Barsil – Delatores afirmaram em depoimentos a investigadores da Operação Lava Jato que o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) recebeu pessoalmente dinheiro vivo resultante do esquema de corrupção na Petrobras – a TV Globo teve acesso ao teor dos depoimentos.
Antes de o dinheiro chegar às mãos do ex-presidente da República, afirmaram esses delatores, a quantia teria circulado em um carro-forte de uma empresa de valores e em carros blindados.
Segundo esses depoimentos, Collor foi destinatário de propina referente a um acordo que envolveu a BR Distribuidora para beneficiar uma rede de postos – a Aster, de propriedade do empresário Carlos Alberto Santiago, em cujo escritório a Polícia Federal apreendeu R$ 3,6 milhões nesta semana.
De acordo com os delatores, o principal articulador do acordo que teria resultado em propina para dirigentes da BR e para o próprio senador do PTB foi Pedro Paulo Leoni Ramos, ministro de Assuntos Estratégicos do governo Collor.
O G1 procurou o gabinete do senador Fernando Collor e também o ex-ministro Pedro Paulo Leoni Ramos, mas não conseguiu ouvi-los até a última atualização desta reportagem.
As informações se basearam nas buscas realizadas na última terça-feira (14) pela Polícia Federal em diversos estados e que envolveram políticos na Operação Politeia. Ao todo foram cumpridos 53 mandados de busca e apreensão que se referem a seis políticos investigados no Supremo Tribunal Federal.
Os dados repassados pelos delatores ainda estão sendo investigados na Lava Jato – o acordo firmado por eles prevê redução de pena em troca de narrar fatos que possam colaborar para investigações – há possibilidade de anulação em caso de mentira.
O doleiro Alberto Youssef narrou, no depoimento, que foi procurado por Pedro Paulo Leoni Ramos para lavar dinheiro desviado da BR Distribuidora e que participou do acordo milionário para que a rede Aster passasse a ter a bandeira da BR.
Além de comissão para diretores da BR – que também foram alvos de buscas nesta semana – houve, segundo o doleiro, pagamento de propina a Pedro Paulo e Collor. Ele relatou que uma parte da quantia foi entregue nas mãos do senador.
Entregador do doleiro, Rafael Ângulo disse que entregou dinheiro vivo a Collor no apartamento dele, em São Paulo – R$ 60 mil em notas de R$ 100. E que chegou a pagar faturas do cartão de crédito do ex-ministro de Collor. A mando de Youssef, o entregador contou que usou carro blindado para buscar dinheiro no posto de Carlos Alberto Santiago. O dinheiro chegou num carro-forte, contou Ângulo aos investigadores.
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