiros com chuveiros, tendas e uma área utilizada como refeitório. O local recebeu um trailer, onde é feito o cadastro de acolhimento dos imigrantes. Todos os dias, cerca de 50 novos imigrantes chegam ao município e ficam alojados em caráter temporário no abrigo público.

Damião Borges de Melo, coordenador do abrigo, afirma que a chegada dos imigrantes ainda é muito grande e agora eles contam com a ajuda financeira dos que já estão trabalhando no Brasil. “Muitos deles vem pra cá porque os familiares já estão trabalhando e conseguem mandar dinheiro. A vinda dessas pessoas pesa muito para os cofres do Estado, mesmo assim, encaramos esse desafio como um compromisso humanitário”, afirmou.

Legalizar entrada dos imigrantes em território brasileiro é o principal foco do governo, os servidores e voluntários que atuam no abrigo pedem que os haitianos utilizem os serviços oferecidos pela embaixada brasileira e providenciem com antecedência a documentação pessoal. O trabalho em regime de mutirão realizado pela Polícia Federal teve efeito positivo, quando mais de dois mil passaportes foram emitidos.

Houve uma mudança significativa no público que chega pela fronteira, antes a maioria era de homens com idade entre 20 e 35 anos, formados e com experiência de trabalho. Esse quadro mudou e muitas mulheres estão vindo ao Brasil, elas vem em busca de emprego e trazem os filhos para rever os pais. “Essa é a nossa maior dificuldade, não conseguimos arranjar emprego para essas mulheres e elas acabam ficando muito tempo no abrigo, quem sente mais são os pequenos. Algo que nunca nos aconteceu foi a chegada de idosos, hoje temos mais de 30 idosos abrigados”, conta Damião.

Muitos adolescentes tem vindo de maneira ilegal e as autoridades de Brasileia já demonstram muita preocupação. Inicialmente, as famílias são identificadas, contatadas e os encaminhamentos jurídicos feitos. O juiz responsável pela vara de Proteção à Criança e ao Adolescente tem exigido que os responsáveis assinem um termo de responsabilidade e se comprometam a prover o sustento dessas crianças, bem como garantir todos os direitos que o Estatuto da Criança e do Adolescente prevê.

Oportunidades

Bruna Lopes é representante de uma empresa catarinense que atua no ramo metalúrgico, ela veio ao Acre selecionar 15 homens que devem atuar na linha de produção da empresa. “Vamos fazer um teste, ver como eles se adaptam ao trabalho e ao clima de Santa Catarina, nossa intenção é levar também mulheres, pois o trabalho não exige força física. Temos muita dificuldade para conseguir mão-de-obra no sul do país, as pessoas tem um nível de qualificação muito elevado, o que acaba esvaziando as linhas de produção. Estamos oferecendo um salário de 990 reais e moradia por conta da empresa até dezembro para que eles possam se estabilizar”, declarou.

A procura das empresas por trabalhadores diminuiu consideravelmente. Em 2011, eram em média cinco visitas por semana, hoje são duas por mês. A procura teve esse decréscimo em função do grande número de haitianos que abandonou os postos de trabalho entre os três primeiros meses. “São costumes e tradições diferentes e nem sempre eles conseguem se adaptar à vida no Brasil, além disso, muitos deles tem familiares em outros estados e quando conseguem algum dinheiro mudam de cidade”, afirmou Damião.

Para facilitar o acesso ao mercado de trabalho, trabalham em regime de mutirão servidores do Sistema Nacional de Empregos (Sine) e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) atuando no cadastro dos trabalhadores e empregadores. Cada empresário que passa pelo abrigo preenche um questionário com dados pessoais e das empresas, o que auxilia no acompanhamento posterior ao processo de seleção. Hoje, os recursos repassados pelo governo Federal são gerenciados pela Defesa Civil Estadual, que atua na garantia das condições mínimas dentro do abrigo, nessa parceria com a Seds e Sejudh.

(Da Agência Acre) 

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