Descaso castiga moradores em Santarém (PA)

03-09descasoSantarém, PA – Décima pior cidade brasileira no quesito saneamento básico – 91º lugar em ranking recentemente divulgado com as 100 maiores cidades brasileiras pelo Instituto Trata Brasil -, Santarém reclama da sua falta de infraestrutura.

A equipe DIÁRIO visitou ruas com sérios problemas e registrou o descontentamento da população.

O bairro Nova República, nas proximidades da BR-163, já foi considerado bairro modelo. Hoje, parte das vias não tem infraestrutura, principalmente esgoto, que fica a céu aberto, causando riscos para saúde dos moradores, além de acidentes.

Maria Gonçalves mora há 16 anos no Nova República. Sua casa fica na travessa 24, quase cruzamento com a principal via, a rua Tancredo Neves. Lá o esgoto aberto corta a rua, dificultando a passagem de veículos e pedestres. “Um dia meu sobrinho caiu da moto ao tentar passar e quase quebrou a perna, passou uma semana sem trabalhar”, lembra.

A equipe do DIÁRIO acompanhou as dificuldades de um caminhão que mal conseguia passar nas redondezas. Do mesmo modo se observou as dificuldades de outros condutores e ciclistas.

De repente, um rapaz chama Maria. Pede um copo com água para um idoso, que se acidentou no esgoto. “Sempre caem pessoas nesse local. Motos também”.

A moradora atesta: são anos nessa situação, e anos de promessas de autoridades políticas. “Muita coisa já foi prometida, mas nada feito até agora”, lamentou

As reclamações são diversas: “Poeira, buraco, os carros quebram [amortecedores]. Até o carro do meu filho já se danificou várias vezes aqui”, diz Maria.

SEMPRE RUIM, FAÇA CHUVA OU SOL

No período chuvoso o problema se agrava. A rua alaga, pois faltam galerias. No verão o incômodo é a poeira. A moradora conta que nessa época do ano as famílias da comunidade sofrem com casos de doenças respiratórias.

Mais à frente na travessa 19, lama. As águas paradas na rua se misturam com o mato alto, além do esgoto a céu aberto. Mais riscos para transeuntes, principalmente à noite.

O morador Raimundo Nogueira, 58, vive há 22 anos no bairro Nova República, na travessa 19. Sua casa de madeira parece uma palafita: é elevada como se morasse sobre um rio. E é assim justamente porque a rua se transforma em um rio quando chove. As residências são sempre alagadas.

“Certa vez fomos acordados uma hora da manhã para socorrer a vizinha com um bebê, por que iam morrer afogados. A água da chuva invadiu bastante a residência e se elevou”, lembra o morador.

Raimundo conta que este ano o inverno causou vários transtornos e trouxe surpresas. Debaixo do assoalho de sua casa apareceu um jacaré e uma cobra de dois metros. “Acredito que a cobra tenha vindo da serra do Saubal, por causa da enxurrada”, conta.

Nas proximidades de sua residência os terrenos baldios abrigam o resultado da falta de educação da população: pessoas jogam detritos, a prefeitura não recolhe e um lixão a céu aberto se criou , proliferando ratos e tornando-se um risco para saúde pública.

No bairro Jaderlândia, na periferia de Santarém, às proximidades rodovia estadual PA-370, a falta de saneamento básico também é visível. Para dificultar a situação, as vias também não são pavimentadas.

A moradora Fátima Andrade, 59, vive há mais de 20 anos no bairro, mas sempre teve esperança de algo melhor no local. Segundo ela, a chegada do período chuvoso é uma grande preocupação. As águas da chuva também alagam as residências por lá. “Agora está melhor, por que consegui construir minha casa em alvenaria. O piso está bem alto para não entrar água da chuva”, contou.

Quando chove, pontes de madeira são colocadas entre a rua e as residências para que os moradores consigam trafegar. “Fica um rio, horrível’”, reclama.

SÓ NO PAPEL

A Coordenadoria de Saneamento Básico de Santarém informou que há projetos para mudar a realidade do município quanto ao saneamento básico, e que mais recursos serão capitaneados para atender a cidade ao máximo.

Quanto à situação de infraestrutura das vias, a assessoria de comunicação da Secretaria de Infraestrutura de Santarém ficou de enviar uma nota, pela manhã, mas até o fechamento desta matéria não deu resposta ao Diário.

Fonte: Diário do Pará

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