Porto Velho: Moradores sofrem com insegurança

Moradores do distrito de São Carlos sofrem com a ameaça de desabamento de suas casas. Nos últimos 20 dias, o desbarrancamento atingiu 10 metros.

Desde novembro do ano passado, os desmoronamentos provocados pelo fenômeno conhecido como ‘terras caídas’, atingiram pontos principais da comunidade, como bares, clubes e comércios. A comunidade se preocupa com as decisões da Defesa Civil, que esteve avaliando as condições das moradias do local em três oportunidades, mas ainda não definiu qual será o novo lugar para onde as famílias serão remanejadas. Como é o caso de Nilza de Souza Coelho, que mora no distrito há 25 anos.

Ela conta que esse ano se viu obrigada a desmanchar sua casa e seu comércio que estavam mais próximos ao barranco e construir em outro local. Tudo isso junto com o marido e mais quatro filhas. “Quando percebemos que não tinha mais jeito, eu e meu marido resolvemos desmontar a casa e construir um pouco mais pra lá. Mas daqui a pouco o barranco parece que vai chegar aqui. A prefeitura tem que resolver a situação antes que tenhamos que fazer tudo novamente”, desabafa.

A maior expectativa da moradora é com relação ao lugar para onde eles serão levados. Segundo Nilza, o local que eles teriam feito uma indicação é muito afastado da margem e dos principais pontos de movimento do distrito, como a escola, a quadra e o posto de saúde. “Se eles levarem a gente para muito longe também vai ficar ruim, porque lá o movimento vai ser baixo e corremos o risco de ficar no prejuízo com o comércio. Aqui, quando alguém chega já passa pelos bares e restaurantes”, explica.

FAMÍLIAS REMOVIDAS TÊM DIFICULDADES

De acordo com o administrador do distrito, Ednardo Medeiros, a defesa civil teria afirmado que em princípio 17 famílias devem ser retiradas das margens do rio. Medeiros conta que algumas famílias já foram removidas, mas levadas para áreas que também alaga. Ele conta que em São Carlos há cerca de 500 famílias, no entado 11 comunidades também fazem parte do distritos, o que totaliza uma população de quatro mil pessoas.

Medeiros, que é formado em história, explica que esse fenômeno é normal na região. Segundo ele, todos os anos o rio avança durante a cheia e quando baixa leva a terra. Mas, ele lembra que há dois anos o processo começou a acelerar e foi acontecendo de forma mais violenta. “Sabemos que isso é normal, mas nos dois últimos anos, temos sido mais prejudicados. A destruição está muito maior”, ressalta.

DEFESA CIVIL EXAMINA NOVA ÁREA

O chefe de minimização de desastres da Defesa Civil de Porto Velho, Natanael Castro Moura afirma que a Defesa Civil do Município, ainda está realizando estudos na área do distrito para saber qual o melhor local para construir as novas moradias. “Ainda não temos informações de onde as famílias serão colocadas, nem quando isso deve acontecer. Na próxima semana, a prefeitura deve declarar estado de emergência na região. Aí os trabalhos serão acelerados e teremos maiores detalhes de como essa operação deve ser feita ainda nos próximos dias”, explica.

AÇÃO JUDICIAL REIVINDICA INDENIZAÇÃO

Os moradores de São Carlos entraram com uma ação judicial para requerer da prefeitura, além do remanejamento, o pagamento de indenização para cada família. Mas, de acordo com as informações dos moradores, o advogado afirmou que a prefeitura exige que eles provem que estão morando em áreas de risco para que o processo continue. “Estamos abandonados pelo poder público. Eles estão enrolando para remanejar a gente, mas não adianta só tirar a gente daqui. Temos que ter dinheiro para construir nossas casas. Por isso o motivo da indenização”, afirma a comerciante Nilza de Souza Coelho.

(Diário da Amazônia) 

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