Mizael é condenado a 20 anos pela morte de Mércia

Amazonianarede Com Portal Terra

São Paulo – O advogado e policial militar reformado Mizael Bispo de Souza, 43 anos, foi condenado a 20 anos de prisão, em regime fechado, pela morte de sua ex-namorada e também advogada Mércia Nakashima, 28 anos, assassinada em 23 de maio de 2010. Após quatro dias de julgamento, o juiz Leandro Jorge Bittencourt Cano iniciou a leitura da sentença às 17h25 no Fórum de Guarulhos, na Grande São Paulo.

A condenação foi decidida por júri popular, por um conselho de sentença formado por dois homens e cinco mulheres. Mizael sempre negou a acusação e, em plenário, disse que a investigação policial o incriminou. O julgamento foi marcado por inúmeros bate-bocas entre defesa e acusação. A família da vítima declarou estar muito satisfeita com a condenação.

Culpabilidade gravíssima

Na sentença, o magistrado destacou a “culpabilidade gravíssima” de Mizael. “Conduta altamente reprovável, uma vez que é advogado e policial militar reformado”, disse. “O réu sabia ou deveria saber da ilicitude de sua conduta. (…) Demonstrou absoluta insensibilidade com a vida humana.”

Para o juiz Leandro Cano, Mizael “demonstrou frieza em sua empreitada”. “Não bastassem os tiros, a vítima foi jogada ainda viva numa represa”, disse. “O resultado morte era mais do que esperado”, afirmou o magistrado.
Ao terminar de proferir a sentença, o magistrado agradeceu a participação dos profissionais no tribunal e se emocionou.

O corpo de Mércia foi encontrado 19 dias depois do crime, em uma represa no município de Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. Na véspera, no mesmo local, foi encontrado o veículo da vítima. O vigia Evandro Bezerra da Silva, que está preso sob acusação de ser co-autor do crime, será julgado em julho – ele teria colaborado com a fuga de Mizael, mas que também nega participação no caso.

O caso Mércia

A advogada Mércia Nakashima, 28 anos, desapareceu no dia 23 de maio de 2010, após deixar a casa dos avós em Guarulhos (Grande São Paulo), e foi encontrada morta no dia 11 de junho, em uma represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo. A perícia apontou que ela levou um tiro no rosto, um tiro no braço esquerdo e outro na mão direita, mas morreu por afogamento quando seu carro foi empurrado para a água.

O ex-namorado de Mércia, o policial militar reformado e advogado Mizael Bispo de Souza, 43 anos, foi apontado como principal suspeito pelo crime e denunciado por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. De acordo com a investigação, Mércia namorou durante cerca de quatro anos com Mizael, que não se conformava com o fim do relacionamento amoroso. A Promotoria também denunciou o vigia Evandro Bezerra Silva, que teria o ajudado a fugir do local, mas seu julgamento ocorrerá separadamente, em julho deste ano.

Preso em Sergipe dias depois da morte de Mércia, Evandro afirmou ter ajudado Mizael a fugir, mas alegou posteriormente que foi obrigado a confessar a participação no crime, sob tortura. Entretanto, rastreamento de chamadas telefônicas feito pela polícia com autorização da Justiça colocaram os dois na cena do crime, de acordo com as investigações. Outra prova que será usada pela promotoria é um laudo pericial de um sapato de Mizael, no qual foram encontrados vestígio de sangue, partículas ósseas, vestígios do projétil da arma de fogo e uma alga típica de áreas de represa.

Mizael teve sua prisão decretada pela Justiça em dezembro de 2010, mas se escondeu após considerar a prisão “arbitrária e injusta”, ficando foragido por mais de um ano. Em fevereiro de 2012, porém, ele se entregou à Justiça de Guarulhos e, desde então, aguardava ao julgamento no Presídio Militar de Romão Gomes – enquanto o vigia permanece preso na Penitenciária de Tremembé. Mizael nega ter assassinado Mércia e disse, na ocasião, que a tratava como “uma rainha”. Já o vigia afirmou, em depoimento, que não sabia das intenções do advogado e que apenas lhe deu uma carona. Se condenados, eles podem ficar presos por até 30 anos.

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