Resíduos orgânicos podem gerar energia e renda para municípios

Amazonianarede/Agecom

Manaus – O Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), busca estratégias para a problemática da disposição dos resíduos urbanos, a partir de opções tecnológicas, que podem ser aplicadas em lixo orgânico. Uma das soluções que pode, inclusive, gerar lucros, surgiu de um estudo elaborado pelo departamento de energia do Centro Estadual de Mudanças Climáticas (Ceclima/SDS), com base em quatro municípios do Estado, considerados maiores do ponto de vista de geração resíduos sólidos: Parintins, Manacapuru, Itacoatiara e Maues.

De acordo com o estudo, a média brasileira de resíduos de material orgânico depositados em aterros e lixões chega a 51%, sendo que, essa média no Amazonas e no Norte é ainda maior, alcançando quase 65%. “Significa que para um lixão no interior, em que 65% é composto de material orgânico, temos 65% de oportunidade de geração de energia. Isso vai gerar uma receita, que vem sendo buscada por todos os gestores municipais para a parte de operação e manutenção dos lixões e aterros”, explica o engenheiro Anderson Bittencourt, coordenador do departamento de energia do Ceclima/SDS.

Para a titular da SDS, Nádia Ferreira, o projeto seria uma proposta a ser inclusa como alternativa para a destinação dos lixões, tendo em vista, que no Amazonas 98% da disposição dos resíduos sólidos são em lixões a ceu aberto. “É importante traduzir esses números em oportunidade de geração de emprego e renda para as famílias que trabalham com a coleta de lixo, além de geração de energia sustentável, a partir do aproveitamento de biogás. Olhar para material orgânico significa olhar para oportunidades de renda”, diz Nádia.

Em julho deste ano, a proposta foi apresentada aos secretários municipais de meio ambiente do Amazonas, durante a realização do Fórum Permanente de Secretários Municipais de Meio do Amazonas (Fopes), a ideia é envolver os órgãos municipais para aproximar ainda mais a aplicação dessas tecnologias nos municípios do interior do Amazonas.

“O maior desafio era mostrar que o ponto de partida pode ser dado. Não precisamos esperar todo o processo de transição de lixão para aterro sanitário para começarmos a tornar o lixo disposto de forma incorreta, em oportunidade econômica de geração de renda, e claro, de remediação ambiental”, diz Bittencourt.

Processo

De acordo com o estudo, o resíduo orgânico gera biogás, o qual, na ausência de oxigênio, após passar por um processo de decomposição, produz um gás chamado metano, que equivale a 60% de gás natural. O metano poderia ser utilizado em termelétrica para produção de energia. Tecnicamente, o biogás gerado nos aterros sanitários é composto, ainda, por dióxido de carbono (CO2 – de 35 a 45%), nitrogênio (H2 – de 0 a 1%), hidrogênio (H2 – de 0 a 1%) e gás sulfídrico (H2S – de 0 a 1%).

“A geração de biogás em um aterro sanitário é iniciada alguns meses após o início do depósito dos resíduos e continua por 15 anos após seu encerramento. Uma tonelada de resíduo disposto em um aterro sanitário gera em média 200 Nm3 (metros cúbicos normais) de biogás. Para utilizar o biogás através da recuperação energética, o aterro sanitário deverá receber no mínimo 40 toneladas/dia de resíduos, com capacidade mínima de recepção da ordem de 500 mil toneladas em sua vida útil”, explica o engenheiro.

Outro fator importante avaliado no estudo foi a escolha da opção tecnológica utilizada para conversão energética. É possível verificar uma maior eficiência térmica, para pequenas capacidades de motores entre 100 KW e 10 MW, alcançando valores maiores que 40%.

A SDS por meio do Ceclima, e em articulação com a Associação Amazonense dos Municípios (AAM), irá promover um encontro junto a empresas interessadas na remediação ambiental de aterro.

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