Porto Velho: Pontos turísticos são interditados

Amazonianarede – Diário da Amazônia

Porto Velho – “A história de Porto Velho está indo embora”. O desabafo é de José Carlos Dantas, que há 25 anos mantém um restaurante no Mirante III, interditado pela Defesa Civil na última sexta-feira.

O local corre risco de desabamento provocado pela erosão que está afetando o barranco. Desolado, José Carlos mostra a área isolada por uma fita zebrada que inclui a frente da igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, construída em 1962 na margem do rio. “Outras casas à direita e à esquerda do mirante também estão afetadas pela erosão, assim como uma pequena comunidade tradicional que vive no pé do barranco. O coordenador da Defesa Civil Municipal, coronel Pimentel, informa que o órgão deve fazer uma vistoria para verificar a situação destas residências, para ver a necessidade de também interditá-las.

Já a Santo Antônio Energia, concessionária da UHE de Santo Antônio, citada pelos moradores como causadora do desastre, reafirmou por meio da assessoria de imprensa que não tem responsabilidade sobre o desbarrancamento, mas mesmo assim contratou uma empresa para fazer uma avaliação, que poderá ser utilizado também pela prefeitura da Capital.

Além do Mirante III, o local onde fica o Café Madeira foi interditado, em janeiro, porque também corre o risco de ser engolido pelo rio. O coordenador da Defesa Civil diz que a área pode desabar a qualquer momento e há um temor de que venha afetar o final da rua Carlos Gomes. O órgão aguarda uma vistoria da Defesa Civil Nacional, que vai avaliar a situação do barranco na área urbana de Porto Velho e também nos distritos de São Carlos e Calama, ameaçados pela erosão. A situação é mais crítica em Calama, segundo o coordenador.

José Carlos Dantas, mais conhecido como Carlinhos, construiu sua residência e o restaurante do Mirante III, onde serve comida regional feita pela esposa, Rosa Schnel Dantas, que por sua vez aprendeu a fazer tacacá, pato no tucupi e outras iguarias da gastronomia amazônica com a sogra, dona Isaura. “São 60 anos de tradição”, afirma, lembrando do tempo em que a mãe trabalhava na cozinha. O Mirante III também era um encontro de amantes da boa música – chorinho, bossa nova, MPB e outros ritmos, interpretados pelo dono do estabelecimento e outros artistas.

Ameaçado pelo desbarrancamento, José Carlos mostra as árvores que plantou na margem do rio para segurar a terra. Há quatro meses, quatro antigos pés de mangueira foram levadas pela forte correnteza do Madeira. “O barranco está se desmanchando”, lamenta. Com o desbarrancamento, ele ficou sem casa e sem a fonte de renda. Procura um lugar para residir nas proximidades, para tomar conta da estrutura que construiu ao longo de 25 anos de trabalho, enquanto aguarda uma decisão sobre o que será feito para conter a erosão. 

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