O delegado geral de polícia civil do Amapá, Tito Guimarães Neto, e o coordenador do Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp) do município de Oiapoque, delegado Charles Corrêa, participaram de uma ação em garimpos da Guiana Francesa.
Os policiais amapaenses foram como observadores e desenvolvedores de expertise no tema e também realizaram palestras e reuniões com os garimpeiros brasileiros encontrados na região de extração ilegal de minérios, cujo local é ocupado pelas forças de segurança francesa. Para chegar à região, foram usados pelo menos cinco helicópteros das instituições de segurança daquele país.
O objetivo foi promover conscientização jurídico-moral sobre a ilegalidade da presença de aproximadamente nove mil garimpeiros em cerca de 520 garimpos e estima-se que 99% são brasileiros. De acordo com os delegados, a garimpagem é feita por pessoas oriundas de vários estados brasileiros, principalmente do Amapá, do Pará e do Maranhão, que ocupam as terras estrangeiras de forma clandestina. No âmbito operacional e de apoio, a ação contou com as Forças Armadas Francesas e Grupo de Elite Policial Francês, conhecido como “GI2G”.
As autoridades amapaenses se reuniram com personalidades de diversos segmentos, ocasião em que foi feito um mapeamento do quantitativo de trabalhadores da garimpagem vivendo em território francês e o que pode ser feito para solucionar o problema.
Segundo a polícia francesa, a presença de milhares de trabalhadores nos locais de extração de minérios tem provocado vários crimes ambientais, como desmatamento ilegal, uso de mercúrio, contaminação de mananciais, tráfico de pessoas para fins de exploração sexual e laboral, tráfico de armas, crime de redução à condição análoga a de escravo, além de garimpeiros escravizados por donos de garimpo e tráfico de drogas.
“Notamos que diversos garimpeiros são incentivados ao uso de drogas ilícitas para serem estimulados a trabalhar até a exaustão e denúncias de que donos de garimpos colocam de forma insidiosa drogas nas bebidas, crime de exposição a perigo no transporte fluvial em que garimpeiros se arriscam em uma travessia que começa no Rio Oiapoque, passa pelo oceano em pequenas voadeiras com pilotos inabilitados durante a madrugada com vistas a fugir da fiscalização, transportando combustível para abastecer o maquinário do garimpo, o que configura um transporte temerário e criminoso”, relatou Charles.
O médico chefe do Serviço de Epidemiologia do Centro Médico da Gendarmerie na Guiana Francesa, Vincent Pommier de Santi, fez uma revelação preocupante oriunda da Organização Mundial de Saúde (OMS) para que se estude e combata um mal que está surgindo pelo uso indevido e sem acompanhamento especializado de medicação para o combate à malária.
“Por causa do uso incorreto de remédios para o tratamento da doença, realizado pelos garimpeiros, está ocorrendo uma mutação genética no protozoário que causa a malária e, com isso, corremos o risco de que os remédios utilizados nos postos de saúde de forma gratuita não consigam mais sua eficácia, ou seja, trata-se de um problema que pode ter projeções mundiais”, ponderou Vincent Santi.
Fonte: Diário do Amapá