Os 80 Chuveirões da praia de Boa Viagem, um dos cartões postais de Recife estão com água contaminada

15-12boaRecife, PE – Após três análises, pesquisadores constataram a insalubridade da água dos chuveirões da orla de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife.

Estudo da Universidade Federal de Pernambuco foi iniciado em maio deste ano e analisou os índices de contaminação, chegando à conclusão de que a água não é própria para o uso dos banhistas, oferecendo riscos à saúde.

O resultado sai em meio às discussões sobre a retirada definitiva dos chuveirões, como foi acordado em audiência pública no Ministério Público de Pernambuco (MPPE) no início deste mês.

A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife informou por meio de nota que técnicos da Secretaria de Saúde do município estão coletando e analisando a água que sai dos chuveiros da praia. A pesquisa começou em maio, depois que a UFPE divulgou o primeiro resultado da análise feita na água desses chuveiros. Somente após o resultado oficial das pesquisas a Prefeitura vai decidir em definitivo o que vai ser feito.

A pesquisa “Diagnóstico da qualidade das águas dos chuveirões da praia de Boa Viagem” começou em maio deste ano no departamento de Engenharia Química da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). No dia 5 daquele mês, a equipe realizou a primeira coleta de água dos chuveirões, que indicou forte presença de coliformes fecais e da enterobactéria E. coli ou escherichia, que vive no intestino de animais. Também foram encontrados grandes volumes de nitrito e nitrato, substâncias presentes na urina humana.

No início da pesquisa, também foram identificados 78 chuveirões na orla de Boa Viagem. Desses, dez foram analisados. “Selecionamos os chuveirões ao longo de toda a orla, de forma que estivessem distribuídos de forma igualitária para, assim, termos uma parcela representativa da realidade”, explica a estudante de Farmácia Luísa Almeida.

Já na segunda coleta, realizada em outubro, o nitrogênio substituiu o nitrito e o nitrato. “Os níveis de coliformes fecais e E. coli continuaram o mesmo, mas o de nitrato variou por causa da concentração chuvosa”, explicou a estudante de engenharia química Ana Lúcia de Castro. No entanto, segundo os estudantes, isso não representa a ausência de derivados da urina.

“O nitrogênio é encontrado na urina e é transformado em nitrito e nitrato pela ação de bactérias. Essas bactérias se proliferam em períodos chuvosos, como na época da primeira coleta. Como a segunda coleta aconteceu em um período mais seco, acredita-se que o nitrogênio ainda não havia se transformado em nitrato”, completa Luísa.

Na segunda-feira (8), a equipe voltou para fazer a última coleta e o resultado foi divulgado nesta sexta-feira. “A água não é apropriada para o uso de contato primário, isso é, aos banhistas. Com as três coletas que fizemos, detectamos e comprovamos que todos os índices estão a cima do permitido pela resolução 357 do Conama [Conselho Nacional de Meio Ambiente, que regula a utilização da água]’, explica a professora Silvana Calado.

Em quatro pontos de coleta, foi identificada uma redução do índice de contaminação de microorganismo, embora a água ainda seja imprópria para os banhistas. “Provavelmente devem ter clorado essa água, possivelmente os barraqueiros fizeram isso. Durante as duas coletas não houve alteração.

O nitrogênio e fósforo analisados continuam acima do padrão”, aponta a professora, ressaltando que doenças como desinteria e cólera podem ser transmitidas pela água. “A gente está realmente preocupado que haja tratamento dessa água para uso dos banhistas e que o esgoto desses chuveirões tenha tratamento adequado, para não contaminar outros poços”, lembra a professora.

O fato de comprovar que a contaminação não era sazonal surpreendeu a estudante Luísa Almeida. “A água é um dos principais veículos de contaminação de doenças. As pessoas usam essa água porque não gostam de ir para o mar. No final da pesquisa, a gente se surpreende por estarem todos os padrões elevados, não ser algo só de uma época”, afirma.

Amazonianarede – Diário de Pernambuco

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