Amazonianarede – Lancenet
Concepción (CHI) – O dia 27 de fevereiro sempre será lembrado por todos no Chile. Há exatos três anos, um terremoto abalou o país e matou 795 pessoas. Concecpión foi uma das cidades mais atingidas. As lembranças da tragédia ainda estão na memória de alguns chilenos. Contudo, nem tudo foi perda e lamentação.
O próprio Huachipato passou por problemas. O clube, enquanto se reestruturava, saiu da cidade e começou a treinar na capital Santiago. Para muitos moradores de Concepción, o futebol é uma das alegrias, já que foi a partir dele que muitos cidadãos chilenos reencontraram o caminho da felicidade.
– Nossa região foi muito devastada e agora levar para lá um futebol de repercussão mundial será um desafio. Foi aqui que muita gente reencontrou a alegria. O título nacional, ano passado, foi um acontecimento para todos na cidade. Realmente, receber um time ao nível do Fluminense mostra que evoluímos demais – explicou Jorge García, diretor do Huachipato.
Além do clube, outras pessoas buscaram recomeçar por meio do futebol. O terremoto mudou a história de Patrício Munhoz Marin. Aos 37 anos este torcedor do Huachipato viu parentes morrerem no desastre e teve sua casa destruída. Mas conseguiu com a bola uma forma de recuperar tudo.
Patrício chegou a atuar como jogador profissional no início da década de 90. Não teve muito sucesso e passou por pequenos clubes até se aposentar. Mas após o terremoto reencontrou seu caminho no futebol. Sem dinheiro e sem lugar para morar, recorreu a amigos e abriu uma escolinha de futsal.
– As cenas que tenho na cabeça são dos piores momentos da minha vida. Perdi pai, irmão, tudo o que tinha. Fiquei abatido por meses, até ver um jogo de futsal do Huachipato. Pensei que o futebol poderia ser uma salvação. Não procurei dinheiro para comer ou construir uma casa. Procurei dinheiro para abrir uma escolinha – disse.
A imagem da tragédia está viva na memória dos moradores de Concepción. Mas dor e a tristeza hoje deram lugar à alegria de um recomeço por meio do futebol. E nesta quarta-feira, uma ótima opção para cultivar isso será a partida entre Huachipato e Fluminense, pela Copa Libertadores.
Terremoto ‘resgatou’ o Huachipato
O crescimento do Huachipato também se deve um pouco aos problemas que a cidade de Concepción sofreu com o terremoto. Com a destruição parcial das instalações do clube, o presidente de uma das principais siderúrgicas do país, a Companhia Atlântica do Pacífico, Arturo Aguayo, resolveu investir em melhorias.
– De 2010 para cá, o apoio da Companhia fez crescer também o Huachipato. Não existia mais quase nada. Saímos da cidade e hoje temos uma estrutura para receber grandes jogos, como é o caso deste com o Fluminense. Devemos muito ao Arturo – disse Jorge García, diretor do clube.
Os investimentos começaram assim que os abalos diminuíram. O Estádio CAP foi inaugurado em 2008, mas as melhorias nas instalações e na sede social do clube foram concluídas no fim de 2011.
Como foi o terremoto no Chile
Detalhes do abalo – O sismo no Chile em 2010 aconteceu ao longo da costa da Região de Bio Bio, no dia 27 de fevereiro, de madrugada. A duração teria sido de três minutos.
Potência do sismo – O terremoto atingiu magnitude de 8,8 na escala de Richter. Foi o sexto maior sismo já registrado na História. O tremor foi sentido em cidades do Chile, Argentina e até do Peru. Cerca de 800 vítimas fatais foram confirmadas.
Danos posteriores – Além da destruição de milhares de edifícios, Concepción e outras cidades sofreram com saques e vandalismo.
Terra modificada – Segundo a Nasa, o terremoto alterou o eixo da Terra em oito centímetros.