Em Belém, Paracuri vive situação de abandono

15-09paBelém, PA – “Estamos há mais de cinco anos abandonados e entregues à própria sorte. Vivemos presos em casa, cercados de muro para a água não invadir nos dias de chuva.

Somos três idosos, obrigados a andar por cima de pontes. No banheiro ninguém pode tomar banho, temos que lavar louça na frente de casa e não podemos lavar roupas. Nossa situação a cada dia fica pior. Ninguém faz nada. Ninguém…”. As reclamações são da aposentada Maria Rita, de 70 anos, moradora da rua Andradas, no distrito de Icoaraci, em Belém.

As obras de macrodrenagem da bacia do Paracuri, iniciadas há mais de cinco anos, têm causado diversos transtornos aos moradores de Icoaraci. As ruas ao redor do canal Santa Izabel, que está sendo aterrado, são alvos de enchentes diariamente, e as casas que passam pela via estão com as paredes rachadas e são invadidas constantemente pelas águas das chuvas. Os moradores precisam andar por cima de pontes improvisadas e a conviver com diversos tipos de animais peçonhentos.

A aposentada é moradora da rua 2 de dezembro há 41 anos. Ela reclama de nunca ter vivido em uma situação tão precária depois que as obras começaram. “Moro aqui há tanto tempo e nossa situação nunca foi tão ruim. Já fizemos um muro na frente de casa e no quintal para a água não invadir mais a casa. Somos obrigados a andar sobre as pontes, nossa casa só vive cheia de água. Já pedimos providências, mas até agora ninguém nos atendeu. Minha filha vai à prefeitura e eles dizem que vão nos tirar daqui, mas isso não acontece, declarou.

Com uma renda de apenas dois salários mínimos, a aposentada divide a casa com mais dois idosos e um filho. Por não ter condições financeiras para sair do local, Maria Rita, vive constantemente com os perigos causados pela obra não acabada. “Como aparece cobra aqui e outros tipos de bichos. Nós não somos jovens, e podemos pegar doença. A caixa de esgoto não suporta mais tanta água. ninguém mais passa para o quintal, pois está totalmente alagado.

Corremos riscos com as paredes rachadas, sem falar na água de esgoto que infiltra a casa, afirmou Maria Rita.
A filha da aposentada já procurou a prefeitura mais de uma vez, porém até hoje não teve uma resposta concreta para o problema. “Eu já fui à Seurb (Secretária de Urbanismo), mas até o momento eles pedem para eu esperar. Já me deram 15 dias, e nada aconteceu. E pediram mais 15 dias. Outras pessoas já foram remanejadas, mas aqui ninguém teve uma assistência. Hoje até os bichos tem os seus direitos, mas aqui, nós não temos, ressaltou Márcia Sousa.

Os constantes alagamentos sofridos na área também resultam em outro perigo para os moradores: o aparecimento de animais como cobras e ratos. Os esgotos a céu aberto e a falta de saneamento básico são outras situações enfrentadas cotidianamente, e as enchentes dificultam até a ida de alunos às aulas na Escola de Ensino Infantil Artes e Ofício Mestre Raimundo Cardoso.

Fonte: Diário do Pará

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