Peru – Os peruanos elegem neste domingo (10) seu novo presidente para os próximos cinco anos, com Keiko Fujimori, candidata de centro-direita filha do ex-presidente Alberto Fujimori, como favorita. Com um sobrenome e uma história que provoca a fúria entre alguns peruanos e a adoração de outros, Keiko tem registrado o apoio constante de cerca de um terço dos peruanos nos últimos dois anos, segundo a agência Reuters. No entanto, ela enfrenta uma crescente oposição que provavelmente não a deixará ter a maioria simples necessária para uma vitória final. A chance de enfrentá-la num segundo turno em junho tem alimentado uma disputa ferrenha pelo segundo lugar, com dois rivais com plataformas radicalmente diferentes brigando pelo apoio de milhões de eleitores indecisos.
Segundo pesquisa do instituto Ipsos, Fujimori tem 31,5% dos votos, seguida de Pedro Pablo Kuczynski, ex-economista do Banco Mundial, com com 17% e da parlamentar de esquerda Veronika Mendoza com 16,8%. A margem de erro é de 2,3 pontos porcentuais.
“Eu mudo de ideia a cada meia hora”, afirmou Felix Castillo, um guarda de segurança de 39 anos, que integra o que o instituto Ipsos estimou no domingo ser uma elevada fatia de 40% do eleitorado que ainda não se comprometeu com nenhum candidato.
Promessas
A filha do ex-presidente, que está preso, promete implementar uma agenda de investimento público que inclusive usará os fundos de estabilização fiscal para realizar projetos de infraestrutura que conectem o país, como a construção de estradas, e levar serviços básicos a areas pobres.
Alberto Fujimori, de 75 anos, cumpre uma pena de 25 anos por corrupção e crimes contra a humanidade perpetrados durante seus dez polêmicos anos de governo (1990-2000). A família do patriarca continua marcando a vida política do país.
Durante este período, em que declarou uma guerra implacável ao Sendero Luminoso e com a ajuda de seu braço direito, Vladimiro Montesinos, o país viu-se tomado por todo tipo de violações dos direitos humanos, subornos, chantagens e corrupção. Como na melhor das novelas mexicanas, não faltaram nepotismo, traições, amores e intrigas.
Kuczynski, partidário do livre comércio, promete reduzir o imposto geral das vendas de 18% para 15% para potencializar a formação do sistema de contribuição das pequenas empresas e beneficiar os consumidores com preços mais baixos.
Num crescimento recente, Veronika Mendoza, de 35 anos, tem conquistado o apoio de eleitores indecisos com promessas de “mudança radical” em relação ao modelo econômico de livre mercado dos últimos 25 anos, um desdobramento que tem causado arrepios no mercados de câmbio e de ações locais.
Mendoza quer aumentar gastos, elevar impostos e fazer com que o Peru, que deve se tornar o segundo maior fornecedor do mundo de cobre neste ano, seja menos dependente das empresas de mineração globais, que, segundo ela, merecem políticas ambientais mais duras. “Nós não achamos que nós devemos continuar a ser um mero depósito de rochas e matéria-prima”, declarou ela.
Cenário turbulento
O cenário de candidaturas desta campanha presidencial foi turbulento. A disputa começou com 19 candidatados em janeiro, mas, desde então, muitos renunciaram ou foram expulsos pela nova lei eleitoral, restando 10 aspirantes.
Dois candidatos importantes – César Acuña e Julio Guzmán – foram excluídos da corrida presidencial, levando o chefe da Organização dos Estados Americanos a alertar que eleições seriam “semidemocráticas” e criando suspeitas de que a medida de forma injusta favorecera Fujimori.
Os candidatos foram excluídos porque a lei de partidos políticos, que rege desde janeiro, permite excluir candidatos por financiamento ilegal de campanha. Sua aplicação provocou confusão no Júri Nacional de Eleições, que foi alvo de críticas por falta de critérios claros na aplicação da norma.
Outros sete candidatos se retiraram voluntariamente da lista inicial de 19. Os opositores de Keiko Fujimori, sem uma forte candidatura contrária à candidata para apoiar, têm feito protestos.
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