Presidente da Câmara, Eduardo Cunha vaiado na Paraíba

Eduardo Cunha recebe vaia na Paraíba e não fala na Assembleia Legislativa
Eduardo Cunha recebe vaia na Paraíba e não fala na Assembleia Legislativa
Eduardo Cunha recebe vaia na Paraíba e não fala na Assembleia Legislativa

Joao Pessoa, PB – Em mensagens publicadas em sua conta pessoal no microblog Twitter, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), classificou de “lamentável” a violência registrada nesta sexta-feira (10) durante visita do peemedebista à Assembleia Legislativa da Paraíba, em João Pessoa. Cunha atribuiu ao PT as agressões que ocorreram na manifestação.

Integrantes de movimentos sociais e sindicalistas invadiram na manhã desta sexta o Legislativo paraibano durante evento que contava com a participação do presidente da Câmara (assista ao vídeo ao lado). Na confusão, os manifestantes entraram em confronto com os seguranças do Legislativo para ter acesso às três galerias do plenário, onde promoveram um “apitaço” e vaiaram os políticos.

“Lamentável as agressões promovidas pelo PT na Paraíba”, escreveu Cunha na rede social.

Ele também afirmou no Twitter que um militante da juventude do PMDB foi “covardemente” agredido na Assembleia da Paraíba “por militantes do PT”. “Minha solidariedade ao jovem do PMDB”, destacou o deputado.

Por conta da confusão, Cunha acabou não discursando na tribuna Assembleia da Paraíba. Ele também antecipou sua saída do parlamento, deixando o prédio por volta das 11h, antes da entrevista coletiva que estava programada para as 11h20.

As dezenas de pessoas que participaram da manifestação gritavam “Fora Cunha” e exibiam cartazes com a mesma mensagem. Parte dos manifestantes usava camisetas do movimento LGBT, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e de partidos políticos.

Contrários ao fato de Eduardo Cunha, que é evangélico, já ter se posicionado contra a criminalização da homofobia, o grupo protestava contra o preconceito em relação aos homossexuais.

Eles também pediam o veto da presidente Dilma Rousseff ao projeto de lei que regulamenta a terceirização no país. O texto-base da proposta que permitirá a terceirização de qualquer serviço e atividade foi aprovado na última quarta (8) pela Câmara, mas os deputados ainda precisam analisar destaques ao projeto (propostas de modificações ao texto original) antes de a votação ser concluída.

Os gritos de protesto foram ouvidos no plenário durante o discurso do deputado federal paraibano Hugo Motta (PMDB), que é presidente da CPI da Petrobras na Câmara dos Deputados. “Os senhores não representam a maioria do povo brasileiro”, rebateu o deputado do PMDB, após ouvir vaias e apitos.

Até então, Cunha não havia discursado. O presidente da Câmara acompanhou a manifestação em silêncio no plenário da Assembleia. Diante do tumulto, a sessão foi interrompida para que os dirigentes do Legislativo negociassem a retirada dos manifestantes das galerias.

Na retomada da sessão, os protestos continuaram. No mezanino do plenário, os manifestantes fizeram barulho com apitos e gritaram palavras de ordem para tentar interromper a sessão. Parte do grupo forçou os vidros das galerias, o que acabou provocando nova confusão com os seguranças que tentaram alertá-los sobre o risco de acidentes.

Da tribuna, o deputado estadual Gervásio Maia (PMDB) criticou os manifestantes. “Eu quero dizer, e me escute quem quiser, mas não vim aqui para badernar, para quebrar vidros. Isso não é manifestação, é baixaria, e com baixaria não se discute democracia”, enfatizou.

Do lado de fora do prédio do Legislativo, manifestantes da CUT protestavam em um carro de som. Os sindicalistas reivindicavam que Cunha fosse embora da Paraíba porque é “persona non grata”.

Cunha critica segurança Ao deixar o prédio da Assembleia, Eduardo Cunha falou, em uma rápida conversa com os jornalistas, que os deputados estaduais Anísio Maia (PT) e Estelizabel Bezerra (PSB) articularam a manifestação contra ele.

Segundo o peemedebista, Estelizabel impediu que a Polícia Militar reforçasse a segurança da Casa, apesar de o presidente da Assembleia, Adriano Galdino (PSB), ter solicitado ao governo estadual a presença de um efetivo politicial.

