O governo ganhou certo fôlego com o acordo no Senado e a tal Agenda Brasil, saindo ao menos do isolamento e do imobilismo, mas isso não significa que não esteja mais nas cordas. O mandato de Dilma corre muitos riscos.
O primeiro poderá ser medido nas manifestações marcadas para o próximo domingo e dependerá do volume das adesões e da amplitude dos protestos pelo país.
Se personificarem e espelharem a impopularidade detectada pelo Datafolha em todas as regiões, o caldo poderá entornar de vez. O Congresso, os mercados e os tribunais de contas da vida são altamente sensíveis ao barulho das ruas.
A denúncia a ser apresentada pela Procuradoria-Geral da República e o desdobramento das investigações também são fatores de grande importância para a sobrevivência da presidente. Podem significar a abertura de uma janela de oportunidade para a estabilização política ou, contraditoriamente, ajudar a empurrá-la para fora do Planalto.
Caso a denúncia de Rodrigo Janot atinja frontalmente o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como acredita e torce o governo, Dilma terá uma boa chance para rearranjar as coisas no Legislativo, passo fundamental para diminuir a temperatura na economia.
Por outro lado, personagens importantes do esquema de corrupção na Petrobras estão neste momento negociando novas delações premiadas. Se, como muita gente suspeita, nomes relevantes do PT ou do próprio governo forem realmente implicados, Dilma ficará extremamente exposta.
A situação é tão volátil e difícil para a presidente que está afetando até mesmo os nervos do normalmente discreto e prudente Michel Temer, como ficou claro no episódio em que ele afirmou que o país precisa de “alguém que tenha a capacidade de reunificar a todos”.
O vice-presidente não está conseguindo controlar a ansiedade. ROGÉRIO GENTILE/FOLHAPRESS