Sipam inova com sistema de alerta em Porto Velho

31-10roPorto Velho, RO – O sistema de alerta contra enchentes urbanas promete ser um aliado dos moradores de Porto Velho contra o transbordamento de igarapés que passam pelo setor urbano da cidade.

Ele informará, em tempo real, a incidência e intensidade de chuvas em determinadas áreas e servirá como uma ferramenta de utilidade pública no apoio a ações preventivas e corretivas em áreas que costumam sofrer com transbordamento, principalmente bueiros, que não suportam o aumento no volume de água, após incidência, em alguns casos até mínima, de chuva.

O sistema de alerta foi apresentado ontem pelos técnicos do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), por técnicos do Centro Regional de Porto Velho e a previsão é de que entre em testes já nesta estação chuvosa. Porto Velho foi uma das escolhidas para atuar como cidade-piloto para receber o sistema de alerta.

Favorece na atuação da prefeitura

De acordo com Ana Cristina Strava, coordenadora operacional do Sipam, o sistema poderá favorecer a atuação da Defesa Civil, e até mesmo como indicativo para que a prefeitura municipal direcione a realização de obras de manutenção de bueiros, por exemplo, para regiões com potencial para alagamentos. “O sistema servirá como apoio.

Atualmente sabemos de bueiros que saturam com a incidência de chuvas de nove milímetros por hora, uma chuva corriqueira. Com as informações, os demais órgãos públicos poderão priorizar atuação em áreas sobre as quais serão informados, antecipadamente, que possuem potencial para sofrer transbordamento podendo trabalhar de maneira corretiva e preventiva”, observa Strava.

Outro fator destacado como positivo pela coordenadora de operações do Sipam como positivo é em relação ao sistema de trânsito de Porto Velho. “Com informações de que uma avenida precisará ser bloqueada, por exemplo, os profissionais que atuam na área poderão desviar o tráfego para outro lugar antecipadamente”, define.

Desejo antigo dos técnicos

Segundo Ana Strava, o sistema de alerta é desejo antigo dos técnicos que atuam no Sipam, em decorrência de Porto Velho sofrer todos os anos com alagações urbanas. “A questão da chuva nos preocupa bastante. Mesmo que este ano o índice de chuvas registrado no mês de outubro tenha sido 30% abaixo que no ano passado, ainda não dá para ter tranquilidade, para baixar a guarda”, diz.

Amélia Afonso, secretária municipal de Projetos Especiais (Sempre), pasta que disciplina a gestão dos recursos oriundos do PAC, informa que os técnicos de sua secretaria trabalham no sentido de orientar os profissionais da Secretaria Municipal de Obras (Semob) a realizarem o trabalho de prevenção contra enchentes em áreas que precisam ser desobstruídas e nas alterações necessárias nas tubulações de manilhas e travessias urbanas, para o volume de água passar. “Vamos unir as forças para combater as inundações urbanas. Cada um de nós fará sua parte. A comunidade pode ajudar também, evitando jogar entulhos que possam entupir os bueiros. Infelizmente a comunidade não entende que volta para ela, o problema”, finaliza.

Chuva atrapalha conclusão de obras

É possível visualizar bueiros, alguns com necessidade de reparo, em todas as regiões de Porto Velho. Alguns, abertos, facilitam a obstrução que preocupa os profissionais que atuam diretamente no combate ao transbordamento de igarapés e prevenção de enchentes. Na zona Sul, em frente à residência de Alzirene Barbosa, na rua Açaí, esquina com Pau Ferro, a instalação das tubulações e não conclusão da obra provoca a existência de um buraco, de mais de dois metros de profundidade, que não consegue ser visualizado em dias de chuva, em decorrência da elevação do volume de água. “Já caiu um carro aí dentro”, diz Alzirene. “As pessoas correm risco de sofrer acidentes porque quando chove não dá para imaginar que é tão fundo”, garante.

Como funciona o Sistema de Alerta

O trabalho de viabilização do sistema de alerta contra enchentes urbanas consistiu num minucioso levantamento de campo das dimensões e intervenções na macrodrenagem existente em quatro bacias urbanas: Igarapé Grande/Santa Bárbara, Penal, Tancredo Neves/São Francisco e Bate-Estacas. Estes quatro reúnem praticamente 90% da área urbana de Porto Velho. A partir desse levantamento e do modelo digital do terreno (topografia), foi possível modelar o comportamento dos igarapés urbanos quando submetidos a chuvas intensas.

Alerta em tempo real

Como uma cidade amazônica, Porto Velho recebe chuvas intensas ao longo de um período com sazonalidade bem marcada. Os igarapés urbanos tratam do escoamento dessas águas moldados pela natureza ao longo de milhares de anos. Porém, a rápida e crescente urbanização da cidade provoca a impermeabilização do solo e sobrecarrega tanto a rede natural dos igarapés como o sistema de drenagem da cidade. A consequência disso são os frequentes transtornos com alagamento em bairros residenciais e comerciais localizados em áreas de risco e a interrupção de vias de acesso aos mesmos.

“O enchimento e afogamento do sistema de drenagem muitas vezes ocorre em poucos minutos, por isso a importância de um sistema que detecte a chuva intensa antes mesmo de atingir as áreas urbanas mais densamente povoadas. Isso se tornou possível com a implantação da rede de radares meteorológicos do Sipam. São 11 radares operando nas principais cidades da Amazônia, sendo que uma delas é Porto Velho”, enfatiza Strava.

O sistema de alerta funcionará sobre uma plataforma, que recebendo os dados do radar de Porto Velho vai confrontar com as capacidades dos igarapés e bueiros e apontar os potenciais pontos de inundação.

Mapas

Além do sistema de alerta para operação pela Defesa Civil, o Sipam gerou mapas de risco de inundação que podem orientar o planejamento urbano da cidade, bem como o redimensionamento de bueiros e travessias sobre os igarapés urbanos. Essa atividade foi iniciada pela prefeitura, que apresentou o resultado prático em alguns bairros da cidade que já tiveram sua drenagem redimensionada.

Fonte: Diário da Amazônia

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