RO: Carne consumida em Ji-Paraná tem origem duvidosa

Mais de 30% da carne que chega à mesa do consumidor tem origem clandestina e não passa por inspeção sanitária no Brasil. Fatores que preocuparam a Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) que ampliou a fiscalização em açougues, supermercados e restaurantes da cidade no intuito de combater essa prática.

O rigor nas ações reduziu em mais de 40% essa prática nos últimos anos na cidade, resultando em apreensões e incineração de material de origem clandestina. O roubo de gado nas propriedades rurais pode estar aquecendo esse comércio, associado a ausência na fiscalização por parte da Agência Sanitária Agrosilviopastoril (Idaron).

Outro agravante constatado diz respeito à oferta do produto com valores abaixo do praticado no comércio e falta de inspeção dos consumidores.

Há poucos dias a Vigilância Sanitária recolheu do comércio da cidade duas carcaças de bovinos com procedência clandestina, além de linguiça fracionada e carnes temperadas. O material com indícios de irregularidades tinha como destino restaurantes e açougues em Ji-Paraná. A falta de higiene e as irregularidades na carne podem transmitir doenças graves, como cisticercose, que ataca o cérebro e toxoplasmose, que provoca problemas no fígado, pulmão e coração. “Temos ampliado a fiscalização no sentido de conter essa prática. Mas precisamos que o consumidor esteja atento, buscando saber a origem da carne que compra e se nela consta o carimbo do Serviço de Inspeção Federal (SIF), que representa que o produto está apto para consumo”, ressaltou Fernanda Alves, médica veterinária da Vigilância Sanitária.

“Temos que ter muita cautela. Uma carne que custa R$ 12 sendo vendida a R$ 8 abre margem à dúvida. Nossa maior preocupação é com a saúde do consumidor, os animais são abatidos no pasto ou quintais, o transporte é inadequado e não respeitam o tempo de refrigeração, o tempo de transição faz com que ela deteriore muito rápido” alertou Edna Benedita, inspetora sanitária. O comércio de carne clandestina é crescente na região.

Rondônia tem um rebanho estimado em 12 milhões de bovinos e bubalinos, sendo mais de 400 mil em Ji-Paraná. Os abates ocorrem todos os dias, sem uma dimensão precisa que animais são oriundos da clandestinidade.

Para a nutricionista Geisa Almeida os cuidados precisam ser redobrados para evitar sequelas à saúde humana.

“Essas doenças podem ser graves. A principal delas é a cisticercose, que ataca o cérebro, provoca convulsões e distúrbio de comportamento. A teníase infecta os intestinos, causando dores, náuseas e perda de peso. A listeriose provoca febre, dores de cabeça e pode provocar aborto nas grávidas. Tem ainda a toxoplasmose e a tuberculose. De todas as tuberculoses humanas, 10% são por micro-bactéria do boi”, advertiu Geisa. Em Ji-Paraná uma força tarefa será realizada para fiscalizar o comércio da cidade, de outro lado a Delegacia Regional da Policia Civil, reforçou o efetivo para conter o roubo de gado.

(Diário da Amazônia) 

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