Rio Branco, AC – O Ano Novo, também conhecido no Brasil como réveillon, termo derivado da palavra francesa réveiller, que significa acordar, é tradicionalmente comemorado na passagem do dia 31 de dezembro para o dia 1 de janeiro na maioria dos países.
No Acre, devotos de diversas religiões celebram o Ano Novo de formas diferentes, mas todos se reúnem com o mesmo propósito de pedir ou determinar que os próximos 365 dias sejam prósperos.
Berço da cultura ayahuasqueira, o Acre ainda conta com praticantes de religiões de matrizes africanas, budistas, católicos e evangélicos. Confira, a seguir, como representantes dessas denominações pensam oréveillon.
Ayahuasqueira
Apesar de comemorar a virada do ano com suas famílias ou em festas, para os ayahuasqueiros a data não tem significado religioso, como conta o jornalista e representante do Centro de Iluminação Cristã Luz Universal, Antônio Alves.
“A data faz parte do calendário civil, mas não é um trabalho central no nosso calendário”, diz.
Alves explica que a celebração acontece no dia 6 de janeiro, Dia de Reis. Na ocasião, são feitas oferendas para as divindades da doutrina, assim como os reis magos, que, na tradição da religião cristã, ofereceram presentes a Jesus logo após seu nascimento.
“Há uma grande festa, como um encerramento de ano letivo. Entregamos de forma simbólica todos os trabalhos que foram feitos durante o ano e consideramos este o nosso ano novo”.
Budismo
No Acre, praticantes do Budismo do japonês Nichiren Daishonin, filiados à organização Soka Gakkai Internacional, que, do japonês, significa Sociedade para Criação de Valores, celebram o Ano Novo em uma reunião pela manhã no dia 1 de janeiro, como conta a advogada e relações públicas da ONG no Acre, Rozária Maia.
“A oração pela manhã é um momento em que os budistas se reúnem para lançar os objetivos para o ano que se inicia, com a plena consciência de que a concretização desses objetivos depende única e exclusivamente da ação, decisão e empenho de cada um baseado numa forte fé”.
Igreja Católica
O calendário da liturgia da Igreja Católica não é o mesmo que o calendário civil, mas, no dia 31 de dezembro, é realizada missa que finaliza o ano civil. As celebrações dessa data também fazem parte das celebrações de Natal.
No dia 1 de janeiro, é realizada a missa durante a manhã de ação de graças pelo ano novo civil e celebração do Dia de Maria, como explica o Padre Anderson, da Paróquia Paulo Apóstolo, localizada no calafate.
“Na missa de Maria também há o costume de se vestir de branco, e acompanha as cultura de vestir a mesma cor no Ano Novo para pedir paz. Essa semelhança é algo muito simbólico e bonito”.
Espiritismo
Presidente da Federação Espírita do Acre, Marconi Gomes diz que no espiritismo não existe nenhuma prática definida para o período, mas que as atividades da religião reforçam que o momento é de reflexão e novas decisões.
“Neste ano, o dia 31, na quarta-feira, vai coincidir com o dia que realizamos palestra pública, e vamos falar sobre o novo ano que começa. No final da tarde do dia 1 fazemos uma confraternização em que refletimos sobre o ano nas oportunidades que estão por vir”.
Igrejas Evangélicas
Com diversos segmentos, a Igreja Evangélica celebra o Ano Novo em cultos que pregam o amor, comunhão e, principalmente, o louvor a Deus.
Os horários e formatos dos cultos são variados, como conta o pastor Evandro Souza, do Ministério Leão da Tribo de Judá.
“Partindo do princípio que é o primeiro dia do ano, celebramos com muita comunhão e louvor ao nosso ‘Senhor’. Na nossa igreja, o culto inicia às 21h no dia 31 de dezembro e vai até a madrugada, que inclui a troca de presentes e uma ceia”.
Umbanda
A conhecida ceia de ano novo que ocorre ainda no dia 31 de dezembro também preenche a mesa dos umbandistas. A diferença é que o que é servido à mesa também é um oferecimento aos orixás. Por isso, a comida muda de acordo com o orixá de que se é mais devoto.
Maria Francisca Alexandrina é umbandista há vinte e seis anos e comanda um terreiro no Bairro Tancredo Neves. Ela conta que o momento é reservado para pedir proteção aos orixás.
“Celebramos pedindo aos orixás sabedoria, saúde, proteção e paz, e, de acordo com o praticante, são feitos os oferecimentos na ceia”, explica.
Por Anaís Cordeiro – Pág20