Manaus, AM – Crianças indígenas venezuelanas, da etnia Warao, começarão as aulas na rede pública de ensino a partir do segundo semestre deste ano. O formato do atendimento educacional, local, escolha de professores da própria etnia para um ensino bilíngue, dentre outros assuntos relacionados ao tema foram discutidos durante reunião, nesta sexta-feira, 2/6, na sede da Secretaria Municipal de Educação (Semed), entre representantes da Gestão Educacional e da Gerência de Educação Escolar Indígena (Geei) do órgão e Ministério da Educação (MEC).
A intenção da Prefeitura de Manaus é oferecer um ensino humanizado e que respeite a cultura, língua materna e tradição indígena da etnia Warao, assim como já é desenvolvido com os estudantes indígenas atendidos pela rede pública municipal de ensino da capital amazonense. A iniciativa, por meio da Semed, tem apoio do governo federal, por meio do MEC.
Conforme reunião entre o secretário Nacional de Educação Básica do MEC, Rossieli Soares, a secretária da Semed, Kátia Schweickardt, a subsecretária de Gestão Educacional, Euzeni Trajano, e a gerente da Geei, Altaci Rubim, dentre as ações iniciais, há a criação de salas de aula nos abrigos onde os indígenas estão sendo atendidos.
Elas funcionarão nos turnos matutino e vespertino, com turmas multisseriadas. Haverá ainda a seleção de professores bilíngues, com carga horária de 40h. Dos mais de 400 waraos em Manaus, 254 foram para o Serviço de Acolhimento Institucional de Adultos e Família, no Coroado, na zona Leste, e os demais estão no centro da capital.
Segundo Rossieli Soares, a visita ao Amazonas e em Roraima visa verificar de perto como o MEC pode apoiar os Estados e municípios, que receberam as famílias indígenas venezuelanas, oferecendo um atendimento educacional diferenciado. Soares destacou, ainda, a importância de uma nova reunião por videoconferência, na próxima semana, para avançar em algumas ideias discutidas, nesta sexta-feira.
“A educação (atendimento) cabe tanto à rede municipal, quanto a estadual, mas cabe ao MEC apoiar nesse momento para que as redes de cada um desses Estados possam ter condição de fazer esse atendimento que será muito específico, diferenciado. O que estamos construindo é como oferecer um ensino humanitário observando as regras, os desafios relacionados à escolaridade, língua e cultura sobre vários aspectos”, destacou.
A secretária da Semed, Kátia Schweickardt, afirmou que mesmo ainda sendo um atendimento complexo, devido à falta de informações educacionais, como a proficiência das crianças e a matriz curricular, a rede iniciará as aulas com quatro turmas, no segundo semestre deste ano.
“A maior parte (dessas crianças) nunca estudou. Estamos, junto com o MEC, propondo a organização emergencial de duas salas de aula para funcionar, já agora no segundo semestre, nesses abrigos, que totalizarão quatro turmas multisseriadas (duas no turno matutino e duas no vespertino).
Vamos priorizar esse atendimento e depois que começarmos a funcionar, podermos ter um diagnóstico mais preciso da proficiência e ir avançando. Teremos dois professores trabalhando 40 horas nessas quatro turmas. Vamos construir com eles uma matriz curricular e acompanhar pedagogicamente esse trabalho”.
A gerente da Geei da Semed, Altaci Rubim, informou que, juntamente com a equipe de Educação Indígena da rede estadual, irá aos abrigos para averiguar os locais em que serão criadas salas de aula, bem como para fazer o levantamento mais exato da demanda e de professores Waraos bilíngues.
“O objetivo é atender a especificidade da demanda deles, da cultura, da língua, por isso a busca por professores bilíngues. A intenção é inclui-los nesse processo de escolarização junto ao trabalho que já é realizado pela rede”.
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