Rondônia vive cheia recorde do Rio Madeira

(Fotos: D.A)

A prefeitura de Porto Velho reuniu, ontem, a imprensa, órgãos públicos municipais e estaduais, Forças Armadas e clubes de serviço para anunciar o “Plano de Contingência para as Vítimas de Enchente”, que segue um protocolo da Defesa Civil Nacional.

O nível da água do Madeira é o maior registrado nos últimos cem anos e as fortes chuvas que continuam ocorrendo nas cabeceiras do Madeira (no Peru e na Bolívia) apontam para o agravamento da situação, podendo atingir centenas de pessoas em Porto Velho e municípios do interior.

Uma “sala de situação” foi formada nas dependências do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), na Capital, para analisar todas as condicionantes da cheia e relatórios sobre a situação das pessoas atingidas pelas alagações, além dos recursos disponíveis para levar apoio aos desabrigados. “Baseado em fatos científicos”, conforme salientou o comandante do Corpo de Bombeiros, Coronel Ubirajara Caetano, ele informou que a situação mais crítica é esperada para o dia 20 de fevereiro, com o reflexo das chuvas abundantes registradas na região andina. Depois desta data, passa a se dissipar a camada de baixa pressão que está impedindo a passagem das nuvens do norte para o sul do continente, onde a falta de chuvas tem provocado, além da seca, um aumento considerável da temperatura. As chuvas devem continuar no mês de março, mas com menor intensidade.

Cota

O nível do rio Madeira chegou ontem pela manhã a 17,10 metros. Até agora 132 famílias foram retiradas das áreas de alagação, outras 11 famílias estão alojadas na Escola Maria Isaura. A água que transborda no rio Madeira e entra nos canais (ou igarapés) que cruzam a cidade poderá alagar ruas nas margens dos canais da Penal, Tancredo Neves, Santa Bárbara e Bate-Estaca, atingindo também a avenida Sete de Setembro. O coronel Caetano, que representa a Defesa Civil Estadual, alertou os moradores de áreas propensas às alagações para que procurem se abrigar em regiões mais altas e protejam seus pertences. “Não fiquem esperando o pior acontecer, porque depois que a água chega, tudo fica mais difícil”, disse ele.

Boletins de 12 em 12 horas

Seguindo o protocolo da Secretaria Nacional de Defesa Civil, a sala de situação montada no Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) deverá emitir boletins de 12 em 12 horas para informar a população sobre o nível do rio, as áreas atingidas pelas alagações e o trabalho de socorro realizado pelos agentes da Defesa Civil e soldados da Polícia Militar, Exército e Aeronáutica que serão disponibilizados para o Plano de Contingência para as Vítimas de Enchente.

O Plano trabalha com três cenários, segundo o Coronel Caetano. O primeiro está voltado para a marca de 16,5 metros do rio Madeira em Porto Velho, com alagações nos bairros São Sebastião, Triângulo, Areal, Nova Floresta, Nacional e Belmont.

O segundo cenário se caracteriza com a medição de 17,5 metros, com expectativa de atingir entre 250 a 900 moradias. Se o rio chegar aos 18 metros, medida que não consta dos registros dos últimos cem anos, o rio vai transbordar para os canais, atingindo áreas da cidade que historicamente não são impactados pelas cheias.


Comunidades ribeirinhas em situação complicada

Durante a coletiva, que contou com a presença do prefeito Mauro Nazif, lideranças das comunidades do Alto, Médio e Baixo Madeira alertaram para a situação “desesperadora” que se instalou na região ribeirinha. De acordo com a presidente da Associação dos Agentes de Ecoturismo de São Carlos, Nájila Maria Paula, a água já atingiu 46 casas em São Carlos. “Nós estamos esperando que a prefeitura providencie um local para alojar estas pessoas”, disse ela. O coordenador da Defesa Civil Municipal, José Pimentel, rebateu a moradora, alegando que 22 moradias foram atingidas pela água em São Carlos e a maior parte destes moradores tem casa em Porto Velho.

A prefeitura já solicitou às forças armadas a disponibilidade de abrigos desmontáveis com capacidade para 100 pessoas e banheiros acoplados, para abrigar os moradores expulsos pelas águas. A prefeitura deverá iniciar uma campanha de arrecadação de alimentos, água potável e outros produtos necessários para o atendimento dos desabrigados. As arrecadações serão feitas na frente da prefeitura.

Cota atinge marca histórica

Ontem pela manhã, a cota do rio superou os 17 metros. Na cheia de 1997, a maior marca registrada foi de 17,50 metros. Para o comandante do Corpo de Bombeiros, “o momento não é de fazer alardes, mas de trabalhar em conjunto para salvar vidas”. Ele informa que a meteorologia está anunciando chuvas fortes nos próximos três dias nas cabeceiras do Madeira e parte desta água fica na bacia, desembocando em Porto Velho. A abundância de chuva deve-se a massa de baixa pressão que impede a passagem das nuvens do norte para o sul e que deve cessar até o dia 20. A situação só não está pior porque o nível do rio Amazonas está baixo e serve como escoadouro para a água do Madeira.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.