Gazeta parlamentar oficializada

Osny Araújo*

Apesar de estarmos na reta final do segundo das eleições em Manaus, hoje não vou me reportar à campanha local, que no primeiro turno teve armações de “ovada”, “cusparada” e agora o documentário fajuto de reconstituição da história dos camelôs, só que não pode ser reconstituição, porque o fato nunca aconteceu no Alvorada e sim no centro de Manaus. O povo vai analisar direitinhos os fatos.

Como disse, vou escrever sobre política nacional, ou melhor, de um ato da Câmara dos Deputados, presidida pelo petista Marcus Maia, que agora sim, oficializa a gazeta dos deputados federais. No dicionário gazeta é faltar ao trabalho ou a escola para não fazer anda. Está tudo certo.

Enquanto com altos e baixos, mais altos do que baixo o Supremo Tribunal de esforço para começar a escrever uma nova história com o julgamento do “mensalão”, a Câmara dos Deputados caminha exatamente na contramão e oficializa a gazeta que já existia há muito tempo, só que a partir de agora, o fato não poderá ser considera como faltoso, pois se trata agora de um direito líquido e certo beneficiando os deputados que recebem salários pagos com os impostos que todos pagamos ao Governo.

Noticiários produzidos em Brasília a respeito do assunto, afirmam que o deputado Marcus Maia colocou o Projeto de Resolução na pauta de votação na última hora e que a votação teria sido feita na maior surdina do mundo na última sexta feira. Com isso, os deputados só serão obrigados a trabalhar de terça a quinta feira, o que já ocorria há muito tempo, mas agora é oficial, ou seja, apenas três dias por semana, ou seja, 12 por mês. Uma boca cheia.

Criticado por alguns parlamentares da Câmara que não concordam com essa gazeta, o presidente Marcus Maia, defende ardorosamente o projeto e garante que os parlamentares precisam andar pelas bases e vai ao cumulo ao afirmar que o parlamento brasileiro é um dos poucos há trabalhar cinco dias na semana. Pura balela.

Ora deputado, quem conhece Brasília, sabe que essa pratica vem de longe, só que não era oficial. Segunda e sexta-feira em Brasília é dia de muito movimento no aeroporto e quase nenhum no Parlamento. Realmente o Congresso abre cinco dias por semana, mas só quem aparece são os pobres servidores tradicionais. Parlamentar, nem pensar, presidente. Esse trabalho parlamentar nos cinco dias da semana só é visto na imaginação do presidente e nada mais.

Como essas coisas em Brasília acontecem sempre em cadeia, logo, logo esse mecanismo estará falando também no Senado da República. Vamos esperar para ver e aposto que vai acontecer mais hoje, mais amanhã. É apenas uma questão de tempo, dos brasileiros esquecerem esse episódio para surgir o outro.

Na verdade, a tacada certada dada na surdina pelo presidente Marcus Maia, representa antes de mais nada um grande estímulo de desmoralização de um Parlamento que há muito não tem bom crédito com a sociedade brasileira. Onde já se viu encurtar o tempo de votação e uma casa onde milhares de projetos importantes para a vida nacional, estão mofando nas gavetas a espera de votação.

Está na hora da Câmara dos Deputados reaver as suas posições e tentar também pensar numa maneira de reescrever a sua história para que a sociedade possa voltar a ter orgulho dos seus parlamentares no Congresso Nacional. Nunca é tarde para começar ou para corrigir um erro. É só uma questão de querer e nada mais.

(Portagem simultânea nos sites Noticianahora, Amazonianarede, Tadeudesouza e blog Jornalismo Eclético).

Osny Araújo é jornalista e analista político.
E-mail: [email protected]

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