Eleições: a Agenda Amazônica volta ao palco

27-01RONALDOSANTOSRonaldo Santos*

A entrada de Marina Silva na disputa, como candidata à Presidência – depois do dramático acidente em Santos-SP-, traz muitas mudanças na campanha. O tabuleiro político-eleitoral passou a ser visto diferente; as pesquisas mudaram, os eleitores também (ao menos boa parte). Mas, mudou também a lista de prioridades a serem debatidas nos embates.

Esta dose extra de “algo novo” no discurso e nos programas a serem apresentados pelos candidatos deverá, obrigatoriamente, se adaptar à nova oponente. O então candidato Eduardo Campos – embora usasse umas palavras em favor do sustentável, e fosse mais centro-conciliatório – flertava mais à direita com os empresários e com o Agronegócio (pelo menos bem mais que Marina). Não que isso seja ruim, mas há diferenças conceituais marcantes.

Primeiro porque Marina, por ser claramente favorável a uma agenda política com viés marcadamente ambiental (ou sustentável – sendo mais moderno no linguajar). Isso resulta que, no que pensa, propõe e discute deve ser igualmente acompanhado pelos dois outros candidatos. E, claro, não ficará de fora a Amazônia, berço da candidata e sempre presente em suas falas e propostas. Segundo que, pragmaticamente, a nova candidata angaria mais votos que na chapa original.

Meio Termo

Marina agrega setores da sociedade mais esclarecidos e sensíveis à agenda da inclusão, “do novo” e logicamente ao tema ambiental  e, de quebra, em favor de uma Amazônia mais “preservada”. Fato é que os jovens são, em tese, os mais influenciados nas ultimas décadas pelos temas sustentáveis e, por extensão, mais simpáticos a alguém que inclua a região em suas prioridades. As falas de Marina caem como luva.

Claro é que o discurso de todos os candidatos não coloca em oposição o meio ambiente e a economia. É um lugar comum, afinal, quem não quer perder votos, não falar mal de “A” ou de “B”. Fica-se, então no meio termo. Mas é bem mais que isso.

No papelzinho

Aécio e Dilma terão que mudar, portanto, suas falas. Se o tema Amazônia e Sustentabilidade apareciam em seus papeizinhos de falar improvisadas lá pelo rodapé, agora deverão constar, no mínimo, entre os três primeiros: na lista de Marina estará certamente entre os dois mais importantes.

E quem está mais afinado a discutir a região e o tema ambiental com mais vigor, lógica e simpatia ao que o mundo moderno pede? A rigor Marina. Lapidada à questão, vivida e amparada pelo vasto conhecimento sociocultural que tem da Amazônia, possui, em tese, mais subsídios.

Os candidatos do PT e do PSDB seguirão o que lhes indicar os assessores da área. De improviso não passam da segunda linha. Mas isso não quer dizer ganhar ou perder a eleição. Eleição, voto e campanha são bem mais complexos e não para iniciantes (incluindo este blogueiro). E, claro, não se resume a falar de tema exclusivo.

Se a nova candidata leva a eleição não se sabe. Mas, ao fim e ao cabo, revirou a agenda da campanha e trouxe a Amazônica para o centro do debate político.

*Ronaldo Santos e servidor público federal de carreira, engenheiro agrônomo e acadêmico de Direito da UFAM.

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.