Cresce a criação de quelônios nos arredores de Manaus

A fazendo 'Bicho do Rio'' é um dos 40 criadouros existentes nos arredores de Manaus e que já estão produzindo
A fazendo 'Bicho do Rio'' é um dos 40 criadouros existentes nos arredores de Manaus e que já estão produzindo
A fazendo ‘Bicho do Rio’ é um dos 40 criadouros existentes nos arredores de Manaus e que já estão produzindo

Amazonas – O Projeto Pé-de-Pincha, que tem o apoio da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e patrocínio da Petrobras, tem servido de modelo para o crescimento da criação de quelônios nos arredores de Manaus. Funcionários que trabalham ou trabalharam no Pé-de-Pincha dão consultorias nas fazendas onde quelônios são criados para a comercialização. Hoje, existem 80 criadores registrados oficialmente, mas somente 40, já estão comercializando, e 20, reproduzindo em cativeiro (tanques escavados).

A equipe do BlogdaFlorestas foi visitar uma dessas fazendas que reproduz e comercializa esses animais, para entender como é feito o manejo.

Seu Vasco é o proprietário da Bicho do Rio
Seu Vasco é o proprietário da Bicho do Rio

Na fazenda “Bicho do Rio”, localizada na estrada AM 70, Km 27, município de Iranduba, a criação desses animais está indo de vento em popa. A fazenda pertence ao senhor José Silva de Vasconcelos, maranhense de nascimento, mas amazonense por opção – conhecido como seu Vasco, apesar de ser flamenguista -, que tem aproximadamente 16 mil animais, distribuídos em vários tanques, que na realidade são verdadeiros lagos artificiais usados nas várias fases exigidas para a criação e reprodução de quelônios.

20150701_103617Na área de reprodução dos animais, uma praia artificial se faz necessária para poder haver a desova, tal como acontece na natureza, só que numa escala menor. Todos os ovos postos serão coletados e levados para outra praia, também artificial, que servirá como chocadeira e as covas serão todas monitoradas até a eclosão, que é o nascimento dos quelônios, isso é o começo, no caso de reprodução em cativeiro.

Devido a praia ter um espaço reduzido há muita incidência de formigas e outros predadores naturais, logo, esses recém-saídos dos ovos são levados para uma caixa com areia até o umbigo desaparecer, ou seja, serem absorvidos por seus organismos e posteriormente serem colocados numa outra caixa de dez mil litros d’água justamente para facilitar no manejo, em relação a conferência e alimentação. Depois dessas fases iniciais, eles são colocados no berçário, sendo alimentados por um período de oito a dez meses.

Em seguida são transferidos para os tanques de engorda, onde passarão o tempo necessário atingirem o crescimento ideal, chegando ao peso e tamanho certo para a comercialização.

20150701_143454Para o Engenheiro de Pesca, Hugo Ricardo Bezerra, que trabalha nessa fazenda, hoje em dia a maior dificuldade na quelonicultura seria a instalação para reprodução, porque são animais diferenciados e que precisam de uma alimentação correta para poderem ter condições de se reproduzirem, bem como condição posterior de postura.

“É uma instalação que requer uma praia artificial e que deve ser pelo menos de um metro e vinte acima da lamina d’água, e durante o período de postura a gente faz o monitoramento dessa praia, assim como acontece nas áreas naturais onde o projeto Pé-de-Pincha realiza a mesma atividade, e a gente realiza aqui no criadouro também, só que numa escala bem menor”, explica o Engenheiro.

projeto-pe-de-pincha-blogdafloresta_4Muitas pessoas imaginam que são necessários muitos anos para que um animal assim esteja pronto para o consumo, mas não é verdade. No criadouro, por terem uma alimentação precisa, eles crescem mais rápido que na natureza, apesar de ainda não existir uma alimentação especifica, pois são alimentados com ração de peixes e resíduos de fruticultura, como acontece na Fazenda “Bicho do Rio”. Lá eles completam a alimentação com o excedente da criação de peixes  e do plantio de frutas, mantendo também o controle sobre restos de alimentos conseguidos em Manaus.

Os quelônios ficam nos "berçários" entre 8 e 10 meses
Os quelônios ficam nos “berçários” entre 8 e 10 meses

A quelonicultura é regulamentada por lei, no caso a Instrução Normativa 169 que regulamenta a atividade. Nessa IN consta que os animais só podem ser comercializados a partir de 1 quilo e meio, porém para um produtor não compensa vender os animais nessa faixa, até porque o mercado não absorve, pois o tamanho é reduzido. Um animal no criadouro – bem alimentado, bem manejado nos tanques de engorda – no prazo de um ano e meio, atinge um peso de 2 quilos e meio à 3 quilos, que já tem mercado, e, lógico, é economicamente viável para o produtor.

Na Fazenda “Bicho do Rio para que isso aconteça de uma forma satisfatória, os quelônios passam por três etapas para chegarem ao peso e tamanho ideal de comercialização: tanques de engorda 01, 02, e 03. Depois que o animal sai do berçário, vai pra engorda 01 atingindo a faixa de 03 quilos e meio, e logo são transferidos para a engorda 02 chegando a 05 quilos, e, finalmente a engorda 03, os animais atingem o patamar de 08 quilos. O preço funciona da seguinte maneira: para a compra na fazenda, o preço por quilo sai por 25 reais, e nas feiras o preço é 28 reais o quilo.

20150701_143555Dentro dessa esfera de reprodução, ainda há, a preocupação da escolha de novas matrizes, onde são escolhidos os animais apropriados, para futuramente, substituir as mais antigas.

Seu José Silva Vasconcelos, proprietário da “Fazenda Bicho do Rio”, falou que não dá trabalho criar tartarugas, se fizer pelos tramites legais; tudo formalizado.

O grande problema, hoje, é que o IBAMA doava filhotes e hoje não mais. “Temos que fazer parcerias com quem produz, mas hoje nós já temos aqui na fazenda, reprodução de filhotes para repassar pra outros criadores, quanto ao resto é como uma piscicultura normal”, disse. Segundo seu Vasco o tempo para se ter lucro é a médio prazo, porque ele, em relação ao crescimento responde bem em cativeiro.

“Não é um lucro muito rápido igualmente ao do peixe, mas depois de três anos você criando, você faz planteis, que no final, a convenção alimentar vai dá igual a do tambaqui, porque tá confinado, tá comendo; o bicho com três anos tá com cinco, seis quilos, então a condição é mais ou menos igual com a do peixe”, frisou.

20150701_110325Fazem 19 anos que seu Vasco cria tartaruga, tracajá e Iaçá, mas somente tem a disposição pra venda a tartaruga. Hoje suas reprodutoras, ainda são do lote inicial de filhotes, doados pelo IBAMA, em 1997, que com oito anos já começaram a reproduzir, e, na atualidade, existe na propriedade uma produção razoável. (

Amazonianarede-BlogdaFlorests -Texto e Fotos: David Almeida)

 

1 COMENTÁRIO

  1. Olá, seria possível a aquisição de alguns filhotes de tartarugas para fins como animal de estimação? Como eu faria para compra-los? Obrigado!

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