Ele também disse que o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB) – aliado da presidente Dilma Rousseff – não assegurou a segurança do Legislativo paraibano em meio ao tumulto.

“Acho muito estranho que o governador não tenha garantido a segurança de um evento político em uma outra casa, demonstrando que aqui [na Paraíba] não se respeita a independência dos poderes. É lamentável que o governador tenha se furtado de garantir o patrimônio púiblico, é uma omissão e o governador é o responsável”, ressaltou Cunha.

Acusado de promover as agressões no protesto, o PT da Paraíba rebeteu as críticas do presidente da Câmara. Segundo o presidente estadual do partido, Charliton Machado, a legenda não organizou qualquer manifestação, mas “respeita” as manifestações populares.

“Em nenhum momento o PT organizou qualquer manifestação contra o presidente da Câmara. O PT respeita as atividades institucionais do legislativo, entre as quais, o debate sobre a reforma política, por isso, ele [Cunha] veio até a Paraíba. Porém, do mesmo modo que respeitamos o deputado Eduardo Cunha, não podemos e não devemos impedir que os movimentos sociais se manifestem”, disse Machado ao G1.

“Repito, o PT, em nenhum momento, construiu uma agenda contra o deputado, mas respeita e aceita que os movimentos sociais são legítimos e podem protestar”, ressaltou o dirigente petista.

Em nota, o governo da Paraíba rechaçou as acusações de Eduardo Cunha. O comunicado destacou que a administração paraibana “tem o compromisso, dentro da legalidade e do dever constitucional, de garantir a segurança de todo e qualquer cidadão que esteja no Estado, mas não tem o poder de conter descontentamento e insatisfações populares contra a postura, o perfil ou o histórico do presidente da Câmara ou de qualquer outro poder” (leia a íntegra da nota ao final desta reportagem).

A deputada Estelizabel Bezerra disse que a acusação de Eduardo Cunha é “irresponsável”. A parlamentar do PSB afirmou que vai processar o presidente da Câmara em razão das declarações.

Anísio Maia se limitou a dizer que “quem não acredita que o povo tem poder acha que o povo não pode protestar sem ser manipulado”.

Já o presidente da Assembleia Legislativa defendeu o governador Ricardo Coutinho. Galdino assumiu a responsabilidade pelo fato de a PM não ter entrado no local. Segundo o deputado, a decisão foi dele, por ter considerado que “a entrada da polícia poderia gerar um tumulto maior”.

Protestos contra Cunha Nas últimas semanas, Eduardo Cunha foi alvo de protestos em São Paulo e Rio Grande do Sul. No dia 27 de março, o presidente da Câmara foi recebido com vaias e beijo gay na Assembleia de São Paulo. Cerca de 50 manifestantes protestaram contra a homofobia.

Dias depois, em 30 de março, Cunha foi vaiado pelo movimento LGBT na Assembleia do Rio Grande do Sul e também foi recebido com beijo gay. Cunha é evangélico e já se posicionou contra a criminalização da homofobia.

A audiência pública desta sexta-feira, na Paraíba, faz parte do programa “Câmara Itinerante”, que pretende levar a Câmara dos Deputados até as assembleias legislativas de diferentes regiões do país.

Leia a íntegra da nota divulgada pelo governo da Paraíba:

NOTA O Governo do Estado da Paraíba vem a público rechaçar as acusações desferidas nesta sexta-feira (10), pelo presidente da Câmara Federal, deputado federal Eduardo Cunha.

O Governo da Paraíba tem o compromisso, dentro da legalidade e do dever constitucional, de garantir a segurança de todo e qualquer cidadão que esteja no Estado, mas não tem o poder de conter descontentamento e insatisfações populares contra a postura, o perfil ou o histórico do presidente da Câmara Federal ou de qualquer outro poder.

O governo lamenta que o senhor presidente da Câmara venha à Paraíba, talvez inspirado pela pauta política nacional, partidarizar uma visita que se esperava produtiva na construção de uma agenda importante no que diz respeito à necessidade de uma urgente reforma política neste país e, especialmente, de um novo pacto federativo.

No mais, reitera que a Paraíba e o Governo estão de portas abertas para qualquer chefe de poder que, protegido do afã político, deseje contribuir para o aprimoramento de temas que visem o desenvolvimento deste Estado, do Nordeste e do Brasil.

Amazonianarede-G1

 

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