Porto Velho: Desabrigados recebem R$ 200, para aluguel

Amazonianarede – Diário da Amazonia

Porto Velho – A ajuda de custo, chamada de Auxílio Moradia, oferecida pela prefeitura às famílias desabrigadas por conta da cheia do rio Madeira nos últimos meses, é de R$ 200.

Os moradores reclamam que este valor é insuficiente para pagar o aluguel e não custeia nem uma casa pequena, já que na Capital, um local mais em conta fica em média por R$ 400 por mês. “A minha família é grande, tenho quatro filhos. Sustentar todo mundo já é difícil, imagina pagar aluguel desse preço. Não tenho um emprego fixo, vivo de bicos”, desabafa Jessivane Leão da Silva, que deixou sua casa, localizada no bairro São Sebastião, na última segunda-feira.

A família de Jessivane é uma das dez que foram retiradas de uma área de risco, próximo ao Igarapé dos Milagres, e levadas para a associação de moradores do bairro. Segundo ela, a equipe da defesa civil foi até o São Sebastião e os alertou do perigo. Depois, por volta das 15h, um caminhão cedido pela Secretaria Municipal de Ação Social (Semas) chegou para fazer a mudança. O morador diz que pode ficar na associação durante anos, mas que precisa de um lugar para morar. “O auxílio não é suficiente. Vou ficar aqui até conseguir uma outra casa sem pagar nada”.

Maria Petrolina, que também está com a família na associação, diz que agora eles esperam para fazer o cadastro na prefeitura. “Nós queremos outro lugar para morar. Não vamos mais voltar pra lá. Já é a terceira vez que passamos por isso, porque não tínhamos para onde ir. Agora não dá mais. Vamos esperar uma moradia digna”, afirma.

Secretária também considera pouco

A secretária da Sema, Josélia Ferreira da Silva, afirma que esta verba é apenas uma ajuda, já que é praticamente impossível encontrar um aluguel na Capital com este valor. “Nós sabemos que não dá para pagar todo o aluguel.

Deixamos bem claro, no momento do cadastro que é apenas uma ajuda. Algumas famílias preferem ir para casa de parentes até conseguirem uma nova moradia”, explica.

O chefe de minimização de desastres da Defesa Civil de Porto Velho, Natanael Castro Moura, concorda. Ele diz conhecer a situação dos moradores destas áreas, mas que precisa haver uma conscientização para não voltarem para os locais. “Sei que muitos não tem opção. Mas não podemos deixá-los correr riscos. Os órgãos gestores precisam fiscalizar depois que retiramos eles destas áreas”, declara Moura.

Nível do rio sobe um metro em cinco dias

De acordo com informações da Capitania dos Portos de Porto Velho, o nível do rio Madeira subiu cerca de um metro em apenas cinco dias. A média diária foi de 25 centímetros. O comandante geral da Capitania dos Portos em Porto Velho, Luiz Reginaldo de Macedo, conta que o nível do rio é influenciado pelas chuvas e pelo degelo dos Andes.

Alerta

Na última segunda-feira, o nível do Madeira assustou, chegando a 16 metros e a cidade entrou em estado de alerta. Esse estado é decretado quando as cheias apontam a marca de 14 metros. O Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia) prevê “chuva abundante” para todo o mês de abril, quando se encerra o inverno amazônico.

O comandante explica que enquanto a usina de Santo Antônio estava enchendo o reservatório, no ano passado, a cheia não foi tão grande. “Ontem, o nível do rio já começou a baixar, estava em 15,98 metros. A diferença do ano passado é de exato um metro, nesta data marcava 14,98 metros”, ressalta. Segundo ele, as hidrelétricas influenciam sim no comportamento do Madeira, mas agora que a usina de Santo Antônio já atingiu o limite de água, a tendência é voltar ao normal.

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