RR: Produtores rurais fazem bloqueio e impedem tráfego na BR-174

(Reportagem: Amilcar Júnior)

Mais de 120 agricultores do Sul do Estado voltaram a interditar, ontem pela manhã, parte da BR-174, na Vila Novo Paraíso, em um trecho conhecido como Km 500, no Município de Caracaraí, a 298 quilômetros da Capital, Centro-Sul do Estado.

Os manifestantes avisaram que agora só deixam o local quando o Governo do Estado pavimentar a Vicinal 21 e consertar uma ponte que caiu na região há meses.

Os agricultores fecharam a rodovia com caminhões e máquinas agrícolas. Na manhã de ontem, uma comitiva do vice-governador Chico Rodrigues, que se deslocava aos municípios no Sul do Estado, parou no bloqueio e houve confusão. “Teve bate-boca entre membros da comitiva e os agricultores, mas depois ele [o vice-governador] seguiu viagem”, disse a secretária de Comunicação da Federação dos Trabalhadores em Agricultura do Estado (Fetag), Marlúcia Figueiredo.

A maioria dos manifestantes mora no projeto de assentamento Serra Dourada, que fica entre Caracaraí e São Luiz do Anauá. No local, segundo Marlúcia, as crianças deixaram de estudar porque a vicinal está intransitável, além da ponte quebrada. “Também não conseguimos escoar a produção agrícola. Os agricultores estão abandonados e ilhados”, lamentou.

Por telefone, Marlúcia avisou que os manifestantes só deixarão passar veículos transportando doentes. “Não dá mais para viver naquela situação. Por isso pedimos ao Governo do Estado que resolva o problema. Só queremos garantir o direito sagrado de ir e vir, o que não podemos mais fazer na região”, reclamou.

A secretária disse que a Fetag convocou o deputado estadual Soldado Sampaio (PCdoB), líder da oposição na Assembleia Legislativa de Roraima, para acompanhar a manifestação. “Se for preciso, vamos passar semanas aqui, até mês. Só sairemos quando o governador [Anchieta Júnior, do PSDB] resolver a situação”, reiterou a secretária.

Em poucas horas de protesto, debaixo de um calor de 40 graus, a rodovia já estava congestionada ontem pela manhã. O engarrafamento era quilométrico.

Além da ponte quebrada e das péssimas condições da vicinal 21, Marlúcia reclamou da falta de políticas públicas para o homem do campo. “A primeira-dama [Shéridan de Anchieta] faz evento para pintar unha e cortar cabelo de agricultoras. Isso não é política pública. Nossos filhos estão sem aula, sem merenda escolar. As vicinais estão em péssimas condições. A produção não está sendo escoada. E a primeira-dama corta unha e faz cabelo? A situação está um caos no interior do Estado”, resignou-se.

Conforme a Fetag, Roraima tem cerca de 40 mil famílias vivendo no campo. Destas, 22.100 estão assentadas pela reforma agrária em 66 projetos de assentamento. Outras milhares de família também vivem fora das áreas de colonização. “Vilhena, por exemplo [vila no Município do Bonfim], está numa situação complicada. Está um caos”, alertou.

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