S. Paulo A vantagem representa bem a diferença técnica entre as duas equipes, mas não o que foi o jogo. Embora saia do Itaquerão com um placar elástico, que lhe permite perder por até três gols de diferença no jogo de volta, na Colômbia, o Corinthians sofreu
Entre a expulsão de Guerrero, na metade do primeiro tempo, e o gol marcado por Felipe, aos 9 do segundo, o Once Caldas pressionou e ameaçou a vitória do Corinthians. Na base da superação e do talento individual, o time brasileiro contornou a pressão rival, impôs seu melhor jogo e conseguiu golear. Agora, a fase de grupos contra São Paulo, San Lorenzo e Danubio é apenas uma formalidade e a queda diante do Tolima, em 2011, só um fantasma.
Fases do jogo: O Corinthians não podia imaginar um início melhor no jogo, com o golaço de Sheik com menos de um minuto. O lance deveria dar calma e pavimentar o caminho de uma vitória supostamente tranquila, mas passou longe disso.
Mesmo antes de Guerrero ser expulso, o Once Caldas levou perigo, especialmente pelo alto e em cima do zagueiro Felipe. Foram pelo menos dois lances de apuro para o torcedor, sendo que em um deles a bola foi parar no fundo do gol. Aos 19 minutos, Ralf desviou para a própria meta após uma cobrança de falta da esquerda, mas o árbitro anulou o lance alegando impedimento de dois atacantes colombianos, decisão que revoltou os visitantes.
Aos 26 minutos, a coisa complicou de vez. Em uma disputa pelo alto na intermediária, Perez fez falta e irritou Guerrero, que deixou o braço no rosto do rival depois que o lance já estava parado. O árbitro viu, julgou que o peruano agrediu o rival e o expulsou de campo, dando apenas um amarelo para o jogador do Once Caldas.
Os colombianos avançaram, tiraram os brasileiros do sério e desmontaram a defesa corintiana. Nem o intervalo resolvia. No segundo tempo, Penco perdeu uma chance debaixo da trave, em uma falha individual de Fábio Santos.
Quem salvou o Corinthians, então, foi Felipe. Herói improvável, questionado pela torcida, o zagueiro foi ao ataque em uma cobrança de escanteio e fez, de cabeça, o gol que deu tranquilidade ao time da casa quando o Once Caldas dominava o confronto.
Daí em diante, quem mandou foi o Corinthians, que ainda se beneficiou da expulsão de Murillo. Em dois lances geniais de Renato Augusto, Elias, aos 25 minutos, e Fagner, aos 33 minutos, transformaram a vitória apertada em goleada. Grata, a torcida cantou olé e saudou o time até o apito final, em uma enorme festa no Itaquerão.
Melhor: Emerson Sheik. O camisa 11 parece talhado para jogar Libertadores pelo Corinthians. De volta após brigas, litígios e um empréstimo mal sucedido, o herói do título de 2012 demorou 30 segundos para fazer um golaço. Nos momentos mais duros, foi a melhor arma ofensiva do time. Seu melhor coadjuvante, que merece menção honrosa, foi Renato Augusto, com duas lindas assistências.
Pior: Guerrero. Ainda que a expulsão seja discutível, a torcida esperava mais do seu principal jogador em 2014, o experiente herói do Mundial de Clubes. Em um lance bobo, no meio-campo, o peruano reagiu a uma provocação de forma intempestiva e permitiu que o juiz o mandasse mais cedo para o vestiário, atrapalhando os planos de Tite e companhia para a partida.
Chaves do jogo: Gols nos momentos certos. O primeiro, de Emerson, tirou a enorme pressão que estava nas costas do Corinthians no início do jogo. O de Felipe, no segundo tempo, deu um respiro ao time quando o Once Caldas dominava a partida com um a mais por conta da expulsão de Guerrero.
Toque dos técnicos: Sem seu centroavante, Tite teve de mudar tudo no meio do jogo. Sem mexer no time, o técnico armou uma linha de quatro no meio-campo e improvisou Renato Augusto como pivô. Os visitantes, por sua vez, apostaram contra a linha de impedimento de Gil e Felipe e passaram perto de vencer a batalha em lances pelo alto. No fim, Tite saiu-se bem melhor.
Para lembrar: Velho conhecido: Guerrero tem uma história antiga com o juiz do jogo desta quarta, que o expulsou antes do intervalo. Em um jogo válido pelas Eliminatórias para a Copa de 2014 entre Peru e Uruguai, o atacante foi atingido no rosto, cortou o supercílio e teve de jogar sangrando, mas o juiz não expulsou o agressor, o volante Walter Gargano.
Petros fora: Titular em boa parte de 2014, o meia está sem espaço com Tite e foi o assunto de uma briga quente entre Edu Gaspar, gerente do clube, e Fernando Garcia, seu empresário, relatada pelo UOL Esporte. Nesta quarta, ele ficou fora do jogo decisivo, barrado até do banco.
Heróis improváveis: Os quatro autores dos gols do Corinthians nesta quarta são, justamente, os titulares mais questionados pela torcida. Felipe, instável na marcação, lidera a lista com folga. Fagner, falho na marcação; Elias, fora de forma desde seu retorno; e Emerson Sheik, visto com ressalvas depois de um 2014 turbulento, deram a volta por cima no jogo decisivo.
Amazonianarede-Folhapress
