Belém, PA – O Pará reúne todas as condições para se tornar a meca do alumínio. O Estado, que já é reconhecido hoje como um grande produtor mundial, pode se transformar num polo industrial do setor, atraindo para cá indústrias de transformação e provocando, com isso, uma intensa geração de riquezas.
O diagnóstico é de quem entende (e muito) do assunto, o vice-presidente executivo e diretor da área de negócios de bauxita e alumina da Hydro no Brasil, Alberto Fabrini.
O Pará – destacou o vice-presidente da Hydro – tem as fontes naturais para a produção de alumínio, como a bauxita e a própria energia elétrica. E não uma energia qualquer, mas a mais limpa que se conhece, que é a energia de origem hídrica. Alberto Fabrini faz ainda um afago ao Pará acrescentando, aos bens naturais do Estado, também o talento do seu povo. “Nós empregamos mais de 80% de paraenses como componentes da nossa mão de obra”, disse ele, acrescentando. “Então, todos os ingredientes estão aqui”.
O diretor da área de bauxita e alumina da Hydro reconhece que o setor está passando por um período de dificuldades, sobretudo para conciliar a produção do alumínio e os preços internos da energia elétrica. Isso fica evidente, conforme frisou, com os vários desligamentos (de fornos da indústria de alumínio) que estão ocorrendo no país. O Brasil, que era exportador de alumínio, hoje está se tornando importador do metal, tão importante como as aplicações tecnológicas de que o Brasil tanto precisa.
Destacou Alberto Fabrini que o alumínio é o metal do futuro e sua aplicação é crescente em vários ramos da indústria, como a automobilística, a construção e a indústria aeronáutica, para não citar outras. “Então, é natural que a gente veja com preocupação o fato de o Brasil estar se tornando um importador”, afirmou, acentuando que, no longo prazo, o país poderá perder também a sua tecnologia e os seus talentos, as pessoas que trabalham no setor e que o conhecem profundamente.
Segundo Alberto Fabrini, os especialistas brasileiros, os nossos engenheiros que trabalham fora do país, são respeitados tecnicamente e também como lideranças. “Eles são respeitados no mundo. Então, nós não gostaríamos de perder isso. Precisamos trabalhar juntos para encontrarmos uma saída, uma saída que seja viável para o país e, ao mesmo tempo, viável também para a indústria”, acrescentou.
Alberto Fabrini disse compartilhar do sentimento do povo paraense, que há tempos defende a verticalização da indústria mineral. No caso da Hydro, conforme frisou, esse tipo de cobrança não causa sobressaltos porque a empresa já tem suas operações totalmente verticalizadas em território paraense. Ressaltou que, aqui, a Hydro faz a mineração da bauxita e usa essa bauxita na produção de alumina, empregando nesse processo aquela que é considerada a maior refinaria de alumina do mundo – a Alunorte, em Barcarena, com capacidade instalada de 6,3 milhões de toneladas ao ano.
Na etapa seguinte, a alumina produzida pela Alunorte é industrializada pela Albras, fábrica pertencente também à Hydro e que produz em Barcarena o alumínio primário. Ele ressalta haver, portanto, uma integração completa no processo, já que até a energia, adquirida junto à Eletronorte, é produzida também no Pará. “A Hydro pratica a verticalização, já há muito tempo, e espera poder continuar a praticá-la”, aduziu.
Sem entrar em detalhes, o diretor da empresa disse que a Hydro tem ainda outros projetos que poderão acontecer, dependendo das condições do próprio Estado e também das condições do preço do alumínio no mercado mundial.
Além da energia, um insumo considerado fundamental – não somente no tocante ao preço, que precisa ser competitivo, mas também em relação à oferta, à disponibilidade, visto que a indústria do alumínio, de perfil eletrointensivo, precisa ter garantias totais de suprimento energético.
(Diário do Pará)