
Brasilia -Deputados da oposição criticaram a mensagem encaminhada nesta segunda-feira (2) pelo governo Dilma ao Congresso Nacional. O líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), reclamou do longo texto e de seu conteúdo
“Uma mensagem maçante, quase uma tortura para quem assistiu. E o conteúdo é desconectado com a realidade. Faz de conta, por exemplo, que não existe corrupção na Petrobras; e todos os sinais que foram dados com relação ao ajuste econômico são sempre culpa do mercado externo”, disse o deputado.
“Enquanto isso, a presidente desmente seu próprio discurso de campanha, adotando ação que vai no bolso da classe média e do trabalhador”, criticou o líder do DEM.
Já o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), se queixou da ausência de Dilma Rousseff na solenidade de abertura do ano legislativo, fato que ele classificou de “desprezo” da presidente ao Parlamento. Bueno acrescentou que os argumentos governistas em defesa do ajuste fiscal não convencem a oposição.
“O ajuste fiscal proposto é porque o governo gastou muito mais do que arrecadou e gastou mal. Agora estamos diante de um ajuste fiscal, trazendo para os ombros do trabalhador a conta para pagar. É evidente que não podemos aceitar isso”, disse Rubens Bueno.
Direitos trabalhistas Para o novo líder do Psol, deputado Chico Alencar (RJ), a mensagem de Dilma ao Congresso trouxe contradições quanto aos direitos trabalhistas. “A mensagem não está à altura da gravidade da crise política e econômica que a gente está vivendo. Tem uma contradição: a presidente Dilma fala que não vai mexer nos direitos dos trabalhadores, mas duas medidas provisórias atacam direitos dos trabalhadores”, disse Alencar.
O deputado também manifestou a intenção de se antecipar às medidas de combate à corrupção defendidas pelo governo. “[A mensagem] repetiu o discurso de posse com medidas de combate à corrupção. Espero que elas venham logo, mas nós, Parlamento, temos o direito e o dever de antecipar projetos. Vamos andar, e não ficar na dependência do Executivo”, afirmou Chico Alencar.
Ano difícil O novo líder do PSB, deputado Fernando Coelho Filho (PE), disse que a mensagem do Executivo pouco muda a postura de independência do partido. “É o reconhecimento de que será um ano difícil. O Congresso está ciente de que é um ano de arrocho, de dificuldade, de muita atenção na economia e na parte política também. De nossa parte, o PSB vai manter a sua postura de independência para que possa analisar caso a caso e possa dar a sua contribuição”, declarou.
Para o deputado Miro Teixeira (Pros-RJ), a mensagem não permite fazer uma análise do conteúdo das propostas que serão enviadas pelo governo. “É preciso saber quais são os projetos que objetivamente vão produzir o equilíbrio das contas públicas. Por enquanto, podemos dizer que as intenções anunciadas são boas. De qualquer maneira, ninguém anunciaria más intenções”, afirmou.
Recomposição da base Pelo lado governista, a palavra de ordem é a recomposição da base aliada após a divisão na disputa pelo comando da Câmara, conforme avalia o senador Humberto Costa, um dos líderes do PT no Senado. “Com toda a certeza, é preciso recompor a base de sustentação aqui na Câmara e melhorar ainda mais dentro do Senado. E tenho certeza de que a presidente tem consciência disso e deve mobilizar os seus ministros para isso.”
O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que trouxe a mensagem do Executivo ao Congresso, reiterou o discurso de recomposição da base, com a manutenção da parceria entre PT e PMDB, os dois maiores partidos governistas. Mercadante confia na promessa feita pelo novo presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no seu discurso de posse no cargo.
“Cunha já disse que quer preservar a independência do Legislativo, mas não será uma Presidência de oposição”, disse Mercadante. “Essa eleição [para a Câmara] já aconteceu e, agora, precisamos pensar nos desafios do Brasil: construir uma agenda e começar a votar, especialmente a reforma política. Temos medidas econômicas que são fundamentais e temos um ajuste fiscal, que vai ser rápido, mas muito importante para a estabilidade econômica”, afirmou o ministro.
O senador Romero Jucá (PMDB-RR) também ressaltou a posição de independência do Congresso. “Da mesma forma que a presidente quer autonomia e todas as condições para comandar o Executivo, o Legislativo tem o seu comando próprio. O importante é ter maturidade e tranquilidade para construir uma harmonia entre os três poderes para poder vencer o momento difícil que o Brasil vai enfrentar neste ano”, afirmou.
Jucá e Mercadante lembraram que PT e PMDB, juntos, conseguiram aprovar medidas importantes no primeiro mandato de Dilma Rousseff.
Amazonianarede-Agencia Brasil