O boleto sumiu! A vantagem e o risco do pagamento sem papel

Ronaldo Santos

Ronaldo Santos*

Tem sido cada vez mais freqüente empresas que aderem (ou sugerem ao consumidor) que adotem a não emissão de boletos de pagamento de suas contas.O chamado Boleto Eletrônico. Empresas de celulares e de TV fechada saíram na frente; bancos e concessionárias de água e luz também caminham na mesma trilha. A tendência é não vermos mais boletos vagando por ai.

Além disso, com a regra que as empresas prestadoras de serviços de massa devem emitir um comprovante anual de quitação, ficará cada vez mais sem sentido mantermos aquele monte de papel de contas dos últimos cinco anos (prazo máximo que a lei permite a cobrança).

Se imaginarmos que há custos atrelados à confecção, impressão e envio aos consumidores há clara vantagem às empresas: quanto mais gente aderir menos custos – ainda que, possam alegar que sejam marginais ou irrisórios tais valores. Mas, é de se assumir honestamente, que há vantagem só para um lado.

Bom para o ambiente; e para a moral?

Mas não é somente de custos que falamos. Para a boa gestão e à imagem destas instituições tal pratica cai igualmente bem. A redução de papel é um dos itens que melhoram o quesito de responsabilidade ambiental. Para o pessoal da área de gestão, fica mais fácil administrar cadeias produtivas (ou de processos) se há menos etapas a serem cumpridas (por exemplo, não haverá mais a fase ou etapa de impressão, transporte e entrega final).

Mas isso é pouco. O que se pergunta é que se moralmente não haveria um desvio ou uma esperteza das corporações. Ora, se há redução nos custos porque não estimular (ou repassar tais reduções) àquele cliente que adere à inovação? Em outras palavras, do ponto de vista moral e da responsabilidade social, seria correto reduzir este custo também para o consumidor, afinal ele é parte colaborativa fundamental desta idéia.

Este pensamento faz sentido em várias frentes. Já existem incentivos aos pagadores que consentem a quitação automática em suas contas bancárias – embora neste caso não necessariamente o papel deixa de chegar à sua casa. Neste caso, é o Débito Automático Autorizado (DDA) implantado em 2009 pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos). Mas, nesta linha de raciocínio, é evidente que é vantagem para os dois lados; mas é de se considerar um incentivo a mais para o consumidor.

Além disso, ao assumir que o cliente é importante neste quesito, mostraria-se que a empresa também é, além de preocupada com a sua boa gestão ambiental, correta com os clientes. Este é um ponto que conta muito para aqueles envltos na nova era da informação.

Centavos não farão falta

Pode-se até argumentar que estamos falando em centavos. Talvez. Mas, quando se refere a boas práticas e em questões morais, não se trata apenas do valor monetário em si, mas do valor social e ético atrelados às iniciativas.
O consumidor atento a estas questões tem aumentado sua simpatia para as corporações que buscam transparência e, em especial, respeito aos seus clientes. No mesmo giro, serão mais exigentes e poderá ser a diferença na hora de escolher entre esta ou aquela empresa. Grosso modo, ainda estamos longe deste nível de consumidor no Brasil. Mas os passos estão sendo cada vez maiores nesta direção.

*Ronaldo Santos é engenheiro agrônomo e servidor público federal de carreira, no Incra,AM

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