Em Rondônia, mais de 6 mil pessoas já estão fora de casa

(Foto: DA)

Porto Velho, RO – De acordo com o Grupo de Gestão Integrada que faz o monitoramento das alagações em Rondônia, até ontem 1.336 famílias haviam sido atingidas pelas alagações em Rondônia, sendo a grande maioria na Capital e 113 em Nova Mamoré.

Com o cálculo de cinco pessoas por família, a cheia já teria atingido diretamente cerca de 6.600 pessoas. Entre os atingidos, 958 ficaram desalojadas, ou seja, tiveram que sair de suas casas e buscaram abrigos em casa de amigos ou familiares, e 378 foram remanejadas para abrigos públicos. Do bairro Triângulo, foram retirados 559 famílias, sendo 142 desalojados. Do Nacional, foram retiradas 120 famílias, do São Sebastião 95, e da Balsa 101. Na região ribeirinha, ontem já haviam sido retiradas 83 famílias de São Carlos, 83 de Nazaré, 21 de Calama, 38 de São Sebastião, oito de Boa Fé e 68 de Jacy-Paraná.

“Estamos no maior aperreio”. A queixa é do diretor do posto de saúde de São Carlos, Érico Benício Esteves. Ele informa que a “água continua subindo e muitas pessoas já tiveram que deixar suas casas”. O diretor alerta para a contaminação do poço artesiano que abastece a população. “O rio subiu e as fossas transbordaram, contaminando a água”, explica Érico Benício.

Como consequência da contaminação da água, já começaram a aparecer casos de diarreia, além de outros males como coceiras e pessoas com torcicolo e outras consequências do esforço físico extra feito durante as mudanças de casa.

Segundo Érico, que acompanha a vida dos moradores por meio do Programa de Saúde da Família (PSF), 191 famílias foram atingidas em São Carlos e comunidades circunvizinhas de Bom Serrazino, Brasileira e Terra Caída.

Estrada do Belmont virou lago

A situação também é crítica para os moradores da região do Belmont, no bairro Nacional, nas proximidades de Porto Velho. Muitos deles se recusam a sair e deixar para trás os pequenos animais de criação, móveis e eletrodomésticos. A comunidade é formada por famílias de pequeno poder aquisitivo e não quer perder os poucos pertences, conquistados com grandes sacrifícios. Em alagações ocorridas nos anos anteriores, foram registrados saques nas residências em que os ribeirinhos construíram jiraus para guardar os pertences longe do alcance da água. Com a saída dos moradores, fica fácil para pessoas mal intencionadas levar os bens deixados nas residências.

Distritos ao longo do rio madeira estão “embaixo d’água”

Na última terça-feira, uma força tarefa com cerca de 200 pessoas desceu o rio Madeira para atender os moradores do Médio e Baixo Madeira, levando itens de necessidades básicas como 600 galões de água mineral, dois mil mosqueteiros, medicamentos e outras provisões. Em São Carlos, grande parte dos moradores são funcionários públicos e têm parentes em Porto Velho, para onde foram até que as águas retornem ao leito do rio. “Na minha casa, a água já chegou no baldrame e eu vou levar meu filho e a esposa para a cidade e voltar para cá para ajudar as pessoas”, informa Érico. Já em Bom Serzinho e Brasileira, os moradores se alojaram em balsas de garimpo.

Em São Carlos, segundo ele, ainda há espaço para abrigar pessoas da própria comunidade e das circunvizinhas. “O problema é que a água continua subindo e a gente não sabe o que pode acontecer ainda”, afirma. “Em Nazaré, está todo o mundo embaixo da água”. Em toda a região foi grande a perda dos pequenos agricultores, que tiveram as suas lavouras alagadas, perdendo os meios de sobrevivência.

Mutirão

De acordo com o secretário Mário Medeiros, da secretaria municipal de Administração (Semad), um dos envolvidos na operação, a força tarefa está dividida em quatro embarcações, sendo um barco para atender o Médio Madeira, outro para São Carlos para apoiar a região de Nazaré, e um terceiro para a região de Calama. Uma quarta embarcação seguiu para o distrito de Demarcação e ficará à disposição dos moradores dos rios Machado e Preto. Ontem, o secretário aguardava relatórios sobre os trabalhos da força tarefa, assim como o levantamento de necessidades da população atingida pela cheia histórica do rio Madeira.

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