Brasil – O operador Lucio Bolonha Funaro foi preso em 1º de junho de 2016 e, de lá para cá, muito se falou sobre uma possível colaboração dele. Afinal, Funaro já tinha feito delação na época do mensalão.
E sempre foi muito próximo do ex-deputado Eduardo Cunha, do PMDB, preso em Curitiba, e do empresário Joesley Batista, dono da JBS, e que já fez acordo de delação. Os investigadores tinham uma grande expectativa sobre o que o doleiro poderia revelar.
Nesta terça-feira (22), depois de meses de negociação e de uma reunião que na segunda-feira (21) foi até a meia-noite, Funaro assinou com o Ministério Público Federal um acordo de colaboração premiada.
Ele apresentou os anexos, a lista de assuntos de que pretende falar e já começou a prestar os depoimentos nesta terça. Como Funaro pretende apontar o envolvimento de políticos com foro privilegiado, a homologação do acordo caberá ao Supremo Tribunal Federal.
Aos investigadores, o operador prometeu entregar provas e descrever detalhes de esquemas de corrupção do grupo que ficou conhecido como PMDB da Câmara, que incluía o ex-deputado Eduardo Cunha e o ex-ministro Geddel Vieira Lima, ambos presos pela Lava Jato.
As investigações apontam que Funaro foi uma espécie de operador financeiro desses dois políticos, ajudando a executar os crimes que incluíam repasses de dinheiro durante campanhas eleitorais.
Em depoimento à Polícia Federal há algumas semanas, Funaro contou que “fez várias viagens em seu avião ou em voos fretados para entregar malas de dinheiro diretamente nas mãos de Geddel Vieira Lima”.
Funaro também falou da pressão que ele diz que Geddel fez sobre sua esposa, Raquel Pitta, com seguidos telefonemas para sondar a disposição do marido em fazer uma delação premiada.
As revelações de Lucio Funaro devem abrir caminho para novas investigações e também podem ser utilizadas na denúncia que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pretende apresentar antes do fim do seu mandato, em meados de setembro, contra o presidente Michel Temer por obstrução de justiça e organização criminosa.
O que dizem os citados
A defesa de Geddel Vieira Lima afirmou que declarações feitas na delação nunca serão comprovadas porque não são verdadeiras; que delação não constitui prova; que o delator pode se entregar à ficção em busca de redução de pena; e que os supostos beneficiários do esquema afirmaram que nunca fizeram pagamento a Geddel.
O Palácio do Planalto, o PMDB e a defesa do ex-deputado Eduardo Cunha não quiseram comentar.
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