Porto Velho, RO – Ao que tudo indica a cheia histórica que atinge o Estado e destruiu estradas, alagou cidades e distritos e tem causado doenças e demais prejuízos em Rondônia, terá outro efeito negativo para os rondonienses, a contaminação da água. Os municípios de Porto Velho, Guajará-Mirim, Costa Marques e Nova Mamoré solicitaram estudo detalhado ao Serviço Geológico do Brasil (CPRM) sobre a qualidade da água subterrânea das localidades.
De acordo com o geólogo da CPRM, Edgar Romeo Herrera, os municípios pediram o estudo com a finalidade de saber quais as reais condições da água depois que a enchente invadiu os lugares. “Mês passado eles nos comunicaram que gostariam de um diagnóstico detalhado sobre a água, devido a cheia do rio Madeira. Nossos técnicos já estão em campo fazendo as coletas das amostras que segue para estudo”, disse Herrera.
O CPRM estima que o diagnóstico sobre as reais condições da água das cidades devem estar pronto até agosto, uma vez que a análise segue para estudo no Rio de Janeiro.
Ainda de acordo com o geólogo, apenas a cheia do rio Madeira não ocasionaria a contaminação total do lençol freático de Porto Velho. O profissional ainda destaca que a vantagem da Capital é possuir o tratamento de água realizado pela Companhia de Águas e Esgoto de Rondônia (Caerd).
No entanto a estimativa é desanimadora quando se trata das reais condições dos distritos do Baixo e Médio Madeira. Nesses locais a situação está mais complicada, uma vez que as localidades só possuem poços como fonte de água e todos eles estão coberto com sedimentos trazidos pelo rio, explica Herrera.
Em Nova Mamoré água somente mineral
Mesmo com o estudo ainda em curso, o geólogo destaca que em Porto Velho as áreas dos bairros Triângulo até a Estrada de Ferro, São Sebastião e Nacional foram as mais afetadas pela cheia e também correm mais risco de doenças.
Em razão do trabalho de garimpo ter sido realizado no distrito de Araras, o secretário municipal de saúde de Nova Mamoré, Claudionor Leme da Rocha, destaca que a prefeitura está preocupada com a qualidade da água da região. “O estudo é fundamental porque a água invadiu as valas e principalmente as áreas de garimpo ne Araras e desceu para a nossa cidade, essa é nossa principal preocupação”, destacou eles.
A preocupação em relação à água é tamanha, que os moradores de Nova Mamoré estão utilizando água mineral para as necessidades fundamentais. “A Defesa Civil está disponibilizando água mineral para os moradores beberem e cozinhar. Mesmo assim ficamos preocupados porque a população utiliza água de poço para tomar banho e demais atividades”, finalizou.
Cuidados no contato com o solo
O geólogo do Serviço Geológico do Brasil, Edgar Romeo Herrera, explica que o principal problema com a enchente não é o que vem com os sedimentos junto com a água do rio, mas a eutrofização do ambiente. O fenômeno é causado pelo excesso de nutrientes (compostos químicos ricos em fósforo ou nitrogênio) numa massa de água, o que provoca aumento excessivo de algas. Uma vez que o rio inicia o processo de vazão essas algas começam a morrer, é nesse momento, segundo o geólogo, que os problemas aparecem, pois começa a juntar insetos e, principalmente, ratos. A consequência é o surgimento de doenças.
Herrera destaca que o solo das áreas alagadas está extremamente comprometido, de tal modo que o simples fato de estar nesses pontos pode ocasionar doenças na população. “As pessoas não percebem, mas só de ir na Estrada de Ferro Madeira Mamoré, por exemplo, e entrar no carro e depois entrar com o sapato em casa já era, pode ir uma bactéria ou algum elemento patogênico nos calçados. O recomendado é evitar ir nesses lugares”, explica ele.
Paulo dos Santos – Repórter do Diário da Amazônia Foto: Jota Gomes