Em defesa dos índios Escola de Samba sofre ataque de empresários do Agronegóci

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O Carnavalesco Cahê Rodrigues com criança indígena no Xingú. Foto: Reprodução Facebook

Parintins (AM) – “O belo monstro rouba as terras dos seus filhos, devora as matas e seca os rios”. O trecho do samba enredo da escola de Samba Imperatriz Leopoldinense feriu e faz sangrar o setor do agronegócio brasileiro, pelo menos pelas duras manifestações contra o enredo defendido para o Carnaval do Rio de Janeiro 2017.

A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) repudiou com indignação e veemência o samba-enredo e as demais peças publicitárias divulgadas pela escola para o desfile deste ano. Em nota a entidade diz que a escola faz juízo de valor do agronegócio.

“O grupo mostra total despreparo e ignorância quanto à história brasileira e à realidade econômica e social do país”, afirma. A Sociedade Rural Brasileira (SRB), a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando e a Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador também reclamaram do tema da escola. Um programa de TV, ligado ao agronegócio, criticou até os compositores do samba.

A Fantasia Fazendeiros e seus agrotóxicos também gerou polêmica. Foto: Reprodução site da G.R.E.S Imperatriz Leopoldinense.

Em entrevista a Rádio Clube de Parintins, o carnavalesco da Imperatriz, Cahê Rodrigues explicou que os ruralistas interpretaram de forma equivocada a proposta da agremiação e desde então, segundo ele, passaram a agredir a Imperatriz. As agressões iniciaram após a divulgação de uma fantasia chamada “Fazendeiros e seus agrotóxicos”.

“A roupa representa o uso indevido do agrotóxico que mata os peixes, polui os rios e agride diretamente a vida do índio, não só dele como de qualquer ser humano”, conta.

O Enredo também gerou problema no trecho citado no inicio desta matéria. “Esse belo monstro citado no samba enredo está relacionado à hidrelétrica de Belo Monte, no Xingu. Ai o pessoal do agronegócio pegou esse pedaço do samba e direcionou como se esse monstro fosse o monstro do agronegócio que rouba as terras dos seus filhos. Não tem nada a ver com o agronegócio”, pondera.

Rodrigues revela seu desapontamento com a situação que deixa triste a equipe que trabalhou para defender e alertar sobre os riscos que ameaçam 16 etnias que resistem na reserva Indígena do Xingu.

O tema: Xingu, o Clamor que Vem da Floresta não se manifesta contra o agronegócio. “Eles vestiram a carapuça e vão se enforcar com a própria corda”, conclui o artista ao lembrar que ano passado a escola levou para a Marquês de Sapucaí o enredo que falava, justamente, sobre a vida rural brasileira em uma homenagem à música sertaneja, em especial à dupla Zezé di Camargo e Luciano.

Amazonianarede-Assessoria

 

 

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