Pesquisa aponta que exportações do PIM são subdimensionadas

A contribuição do Polo Industrial de Manaus (PIM) nas exportações brasileiras envolve a re-exportação de seus produtos por outros estados brasileiros. É o que mostra a pesquisa francesa “A inserção de Manaus nas cadeias globais de valor”, exibida durante o seminário “Polo Industrial de Manaus: Estrutura Produtiva e Condições de Trabalho”, nesta sexta-feira (14), no auditório da Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA).

Apresentada pelos professores Jean-Marc Siroën, da Universidade de Paris-Dauphine, na França, e Ayçil Yücer, da Universidade de Dokuz Eylül, na Turquia, a pesquisa concluiu que o PIM é um modelo de integração comercial baseado na transformação de bens intermediários nacionais e importados, movendo-se para o mercado interno brasileiro. No entanto, no que se refere à exportação, boa parte dos produtos do PIM segue para outros estados, para de lá serem exportados – não sendo contabilizados como exportação do modelo.

De acordo com o economista José Alberto Machado, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), a re-exportação de produtos do PIM por outros Estados é um fenômeno antigo. Segundo ele, a produção local é vendida para os Estados brasileiros e depois segue para outros países, especialmente do Mercosul, mas nas exportações brasileiras não são contadas como exportações do Amazonas. “Isso é algo que precisa ser identificado, tornado mais claro. Muitas vezes são re-exportações sem nada agregado, são simples trânsitos comerciais. Já verificamos isso in loco, mas as estatísticas brasileiras não têm como medir isso”, afirma.

O seminário também contou, na parte da manhã, com o trabalho “O PIM nas relações intersetoriais amazonenses: o retrato pela Matriz Insumo Produto (MIP) de 2006”. De acordo com o estudo, os setores chave que se apresentaram como maiores indutores da economia amazonense, de acordo com a MIP em 2006, foram o comércio, o transporte, o petróleo e o gás natural, o refino de petróleo e a produção de eletricidade, gás e água. “Não que dizer que os demais não são importantes, mas sim que esses, de alguma forma, tiveram nesse período um encadeamento mais forte que a média”, afirmou o coordenador de Estudos Econômicos da SUFRAMA, Renato Mendes, que apresentou a pesquisa.

O estudo “Aspectos da adição de valor do PIM no período de 1996 a 2010”, apresentado por Mauro Thury, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), e José Alberto Machado (Inpa), mostrou os marcos evolutivos do modelo ZFM desde a década de 60, a agregação de valor dos produtos do PIM em relação à indústria de transformação do país, a importância do modelo para o desenvolvimento regional e a necessidade de manutenção da ZFM – com a devida revisão de sua estrutura com foco de assegurar seus êxitos.

O professor Maurício Brilhante, da UFAM, apresentou a palestra “Centralização versus democratização em processos decisórios do modelo ZFM”, baseada em sua tese de doutorado intitulada “O processo de decisão política e a Zona Franca de Manaus”. O trabalho apresentou alguns dos processos decisórios tomados em relação ao modelo Zona Franca e recomendou maior transparência e maior participação da sociedade civil no processo decisório em relação à ZFM.

As palestras seguiram pelo período da tarde, com os temas “O mercado de trabalho da ZFM 2003-2010”, apresentado pelo professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), João Saboia; “Pobreza e distribuição de renda na Zona Franca de Manaus em 2000 e 2010, apresentado pelos professores Aude Sztulman, Daniele Carusi, Marta Menendez (Universidade de Paris-Dauphine) e Marta Castilho (UFRJ); “Os regimes especiais da ZFM e trabalho produtivo e reprodutivo das manauaras”, por Marta Castilho e Hildete Pereira de Melo; e “Os executivos das transnacionais e a reprodução das desigualdades sociais”, pelo professor da Ufam, Marcelo Seráfico.

Seminário

Apresentando resultados de pesquisas acadêmicas relacionadas ao modelo Zona Franca de Manaus, o seminário “Polo Industrial de Manaus: Estrutura Produtiva e Condições de Trabalho” foi realizado pela SUFRAMA, em parceria com o Departamento de Economia da Faculdade de Estudos Sociais da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Paris-Dauphine, com o apoio do Projeto NOPOOR – Comissão Europeia, Agence National de La Recherche – Appel Suds (projet), CNPq. Com o seminário, as instituições visam à divulgação das pesquisas em andamento ou já concluídas, abrindo canais de diálogo para o aprimoramento e continuidade das mesmas.

Texto: Layana Rios – Suframa 

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