O que já se  sabe sobre o roubo de 718,9 kg de ouro no Aeroporto de Guarulhos

O que já se  sabe sobre o roubo de 718,9 kg de ouro no Aeroporto de Guarulhos

Polícia prendeu três suspeitos, entre eles o funcionário do terminal de cargas que disse ter sido mantido refém; cinco veículos usados pela quadrilha já foram localizados.

São Paulo –  Considerado um dos maiores crimes contra o patrimônio da história do país, o roubo de 718,9 kg de ouro no terminal de cargas do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na Grande São Paulo, é investigado pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).

Até este domingo (28), três pessoas foram presas, entre elas o encarregado de despacho Peterson Pattrício, de 33 anos, que disse à polícia ter sido mantido refém pela quadrilha. Nenhuma barra de ouro foi encontrada.

8h: a carga transportada pela empresa Brink’s chega ao aeroporto em três carros-fortes;

14h: Dois carros clonados da Polícia Federal chegam ao terminal de cargas do aeroporto de Cumbica com 8 homens vestidos com roupas de policiais federais. Um carro fica na portaria e o outro entra com 4 bandidos e o encarregado de despacho;

14h10: a ação de roubo da carga dura apenas 2 minutos e 30 segundos;

14h30: viaturas falsas são deixadas em terreno na Zona Leste de São Paulo. Lá, a quadrilha transfere o ouro para duas caminhonetes;

15h: já vazias, caminhonetes são abandonadas em estacionamento também na Zona Leste.

 Supostos reféns

A polícia acreditava desde o início que os assaltantes conseguiram informações privilegiadas;

O encarregado de despacho Peterson Pattrício, de 33 anos, disse inicialmente ter sido mantido refém pelos criminosos. Sua família também teria sido sequestrada — a mulher dele em um cativeiro em Itaquaquecetuba e os demais parentes na residência do casal, na Zona Leste da capital;

Os bandidos teriam dormido na casa da família e só saíram de lá após a conclusão do roubo. Eles fugiram com o carro da família;

Segundo a versão de Pattrício, os reféns foram liberados ilesos por volta de 15h de quinta-feira (25), uma hora e meia após a conclusão do roubo.

A prisão

No fim de semana, porém, a polícia prendeu Pattrício depois que ele confessou ter participado do roubo, segundo investigadores;

Um conhecido de Pattrício, chamado Peterson Brasil, também foi detido;

A investigação aponta que foi Brasil quem convidou Patrício a participar do assalto.

Outros dois homens foram detidos. Um deles estava com um carregador de fuzil com munição. Ele foi autuado por posse de munição de calibre de uso restrito. O outro foi liberado após prestar depoimento.

A carga

Foram roubados 31 malotes, com 718,9 quilos de ouro, avaliados em US$ 29, 2 milhões –algo em torno de R$ 110,2 milhões;

A carga foi transportada pela empresa Brink’s em três carros-fortes até o aeroporto às 8h de quinta (25);

Do total, 24 malotes, com 565,5 kg, seriam levados para Nova York, nos Estados Unidos, e outros 7 malotes, com 153,4 kg, seriam levados para Toronto, no Canadá.

Carro usado no roubo de ouro no Aeroporto de Cumbica — Foto: Divulgação/Polícia  Carro usado no roubo de ouro no Aeroporto de Cumbica — Foto: Divulgação/Polícia

Carro usado no roubo de ouro no Aeroporto de Cumbica — Foto: Divulgação/Polícia

A ação dos assaltantes

Câmeras de segurança registraram a ação dentro do terminal;

Por volta das 14h30 de quinta, 8 homens vestidos com roupas de policiais federais entraram no terminal de cargas de Cumbica em dois veículos: uma Triton e uma Pajero Dakar, ambas sem placas;

Os carros pareciam-se com viaturas oficiais da PF e os criminosos portavam distintivos da PF, estavam encapuzados e carregavam pistolas, fuzil e carabinas;

O funcionário da portaria liberou a entrada da quadrilha, que disse a ele estariam ali para fazer averiguação de tráfico de drogas;

Um dos carros permaneceu na portaria fazendo a segurança. A caminhonete Mitsubishi clonada de uma viatura da (PF) entra no terminal de cargas com quatro assaltantes e o encarregado refém dentro;

O carro freia bruscamente e desembarcam Patrício e dois homens encapuzados, que começam a orientar os funcionários;

O operador da empilhadeira foi obrigado a colocar a carga na caçamba de uma caminhonete que os ladrões levaram. A ação durou 2 minutos e meio (veja no vídeo abaixo);

A maior parte dos funcionários que estava no local continua ali, assistindo ao crime.

Câmeras registram bandidos dentro do terminal de cargas de Cumbica

Veículos já localizados

Já foram localizados cinco veículos usados pelos criminosos no assalto. As viaturas clonadas da PF, que não são roubadas, foram abandonadas em um depósito de materiais na Zona Leste, a 20 km do aeroporto;

Mais tarde, já outros três carros –duas caminhonetes, uma branca e outra prata, e um caminhão-baú– foram abandonados no Jardim Pantanal, na Zona Leste de São Paulo. Na região, os ladrões entraram em uma camionete S-10 e em uma ambulância com a carga roubada para prosseguir na fuga;

Os carros usados na ação disfarçados de viatura não são roubados. A polícia tenta identificar quem são os proprietários.

O dono do ouro

A empresa Brink’s fazia o transporte do ouro, mas ainda não foi revelado quem é o dono do valor;

Um representante da empresa que fazia gestão de risco para a seguradora da carga roubada está oferecendo R$ 150 mil para quem der informações que levem à prisão dos criminosos e ao ouro roubado.

 A investigação

Investigadores da Polícia Civil vasculharam o armazém de exportação do terminal de cargas, enquanto um helicóptero da corporação vistoriou rodovias e comunidades ao redor;

Por volta das 16h, as viaturas clonadas foram encontradas. No local, peritos colheram impressões digitais e buscaram rastros da quadrilha;

Muitos moradores se aproximaram para acompanhar os trabalhos da polícia, que usou bombas de gás para afastá-los;

A polícia investiga se a quadrilha é a mesma que cometeu outro assalto milionário ao aeroporto de Viracopos, em Campinas, no ano passado;

Também é apurado se grupo participou do roubo ao aeroporto de Blumenau, em Santa Catarina, em março deste ano;

Nove testemunhas ficaram na delegacia até 2h de quinta (25) prestando depoimento, entre eles a família que teria sido feita refém e o casal dono do galpão onde os bandidos abandonaram os carros depois da ação. Eles não falaram com a imprensa;

Participam da investigação: policiais civis, federais e rodoviários.

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