Semana do meio ambiente: algo a comemorar?

O dia do meio ambiente, criada em 1992 no fervor e calor da Rio-92, é sempre lembrada como a semana para se repensar nossos hábitos. Temos o de sempre: vê-se muitas campanhas publicitárias, escolas, alunos, prefeitos e secretários plantando árvores; figuras famosas apoiando causas mais “ecológicas”. Ano após ano é o que se tem.

Aqui acolá, contudo, algumas ações que podem até ser bem vindas: criação de programas governamentais voltadas ao política e ambientalmente correto; assinatura de leis novas, cartas de intenção…
Mas, no fundo, temos mesmo que comemorar neste dia?

Números positivos e negativos

Até que há alguns anos temos tido números que, se não animam, pelo menos nos dá algum alento. Na Amazônia – jóia da coroa – os dados mostram haver uma redução no desmatamento.

Contudo há estados com problemas, como o Amazonas que a despeito da queda nos outros estados continua em um ritmo mais acelerado de desmate. Os dados apontam para os vilões de sempre: a região sul e sudeste do estado lideram com alto índice de pecuária e conflito agrário. Estariam ligados estes dois fatores? Os dados dizem que sim.

Ademais, são as regiões com mais fácil acesso com rodovias ligando diretamente ao eixo nacional de transporte (BR-319 e Transamazônica). São fatores ou causas não mais surpreendem. Já é bem sabido pelo poder público.

O que temos feito? Os planos para tentar frear o desmate ilegal são vários. Temos o do governo federal e em casa estado o seu similar.

Lixo – o novo patinho feio

Alem do desmatamento outra preocupação passou povoar as reuniões de prefeituras: o lixo. Com a edição da lei federal de resíduos sólidos o poder público passou a ser responsabilizado ou ter uma bomba relógio contando em seu desfavor. O problema do lixo é seriíssimo, mas não havia mecanismos para forçar os agentes públicos a tomarem medidas efetivas. Agora temos.

A lei oferece o período mínimo de ate 2014 (curtíssimo) para que as prefeituras se adéqüem. Na fase inicial, devem apresentar os seus programas municipais de gerenciamento de resíduos sólidos. Poucos no Amazonas fizeram, mas a boa noticia é que fizeram. Os outros parecem atentar para a urgência.

Não à toa, a prefeitura de Manaus elegeu este o tema ser discutido na semana municipal. Bem escolhido.

Semana de 2014

Poderíamos discorrer sobre mais uns três ou quatro itens que fazem parte do pacote de temas corriqueiros na semana de meio ambiente. Mas, pouco sairíamos do que já fora falado em 2012, 2011…

Não se trata de desmerecer o tema ou não ver a importância de se repensar, lembrar e relembrar o quão temos que mudar hábitos velhos. Não é isso. A questão merece toda a repetição do mundo possível.

Porém, não podemos nos prender a falas velhas, discursos inócuos ou mesmos (apenas) repetitivos. Embora seja importante parar para rever os conceitos para melhorar o que deve ser consertado, há de se pensar em estratégias renovadas em datas comemorativas.

Ano passado, ao menos, algo foi novo: tivemos a Rio+20 que fez a diferença e o assunto foi “outro”. Mas, olhando aqui para nosso próprio rabo, os textos produzidos em anos anteriores sempre preferi não falar do dia ou da semana. Discutir algo mais concreto sempre foi a alternativa mais pé no chão. Seguimos neste mesmo rumo.

Independente disso, no que se vê, não vai ser diferente a comemoração de 2014. Alguma dúvida?

*Ronaldo Santos é engenheiro agrônomo, servidor público federal de carreira e acadêmico de direito. 

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