Tocantins – A presidente Dilma Rousseff foi vaiada durante a cerimônia de abertura dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, em Palmas, na noite desta sexta-feira (23). Ao ser anunciada pelo líder indígena Marcos Terena, a arena foi tomada por uma mescla de gritos de “Brasil” e vaias.
Na arena verde, era possível ver indígenas com cartazes contrários a PEC 215, um projeto de emenda constitucional que dificultará a demarcação de terras indígenas, passando a decisão do Ministério da Justiça para o Congresso Nacional. A PEC deveria ter sido votada em uma Comissão da Câmara nessa quinta, mas a reunião foi adiada.
Ao falar ao público, um líder indígena que estava no palco aproveitou o microfone para mandar dois recados à presidente: “Está havendo uma discussão da PEC 215 que a nossa nação não quer que seja aprovada, pois ela acabará com a Funai (Fundação Nacional do Índio) e com os povos indígenas.
O outro recado é que nossos irmãos guarani-kaiowá estão sendo dizimados e ameaçados de todos os lados. Então, gostaríamos que a senhora inverviesse e brecasse essa preocupação que nós temos”.
Logo depois, Terena repreendeu quem vaiou a presidente: “Aqui não é comício. O índio não tem o costume de vaiar. Aqui nós respeitamos as autoridades, por exemplo. Quando começar ano que vem, pode vaiar. Mas aqui é celebração”.
Manifestação
Antes do início do evento, cerca de 70 indígenas protestaram contra a PEC 215 e contra a ministra da Agricultura, Kátia Abreu. Apesar de ter vindo à capital do Tocantins para participar da abertura dos jogos, Dilma dedicou parte da sua agenda a um encontro com empresários do agronegócio da região conhecida como Matopiba.
Os Jogos Mundiais Indígenas ocorrem em Tocantins até o dia 1º de novembro e reunirão mais de 2.000 atletas indígenas de 30 países. Além de etnias do Brasil e das Américas, povos da Nova Zelândia, Congo, Mongólia, Rússia e Filipinas participarão da competição, que tem esportes tradicionais e modalidades indígenas, entre elas corrida de toras, arco e flecha e arremesso de lança.
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