
(Foto: Divulgação)
Porto Velho, RO – As chuvas fortes do período e o alto nível do rio Madeira, que chegou a 15,20 metros ontem – marca aguardada para fevereiro –, confirma a tradição de enchentes nos anos bisestos em Porto Velho.
“E este é o primeiro bissexto depois da construção das duas hidrelétricas e do início das operações da usina de Santo Antônio”, lembra o coordenador de operações da Defesa Civil Municipal, Paulo Afonso.
A água do Madeira já está invadindo os bairros mais vulneráveis da cidade e, na última quarta-feira, oito moradores do bairro São Sebastião se anteciparam à alagação e pediram o apoio da prefeitura para sair do lugar. As famílias foram encaminhadas para a Secretaria Municipal de Assistência Social, que estuda caso a caso para conceder auxílio moradia de R$ 200 para os que não tiverem condições de pagar aluguel ou de ficar em casas de parentes. Se houver necessidade de remanejamentos, poderá ser utilizada a Casa do Apoio ao Agricultor, que está sendo construída na zona Leste da Capital.
Preocupado com o nível da água do Madeira, que em 16 de janeiro atingiu a marca de 15 metros na régua de Porto Velho – três metros a mais do registro feito no mesmo período em 2013 – a Defesa Civil Municipal monitora diariamente os pontos mais vulneráveis, que ficam em áreas mais baixas da cidade. É o caso dos bairros Panair, Nacional, São Sebastião, Triângulo e Balsa.
Outros pontos de alagação são formados por falta de limpeza ou obras de rebaixamento dos canais, para que a água flua com mais rapidez, impedindo que os cursos d`água transbordem nas ruas. É o caso, por exemplo, das ruas que margeiam o igarapé Santa Bárbara, no bairro Nossa Senhora das Graças; a rua Rio Branco, no Centro, a Raimundo Cantuária, nas esquinas com ruas Chile, Venezuela e Amazonas; avenida Mamoré, esquina com José Vieira Caúla; Uruguai com Afonso Pena; rua Pau Ferro; bairro Tucumanzal e avenida Jorge Teixeira com Sete de Setembro.
Árvores da espécie Ficus entopem encanamento
Bonitas, frondosas e de rápido crescimento. Ótimas para proporcionar uma sombrinha nas ruas quentes de Porto Velho, as árvores da espécie Ficus proliferaram nos poucos canteiros arborizados da cidade. Mas esta espécie é considerada um perigo para o encanamento. Ela tem uma raiz volumosa, que funciona como se fosse uma esponja dentro dos encanamentos, barrando o fluxo da água, que transborda para a rua, explica o secretário municipal de Serviços Básicos (Semusb), Ricardo Fávaro Andrade. Por isso, as árvores da espécie Ficus estão sendo retiradas da avenida Rio Madeira, no trecho entre a Mamoré e a Guaporé e a previsão é retirar outras 37 na região, informa Fávaro.
Lixo
O lixo jogado nas ruas de Porto Velho é apontado pelo secretário como uma das principais causas do transbordamento das valas que atravessam boa parte da cidade, provocando alagações. A prefeitura aguarda para março a chegada de equipamentos e caminhões adquiridos no ano passado, que vão reforçar o trabalho de retirada de entulhos jogados aleatoriamente por moradores nas mais diversas regiões da cidade. “A gente limpa em um dia e no outro o local já está cheio de lixo. Até mesmo geladeiras e sofás são descartados nas ruas e igarapés”, reclama o secretário, dando como exemplo uma lixeira viciada que se formou perto do Cemetron e tem sido motivo de reclamações constantes. Ele cita também o entorno das escolas Rio Branco, Padrão e Major Guapindaia, onde a vizinhança joga restos de árvores e de materiais de construção, entre outros entulhos.
Com apenas 22 fiscais para fazer cumprir o Código de Postura do município, a prefeitura deverá lançar uma campanha de conscientização para sensibilizar os moradores a não jogarem lixo nas ruas e nas valas. O projeto da campanha está pronto e o próximo passo será a busca de parceria de empresas privadas para pagar a divulgação das mensagens. “Queremos fazer uma campanha de grande repercussão, para reduzir este hábito que já se tornou cultural em nossa cidade”, explica Ricardo Fávaro.