Mais de 6 mil quelônios são soltos em área de preservação estadual no Amazonas

Amazonianarede – Agecom

A comunidade de Nossa Senhora do Livramento, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, situada nos municípios de Itapiranga e São Sebastião do Uatumã, no Amazonas, foi cenário para a soltura de mais de 6 mil filhotes de quelônios no domingo, dia 24 de fevereiro. Coordenada pelo Centro de Preservação e Pesquisa de Quelônios Aquáticos (CPPQA) da área ambiental da empresa Eletrobras Amazonas Energia, a iniciativa conta, anualmente, com o apoio do Governo do Estado do Amazonas, por meio do Centro Estadual de Unidades de Conservação (Ceuc), órgão que faz parte da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS).

De acordo com a titular da SDS, Nádia Ferreira, o Governo do Estado vem formulando diretrizes para o manejo de quelônios em todo Amazonas, buscando definir as áreas prioritárias de conservação e manejo, incentivando sistemas de criação e manejo comunitário, normatizando a comercialização e propondo programas de qualificação de gestores, técnicos e comunitários.

Em quinze anos de projeto, cerca de 120 mil filhotes das espécies tartaruga-da–Amazônia (Podocnemis expansa), tracajá (P.unifilis), iaçá (P. sextuberculata) e irapuca ou capirã (P. erythocephala) foram soltos. A meta para 2013 é soltar 24.444 filhotes somente na RDS do Uatumã, como esclarece o coordenador do CPPQA, Paulo Henrique Oliveira. “Percebemos um aumento nítido de algumas espécies de quelônios. Após 15 anos de projeto, o que pretendemos fazer a partir de agora é um trabalho de marcação dos animais, além de melhorar a questão de educação ambiental nas escolas e comunidades”, disse.

Tradicionalmente, o evento de soltura ocorre como forma de finalizar o monitoramento sazonal de quelônios. Durante o dia, são realizadas atividades educativas e esportivas para envolver e sensibilizar os comunitários na temática de conservação de quelônios. Fazem parte do evento todas as comunidades que monitoram as praias e outras que queiram participar das atividades lúdicas, envolvendo cerca de 400 pessoas. Na RDS do Uatumã o trabalho é realizado nos complexos de lagos do Calabar, Maracarana e Jaraoacá, no Rio Uatumã, envolvendo as comunidades Bela Vista, Maracarana e Nossa Sra. do Livramento, além de outras praias nas comunidades Caioé Grande e Jacarequara.

Segundo a coordenadora do Ceuc, Therezinha Fraxe, o monitoramento e proteção das praias é acompanhado de perto pelos técnicos do Programa de Monitoramento da Biodiversidade e do Uso dos Recursos Naturais (ProBUC) na RDS do Uatumã. “O trabalho visa a participação efetiva das comunidades em todas as fases do processo, desde a identificação dos ninhos, coleta dos filhotes após o nascimento, crescimento no berçário até a soltura, finalizando com um dia de educação ambiental e entretenimento para os moradores”, detalhou Fraxe.

Há 10 anos, o agricultor Adalberto de Almeida, 55, é um dos moradores da comunidade de Nossa Senhora do Livramento que dedica sua vida à questão ambiental. Devidamente capacitado para o trabalho de monitoramento dos quelônios, ele não esconde a alegria em participar e recorda que o maior predador ainda é o ser humano.

“Aprendemos a amar e a conviver com estes bichos (quelônios). É importante ter paciência e passar aquilo que aprendemos às outras pessoas”.

Sobre a soltura, Adalberto diz, emocionado, que a primeira coisa que vem no pensamento é o benefício aos mais jovens e ao meio ambiente. “As crianças são as mais envolvidas, a esperança maior está nelas. Quero ficar com os cabelos brancos e deixar alguma coisa aos meus filhos e netos, que são meus braços-direitos neste trabalho com os quelônios. Que eles cuidem do local onde vivem e respeitem a natureza”, acrescenta Adalberto.

Áreas de reprodução de quelônios no Amazonas – O coordenador do ProBUC, Pedro Leitão, explica que no Amazonas, atualmente, existem cerca de 138 áreas de reprodução de quelônios, em 10 calhas de rio, que recebem algum trabalho de proteção, principalmente de ninhos e filhotes.

“A maioria dessas áreas é protegida pelo trabalho de comunidades locais interessadas na manutenção deste recurso natural. Nessas localidades as ações de educação ambiental estão incorporadas nas atividades das escolas dos municípios das áreas de atuação, com ações de interdisciplinaridade e transversalidade integrantes dos programas de ensino fundamental e médio na região”.

As ações envolvem, ainda, a busca pela inclusão social, por meio do trabalho com professores e alunos com necessidades especiais, e a organização e apoio aos grupos de idosos em cada município.

RDS do Uatumã – A Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, criada em 2004, está localizada no município de Itapiranga e São Sebastião do Uatumã, e detém uma área de 424.430,00 hectares. Naquele local residem 20 comunidades, cerca de 364 famílias, que têm como fonte de renda atividades de pesca, manejo florestal madeireiro e não-madeireiro, agricultura e pecuária e, ainda, com potencial para investimentos em produção de óleos vegetais, turismo e piscicultura.

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