PIB brasileiro continua descendo a ladeira

PIB brasileiro, desce a ladeira lisa
PIB brasileiro, desce a ladeira lisa
PIB brasileiro, desce a ladeira lisa

Brasil – Com o recuo do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,7% no terceiro trimestre deste ano em relação aos três meses anteriores e de 4,5% em relação a igual período de 2014, economistas ouvidos revisaram suas previsões para o índice de 2015. Com o resultado desta terça-feira (1º), a economia do país segue em recessão. 

No acumulado em quatro trimestres, o PIB recuou 2,5%. De janeiro a setembro o PIB acumula queda de 3,2%.

Thais Marzola Zara, economista da Rosenberg & Associados, diz que resultado veio mais forte do que estava esperando, dos 4,5% na queda interanual ela esperava 3,9%, e dos 1,7% em relação ao trimestre anterior esperava 1%. “As quedas por setores foram bem disseminadas como já era esperado, algumas foram mais intensas do que esperava, principalmente em comércio e transporte, neste último caso a queda foi muito forte”, diz.

Ela destaca que serviços de informação, como telefonia e TV a cabo, que ainda seguravam o PIB, entraram no campo negativo. A economista diz que a queda que mais chamou atenção foi em investimentos, pelo lado da demanda, com recuo de 15% em relação ao mesmo trimestre do ano passado – ela esperava baixa de 13,5%. Já em relação aos três meses anteriores, a queda foi de 4%. “A queda foi forte, ainda bastante expressiva, mesmo que seja menor que no trimestre anterior”, diz.

“A recessão está disseminada entre praticamente todos os componentes do PIB”, você tem a queda em todos os setores, nenhum se salva”, afirma. Thais diz que a queda nos impostos de 8,3% traz bastante o PIB para baixo. “O que segurou um pouco foi a queda nas importações, esperava recuo de 15% e a queda foi de 20%, e isso acaba segurando um pouco o PIB.” Para 2015, Thais previa queda de 3% no PIB, mas com o resultado desta sexta ela diz que revisou para -3,5%.

Já para 2016, ela também mudou sua previsão. “O próximo ano vai ser bastante difícil, com queda de 2,5% a 3%”. “É um cenário bastante difícil, provavelmente teremos um impacto forte no mercado de trabalho e quedas expressivas na renda real que ainda não foram mostradas nas pesquisas do IBGE”, diz. Thais prevê crédito ainda mais restrito no ano que vem e, para segurar a taxa de inflação, segundo ela, o Banco Central deve elevar a taxa básica de juros no começo do ano que vem.

Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria Integrada, também diz que o resultado do PIB veio pior do que esperava. Ela também esperava queda de 3,9% em relação ao mesmo trimestre de 2014 e de 1% em relação ao trimestre anterior. “A surpresa veio pelo lado da oferta, na agropecuária, porque esperávamos alta de 1%, e veio queda de 2,4%, diz. A economista afirma que o resultado da indústria veio melhor do que o esperado (queda de 1,3%) e o setor de serviços ficou próximo da previsão (queda de 1%).

“Do lado da demanda, a surpresa foi no consumo das famílias, em que prevíamos queda de 0,2% e veio recuo de 1,5%”, afirma. Outra queda que chamou a atenção da economista foi em investimentos. “Mas no caso do consumo das famílias, o peso no PIB é de 62%, então o destaque fica para investimento e consumo das famílias. Mas no geral tudo foi muito ruim”, comenta. Em relação aos destaques positivos, Alessandra cita o crescimento das exportações (na comparação com o 3º trimestre do ano passado), “que foi a única coisa que salvou”. Segundo ela, contribuiu para a recuperação a queda nas importações, com o aumento da taxa de câmbio, o que faz subir o ritmo das exportações.

 

Alessandra destaca ainda a revisão do IBGE do PIB dos dois trimestres anteriores. No caso do primeiro, de -1,6% para -2%, e no segundo, de -2,6% pra -3%, o que mudou a previsão dela para o PIB de 2015, passando de -3,2% para -3,5%. “A revisão foi forte para baixo para o 1º e 2º trimestres e o risco para 2016 é maior ainda. Nossa previsão atual é de queda de 2% no ano que vem, mas a tendência é piorar”, diz.

Luiz Alberto Machado, conselheiro federal do Conselho Federal de Economia (Cofecon), considera o resultado do terceiro trimestre “um pouquinho pior que se imaginava”.

“Esperávamos queda, mas na maior parte dos setores foi superior do que esperava”, afirma.

“Esperávamos uma trajetória descendente há tempos e os fatos confirmam que não há como reverter o quadro nesse curto prazo. Isso reflete a queda na confiança de forma geral”, analisa. Para Machado, a queda no setor agropecuário foi surpresa. “Esperava queda, mas não tão acentuada”, diz.

“O dado mais preocupante é a redução dos indicadores relativos a investimentos. O mais complicado é que compromete o crescimento futuro”, diz.

O recuo no consumo das famílias não foi surpresa para o economista. “As famílias estão com uma postura conservadora e consciente nos gastos, então não é surpresa. Elas evitam contrai novas dívidas, o que confirma o esperado”.

Machado prevê que o PIB fique em torno de 3% em 2015. “Com inflação de 10%, as duas coisas juntas é o cenário menos desejável, chamado de estagflação, que é a estagnação com inflação. Isso é terrível. Por um lado tem a queda no nível de atividade, queda de salário e emprego, e de outro lado tem a inflação corroendo o poder aquisito”, explica.

Amazonianarede-Sisrtema Globo

 

 

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