Chacina de Urso Branco: Famílias esperam justiça

Wilson Pereira Feitosa – mais conhecido como Japinha – morreu em 2002, durante o massacre no Presídio Dr. José Mário Alves da Silva (Urso Branco). Na época ele tinha 23 anos e foi assassinado com mais de 30 perfurações de chuchos (arma produzida de forma artesanal), além de ter sido espancado e ter um dos braços quebrados durante a rebelião.

O jovem estava entre os 27 detentos que morreram na chacina, vítimas dos golpes de chuchos, alguns tiveram as cabeças decepadas, pernas e braços mutilados. Outros foram expostos na Caixa D´água do presídio. Passados 11 anos, a mãe e a irmã de de Japinha confortam os corações dos familiares dos presos que foram assassinados em 2004, e declaram que irão acompanhar o julgamento dos acusados pelos crimes na próxima semana, no Fórum Criminal da Justiça em Porto Velho.

Segundo a mãe de Japinha, Virgília Pereira Feitosa, o julgamento dos apontados pela morte do filho é um momento que ela prefere esquecer, “pois ele não vai mais voltar com vida para casa”, lamenta a mãe. Dona Virgília, porém, avisa aos familiares que o fato da Justiça condenar os acusados conforta o coração. “Demorou, mais foi feita a Justiça. É um filho que perdemos, não vai voltar mais para casa. A gente sente saudade, não podemos fazer nada. Me senti aliviada quando os acusados foram julgados e condenados”, conta Virgília.

Primeiro Julgamento

Em 2010, a Justiça condenou Michel Alves das Chagas, conhecido como “Chimalé”, pelo assassinato das 27 pessoas no presídio Urso Branco, chacina ocorrida em 2002. Ele teve a pena base definida em 18 anos, multiplicado pelos número de vítimas, que resultou na condenação definitiva de 486 anos de prisão em regime fechado. Anselmo Garcia de Almeida, chamado de Fininho, teve a pena calcula em 16 anos e seis meses de reclusão por cada morte, num total de 445 anos e seis meses de prisão em regime fechado. A dupla é acusada de serem os mandantes das mortes.

Ainda segundo Virgília, o filho sempre teve o temperamento muito agitado, desde de criança. Ela conta que o jovem era muito estudioso, mas no início da adolescência começou a trocar os amigos de escola, pelas “más companhias”. “Ele sempre gostou de ir para o colégio, desde de pequeno.Mais de uma hora para outra passou a deixar os colegas da escola e andar com outros jovens, também começou a beber e assim perdemos o controle dele”, explicou a mãe.

Prisão

Virgília Pereira lembra que mesmo com todos os problemas com as bebidas, Wilson nunca tinha sido encaminhado para um presídio. Ele foi enviado para o Urso Branco depois que chegou bêbado em casa e começou agredir o pai. Ao presenciar a cena, o filho mais velho ligou para a Polícia e ele foi preso. “Ele tinha bebido a noite toda e chegou em casa muito alcoolizado e meu menino viu ele empurrando pai, que estava doente. Nesse momento ele ligou para a Polícia e solicitou que levassem o irmão”, disse a mãe.

Morte

A irmã de Japinha, Wilma Pereira Feitosa, diz que as famílias dos detentos assassinados em 2004 – e que serão julgados nesta semana – devem acompanhar o caso. Ela pede calma, pois a Justiça não irá falhar. “Demora, mas nunca falha. Eles podem ter certeza que o júri vai determinar a pena certa para cada um dos assassinos”, destacou.

Ela afirma que em razão de ser apegada ao irmão, passou mal quando soube da morte. Ela conta que ele foi preso alguns dias antes da rebelião e não chegou a completar um mês no local. “Foi um baque. A gente nunca espera que aconteça com alguém da nossa família. Foi tudo muito rápido, ele entrou no presídio e alguns dias depois aconteceu a rebelião. As mortes começaram a ser anunciadas pela imprensa e em seguida meu pai recebeu a informação que ele estava entre os mortos”, afirmou Wilma.

Ela lembra que o irmão ligou para casa antes de morrer e pediu R$ 100 para a família, mas não explicou o motivo. Segundo ela, a verba era exigência para ele ser retirado de uma área perigosa para um local mais seguro, mas devido o dinheiro não ser enviado, dias depois receberam a informação que ele estava morto. A ligação foi o último contato da família com Wilson Pereira Feitosa.

Serviço:

Os julgamentos dos nove principais acusados das 12 mortes no presídio Urso Branco, ocorridas em 2004 começa nesta segunda-feira e deve seguir até a sexta-feira. Abaixo a relação dos dias, horários e nome dos acusados.

GRUPO I
Dia 19 de agosto, às 8h30
1.José Raimundo de Jesus dos Santos, preso em Ariquemes/RO;
2.Marcio Viana da Silva, preso em Rolim de Moura/RO;
3.Raimundo Batista Valente, Preso na Colônia Penal, em Porto Velho.

GRUPO II
Dia 21 de agosto, às 8h30
1.Paulo Ricardo Pereira, réu que foi intimado e será julgado à revelia.;
2.Jorge Quirino Barbosa, preso no Urso Banco, em Porto Velho/RO;
3.Rubson da Silva Furtado, solto.

GRUPO III
Dia 23 de agosto, às 8h30
1.Genival Batista de Oliveira, preso em Campo Grande/MS;
2.Francisco Xavier Pinheiro, preso em Campo Grande/MS;
3.Jair Rocha de Matos Sousa, preso em Recife/PE.

(Fonte: Diário da Amazônia)

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