Brasília – Ministros afirmam que ONU usou fontes desatualizadas no relatório. No cenário otimista divulgado pelo Executivo, o Brasil ficaria na 67ª colocação.
Para tentar amenizar o crescimento lento do país no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o governo brasileiro convocou uma entrevista para contestar a base de cálculo usada pelas Nações Unidas. Nesta quinta-feira, três ministros – Tereza Campello (Desenvolvimento Social), Henrique Paim (Educação) e Arthur Chioro (Saúde) – apresentaram dados que, segundo eles, são mais recentes e mais favoráveis ao Brasil, embora não tenham sido utilizados na atualização do ranking.
Na lista da ONU, o Brasil aparece como 79º colocado, com um IDH de 0,744. No relatório divulgado em 2013, com dados de 2012, o Brasil era o 80º colocado e tinha um índice de 0,742. O Índice de Desenvolvimento Humano leva em conta a expectativa de vida, a escolaridade e a renda média da população.
Os dados contestados pelo Brasil dizem respeito à expectativa de vida e aos anos médios de escolaridade. A expectativa de vida seria de 74,8 anos, e não de 73,9, como considerou a ONU. A média de estudo da população adulta estaria em 7,6, e não 7,2 anos. E a expectativa de escolaridade das crianças que ingressam no sistema de ensino seria de 16,3 não de 15,2.
Pelo cálculo do governo, o IDH brasileiro seria de 0,764. Segundo a simulação feita pelos ministros, neste caso o país saltaria para o 67º lugar do ranking. Mas a estimativa é irreal porque há muitos outros países em que os dados considerados não são os mais recentes.
A entrevista foi convocada na noite desta quarta-feira, horas antes da divulgação oficial do ranking. “Os dados da educação permanecem parados de 2010 a 2013, e não porque o Brasil não tenha dados”, afirmou a ministra Tereza Campello.
A ONU afirma que utiliza dados de instituições internacionais de credibilidade, como o Banco Mundial, e que critérios metodológicos impedem o uso de outras fontes. Um exemplo: o relatório do IDH considera para seus cálculos os alunos que tenham a partir de seis anos de idade. Um dos critérios sugeridos pelo governo brasileiro considera também as crianças de cinco anos que já estejam em processo de alfabetização.
Fonte: Veja