Manaus – Terminou, às 23h05 desta terça (9), o debate promovido pela TV EM TEMPO, com o último bloco dedicado às considerações finais dos cinco candidatos participantes do programa.
O clima do segundo debate televisionado entre os candidatos ao governo do Amazonas, veiculado pela emissora do Grupo Raman Neves de Comunicação, a partir das 21h15 de terça-feira, foi marcado pelo confronto, nem sempre cavalheiresco.
E, diferente do que se poderia esperar, o pugilato verbal não se limitou à polarização entre os candidatos mais cotados nas pesquisas eleitorais – o senador Eduardo Braga (PMDB) e o governador José Melo (Pros).
Correndo por fora e na tentativa constante de colar sua imagem à presidenciável e correligionária Marina Silva (PSB) – inclusive, chegando à emissora de bicicleta, para reforçar o discurso ambientalista –, Marcelo Ramos não perdeu a chance de alfinetar os dois.
No intuito de quebrar a polarização entre os dois ex-aliados e reforçar o discurso de “candidato da renovação”, o deputado estadual chegou a chamar os dois políticos de “irmãos siameses” não deixou de lembrar que ambos já participaram do mesmo governo de do mesmo grupo político e classificou a disputa como “patética”.
De forma geral, foi o político que passou mais desenvoltura durante suas falas.
Conciliador na maior parte do tempo, o também deputado estadual Chico Preto (PMN) esboçou uma tentativa de quebrar essa polarização no terceiro bloco, ao mirar Melo e dizer que as viaturas compradas recentemente “sumiram” misteriosamente. Chegou a desafiar o governador a colocar todos os veículos no Sambódromo de Manaus e mostra-los à população.
Cada um a sua vez, e da sua forma, os políticos do PMDB e do Pros responderam às provocações dos candidatos emergentes. Melo se disse indignado e surpreso com o ataque do parlamentar do PMN, mas não respondeu no mesmo tom.
‘Bateu, levou’
Braga, por outro lado, escolheu o ‘bateu, levou’, ao lembrar que Ramos “acabou” com o transporte público de Manaus, durante sua participação na gestão municipal do ex-prefeito e correligionário, Serafim Corrêa (2005/2008).
O peemedebista também foi o único autor de um direito de resposta durante o programa, ao ser provocado por Marcelo Ramos. O deputado estadual disse que o senador tinha muita “competência de gestão”, ao administrar uma fortuna pessoal de R$ 30 milhões. Sem questionar o número, o politico garantiu que seu patrimônio era fruto de trabalho e disse que suas origens são humildes.
Eduardo Braga seguiu na estratégia de destacar realizações de sua gestão estadual e, assim como em ocasiões anteriores, não deixou de destacar a recente aprovação da PEC da ZFM como trunfo de sua atuação no Senado.
Destoante do tom adotado pela concorrência, José Melo preferiu a sobriedade e apresentação de propostas, mas acabou sendo alvo da maior parte dos ataques, seja de ex-aliados, seja de neo-oponentes.
Perdeu, no entanto, oportunidades de ser mais assertivo, expor mais realizações de sua gestão ou mesmo de reagir com mais veemência aos ataques.
Em diversos momentos, passou impressão de insegurança ao telespectador. Indagado sobre a justificativa de sua candidatura, no primeiro bloco do programa, disse que “quatro anos é pouco tempo” para implementar seus projetos.
‘Candidato da mudança’
Abel Alves (PSOL), por sua vez, adotou o discurso de defesa das tradições populares e regionais do Amazonas e mais de uma vez reforçou suas origens como homem do interior – o candidato é natural de Tefé (a 523 quilômetros de Manaus).
Também tentou se apresentar como o “candidato da mudança” e alfinetar as duas coligações que representam as gestões estaduais anteriores, mas a falta de domínio do tempo em debates na TV naufragou as intenções do político.
Além da segurança pública e da saúde, dois temas caros nas praças eleitorais de todo o território nacional – e, em grande parte, pivô das manifestações de junho de 2013 –, outro tema que se sobressaiu na pauta do debate foi o desafio de desenvolver o interior, em especial no atual momento pós-aprovação da PEC da Zona Franca.
Destacaram-se, no entanto, a ausência de propostas de política públicas para temas vitais – e verdadeiros calvários – para a população, em especial a da capital: abastecimento e mobilidade urbana.
Por Marco Dassori (EM TEMPO Online)
